Operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil prendeu três pessoas como parte das investigações do assassinato do advogado Carlos Daniel Dias, ocorrido em maio de 2022, no bairro do Cafubá, na Região Oceânica de Niterói. Ao todo foram expedidos seis mandados de prisão. Entre os alvos da operação, que recebeu o nome Às de Ouros II, está o contraventor Bernardo Bello. De acordo com as investigações, Bernardo e o braço financeiro da organização criminosa do bicheiro, Allan Diego Magalhães Aguiar, um dos presos na manhã desta quinta-feira, foram os mandantes do crime. Também foram presos Marcelo Magalhães (ex-sócio de Alan numa empresa do ramo de alimentação) e o agente penitenciário Wallace Perera Mendes. Ambos, segundo as investigações, participaram do planejamento do crime.
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Além das prisões, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, nos bairros de Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá, Olaria, Penha, Piedade e Quintino Bocaiúva. Os policiais apreenderam armas, dinheiro e automóveis na operação.
A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ em conjunto com a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ). Ela, como o nome indica, é uma sequência da Ás de Ouros I, que identificou e prendeu os executores do crime um mês após o assassinato do advogado. São eles: Rodrigo Coutinho Palomé da Silva, autor dos disparos, e Isaquiel Geovani Fraga, que pilotava a motocicleta usada durante a abordagem à vítima.
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De acordo com as investigações, Allan e Marcello Magalhães eram sócios em uma empresa especializada em vender kits para churrasco. Após uma divergência, Allan expulsou o sócio e a esposa dele do negócio, com a ajuda de um bando armado. Marcello, então, decidiu entrar na Justiça e procurou o advogado Carlos Daniel. Após tentativas de conciliação frustradas, o advogado aconselhou o cliente a registrar uma ocorrência numa delegacia, contando o que havia acontecido. Isso provocou a ira de Allan, que, com o apoio de Bello, mandou matar o ex-sócio.
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A investigação da Polícia Civil aponta ainda que Marcelo Sarmento Mendes foi o responsável por operacionalizar o crime e teve o apoio de Wallace Pereira Mendes e Diego Netto Braz dos Santos, seus filhos. Os dois tiveram a tarefa de comprar, testar o funcionamento e fazer a entrega de um aparelho GPS a Rodrigo (o atirador). O equipamento foi instalado no veículo da vítima, permitindo que ela fosse monitorada em tempo real por pelo menos oito dias anteriores ao homicídio.
O crime
Carlos Daniel foi morto na esquina das avenidas Adolfo Bezerra de Menezes e Conselheiro Paulo de Melo Kalle. Ele estava parado no sinal com o filho, que não se feriu. O veículo do advogado era blindado, mas o atirador aproveitou uma fresta numa das janelas para fazer os disparos.
O advogado era ex-policial civil e foi expulso da corporação em 2011, após ser preso pela Polícia Federal transportando traficantes que tentavam escapar do cerco à Favela da Rocinha para a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora na comunidade.
Na época de sua execução, Carlos Daniel atuava na defesa de Daniel Aleixo Guimarães, um dos réus pela morte do investidor Wesley Pessano e apontado nas investigações como braço direito de Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins". Ele também fazia a defesa do cantor Belo.
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