Alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), e da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), da Polícia Civil, Bernardo Bello tem uma vida em que mistura bens de luxo, usados para esconder a origem ilícita de sua riqueza, e crimes que vão da contravenção a execuções de inimigos.
Numa denúncia do Gaeco, são mencionados uma lancha, uma moto aquática, duas caminhonetes e cinco imóveis espalhados pelo Estado do Rio — entre sítios, mansões e apartamentos em condomínios de luxo — que teriam sido adquiridos ou vendidos por Bello para lavar dinheiro.
Um dos bens mais valiosos do bicheiro, de acordo com a investigação, é uma mansão num condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital. A residência — com piscina, academia particular, campo de futebol society e repleta de obras de arte em seu interior — é avaliada em cerca de R$ 10 milhões. Para se ter uma ideia da suntuosidade do local, só uma dupla de leões de bronze localizada ao lado da porta de entrada foi comprado por Bello por 7 mil dólares num antiquário em Nova York.
O imóvel foi adquirido por Bello numa permuta com Emerson Sheik, em que o ex-jogador ficou com um apartamento. O MP descobriu que Sheik recebeu R$ 473,5 mil do bicheiro em transações que envolveram dinheiro em espécie para concretizar o negócio. Sheik foi denunciado, e responde ao processo em liberdade.
Mortes de rival e de desafeto
Uma disputa por pontos de contravenção na Zona Sul do Rio é apontada como o motivo de Bernardo Bello ter tramado a morte do bicheiro Alcebíades Paes Garcia, o Bid, de acordo com a investigação do assassinato. Por causa desse crime, o contraventor chegou a ser preso na Colômbia, em janeiro de 2022. Em maio do mesmo ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um habeas corpus a Bello para que ele responda ao processo em liberdade.
Agora, o nome do contraventor foi associado à execução do advogado Carlos Daniel Dias. De acordo com as investigações, ele se tornou alvo de Bello por ter orientado um desafeto de Allan Diego Magalhães Aguiar, braço financeiro da organização criminosa do bicheiro, a procurar uma delegacia para fazer um registro de ocorrência.
Carlos Daniel foi contratado como advogado por Marcello Magalhães. Ele tinha uma sociedade com Allan, mas os dois brigaram. Allan, ao saber da orientação dada por Carlos Daniel, com o apoio de Bello, mandou matar o ex-sócio.
Intimado por telefone
Bello está foragido desde novembro do ano passado. Em março deste ano, ele foi intimado, por ligação no celular, para comparecer a uma audiência na 1ª Vara Criminal do Rio num processo no qual é réu por seu mentor intelectual da morte de Bid. O oficial de Justiça responsável ligou para bicheiro, que atendeu a chamada e foi informado sobre a sessão. Depois, mandou mensagens pelo WhatsApp, reforçando os dados sobre a audiência.
O oficial de Justiça comunicou sobre a intimação no processo e anexou prints das mensagens para Bello, que apenas respondeu “Boa tarde”. Bello responde pela morte de Bid em liberdade, mas é considerado foragido em outro processo, no qual é acusado de ser um dos chefes da contravenção no Rio. Bid era irmão do ex-sogro de Bello, o também contraventor Waldemir Paes Garcia, o Maninho.
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