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Por Vera Araújo, Rafael Galdo e Rafael Soares — Rio de Janeiro

O avanço das investigações da Polícia Federal deve trazer à tona outros intermediários entre os assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e o mandante do crime. Um dos novos elos seria o policial militar da reserva José Carlos Roque Barboza, segundo confirmaram fontes ao GLOBO após matéria publicada pela Folha de S. Paulo no último sábado. Ele é apontado como um dos chefes da segurança do bicheiro Bernardo Bello, considerado foragido desde novembro do ano passado, acusado de ser o autor intelectual do assassinato do contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, no carnaval de 2020.

Informações ainda sigilosas da delação do ex-PM Élcio de Queiroz dariam conta de que Roque teria sido o responsável por fornecer a Ronie Lessa, réu como autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, o Cobalt prata usado no crime, de acordo com a Folha. A revelação é mais uma ligação dos envolvidos no duplo homicídio com a contravenção. Lessa, por exemplo, chegou a ser vítima de um atentado a bomba, em 2009, numa disputa pela segurança de outro bicheiro, Rogério Andrade. E o mais recente relatório da PF indica a atuação de Lessa e de outros suspeitos também em atividades típicas da milícia, como exploração de sinal clandestino de internet na Zona Norte.

Sociedade em empresa

Além disso, como já havia revelado o depoimento de Queiroz, um dos intermediários do mandante do crime com Lessa seria Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé, que antes de ser morto era considerado braço-direito de Bernardo Bello. O vínculo de Macalé — e também de Roque — com o contraventor foi mencionado nos depoimentos da ex-cunhada de Bello, Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004. Segundo ela, que depôs num atentado que sofreu em outubro de 2019, Macalé é apontado como “integrante da organização criminosa” de Bello, cujo braço armado contaria com a participação de Roque.

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Em seu depoimento à polícia na época, o marido de Shanna, o empresário Rafael Alves, reforçou a acusação. Disse que Macalé seria o “responsável por recrutar outros integrantes para a quadrilha”, que ele e Roque eram compadres e que teria ouvido dizer que Roque era o chefe da segurança de Bello.

Macalé e Roque chegaram a ser alvos de mandados de busca e apreensão de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MPRJ) em junho de 2020 durante a investigação da morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid, o tio paterno de Shanna. Os agentes haviam identificado a sociedade de Roque em duas empresas, a Fourvig Segurança e Vigilância e a Os Barboza’s Vigilância e Segurança — esta última com baixa na Receita Federal em dezembro de 2019, mas na qual Roque era sócio de Bernardo Bello, que também tem Barboza em seu sobrenome.

A Fourvig, por sua vez, obteve autorização de funcionamento da PF em 2019. Em 2020, teve sua razão social alterada para Barboza’s Vigilância e Segurança e, em alvará do último dia 20 de junho, recebeu permissão de mudar novamente de nome. Por telefone, O GLOBO tentou, porém, não conseguiu contato nesta segunda-feira com as empresas. Na Receita Federal, Roque não consta mais como sócio da firma. Mas o domínio do site da empresa, de 2021, está registrado em um nome que coincide com o de um filho dele.

Mesmo tendo sido sócio de Bello, Roque continua na reserva da PM, segundo a própria corporação. Ele teve uma carreira curta na ativa. Entrou na polícia em outubro de 1988 e trabalhou por toda a carreira no 23º BPM (Leblon). Em agosto de 2002, quando ainda era cabo, foi transferido para a Câmara Municipal do Rio. Depois de completar dois anos à disposição da Casa, passou para a reserva remunerada da PM, como previa uma lei daquele período. Seu comportamento era considerado “bom”, em sua ficha funcional. Nos boletins da PM da época, não consta se Roque trabalhou na Coordenadoria Militar da Câmara ou no gabinete de algum vereador.

Telefones ponto a ponto

As relações de Lessa com o bicheiro Rogério Andrade seriam ainda mais estreitas. As investigações do MPRJ apontam que Lessa estava montando um bingo no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, em 2018, meses depois da morte de Marielle, com o apoio do contraventor e de seu filho, Gustavo Andrade. Pai e filho chegaram a ser presos, mas foram soltos por meio de habeas corpus.

O GLOBO procurou os advogados dos citados e, no caso de Roque, ligou para os telefones que constavam como dele no processo do homicídio do Bid. A única defesa que atendeu foi a de Rogério Andrade, que não se pronunciou.

Agora, como informou a coluna de Lauro Jardim no GLOBO anteontem, a PF já tem em mãos os nomes dos outros intermediários do mandante ou dos mandantes do crime. As investigações também expuseram práticas dos acusados pelos assassinatos comuns à contravenção. O uso do telefone do tipo ponto a ponto, no qual os diálogos ficam restritos a dois interlocutores, é uma delas. Em sua delação, Queiroz indica que Lessa passou a utilizar um celular para falar com uma determinada pessoa. O aparelho, um smartphone antigo, teria sido entregue a ele por alguém ainda sem identificação.

“Achei estranho aquele celular aparecer para ele; ele costumava andar com celular de última geração, era um celular feio, mas era um smartphone; e o Ronnie (Lessa) não fala em telefone, só digita; aí eu perguntei e ele falou que era de uma pessoa que tinha fornecido para ele”, disse Queiroz na delação.

Infográfico — Foto: Editoria de arte
Infográfico — Foto: Editoria de arte
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