Rio
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Por Giulia Ventura e Marcos Nunes — Rio de Janeiro

Em maio de 2021, em plena pandemia, Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, recebia 500 parentes, amigos e artistas numa festa black-tie para comemorar seu aniversário no Hotel Copacabana Palace, um dos mais sofisticados do país. Na época, os convites enviados foram em formato de vídeo com a trilha sonora da trilogia “O Poderoso Chefão”, que narra a saga da família Corleone. Nesta terça-feira, pouco mais de dois anos depois, Adilson Filho foi procurado em sua cobertura na Barra da Tijuca por policiais civis, que tinham em mãos um mandado de prisão por homicídio. Não havia ninguém em casa, e o acusado já é considerado foragido.

Essa foi a terceira operação contra Adilsinho em pouco mais de dois anos. Suspeito de ligação com o jogo do bicho e a máfia do comércio ilegal de cigarros, ele é apontado agora como o mandante dos assassinatos do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, e de Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, numa investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). As mortes em novembro do ano passado estariam por trás de uma disputa por pontos de aposta com o bicheiro Bernardo Bello, ex-genro de Waldemir Paes Garcia, o Maninho, executado em 2004.

Nessa guerra, Adilsinho teria como aliado o bicheiro Rogério de Andrade, que assumiu os negócios de seu tio Castor de Andrade, que morreu de infarto em 1997. A polícia investiga se os dois já teriam assumido 47 pontos do jogo do bicho que eram de Bello. Outra informação é a de que Adilsinho teria contratado um grupo de extermínio para executar o crime. O chefe do bando seria o PM Rafael do Nascimento Dutra, conhecido como Sem Alma, que está foragido.

Policial civil fez uma operação na cobertura de Adilsinho, na Barra da Tijuca: imóvel estava vazio — Foto: Reprodução
Policial civil fez uma operação na cobertura de Adilsinho, na Barra da Tijuca: imóvel estava vazio — Foto: Reprodução

Adilsinho já tinha escapado de outra operação, mas da Polícia Federal, em novembro de 2022. A Smoke Free, contra o comércio ilegal de cigarros, mostrou ainda que o alvo tinha planos ambiciosos. Apontado com herdeiro da contravenção de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o acusado estaria insatisfeito com a cúpula do jogo do bicho e estava em busca de aliados para que pudesse “estabelecer uma nova organização”.

De acordo com as investigações, a indignação de Adilsinho viria da entrega de altos valores para a chefia da contravenção. Ele acreditava que pagamentos de propinas a agentes públicos garantiriam “o bom andamento dos negócios” e “a defesa dos territórios dos eventuais ataques por parte das organizações criminosas que comandam o tráfico de drogas e a ação miliciana no Rio”. Em conversas obtidas pela PF, em um aplicativo de troca de mensagens, o bicheiro foi flagrado falando com um parente sobre a formação de uma nova cúpula do jogo do bicho.

Nessa gravação, Adilsinho teria se referido a Rogério de Andrade, segundo a polícia, como verde e branca (cores da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de Rogério). “O outro verde e branca falou comigo de fazer uma nova organização. Só que eu não consigo falar com ele. Eu também quero, eu também quero poder”, disse.

Policial civil fez operação na luxuosa cobertura de Adilson Coutinho Filho, na Barra da Tijuca: imóvel estava vazio — Foto: Reprodução
Policial civil fez operação na luxuosa cobertura de Adilson Coutinho Filho, na Barra da Tijuca: imóvel estava vazio — Foto: Reprodução

Quando a Smoke Free foi deflagrada, a defesa de Adilsinho informou que ele estava nos Estados Unidos. O acusado já tinha sido alvo de outra operação, a Fumus, realizada pela PF e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do estado, em junho de 2021. A ação era contra um grupo de criminosos ligados a bicheiros responsáveis pela imposição de um monopólio na venda de cigarros em vários pontos do estado. A investigação apontou que, durante um período de três anos, a quadrilha falsificou ou não emitiu notas fiscais e vendeu cigarros em territórios dominados, causando um prejuízo de R$ 2 bilhões à União.

Ações trancadas

Os advogados conseguiram trancar a ação penal da Fumus contra Adilsinho e outros 39 réus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em dezembro de 2022. Na época, a 6ª Turma da corte acatou a tese de que a investigação se baseou numa ordem ilegal de busca e apreensão. Já a prisão preventiva do acusado, relativa à Smoke Free, foi cancelada pelo Tribunal Regional Federal, que trancou a ação penal em maio passado.

Procurado, Ricardo Braga, advogado de Adilsinho, negou o envolvimento do seu cliente com os fatos investigados pela polícia e disse que ele provará sua inocência na Justiça.

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