Rio
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Por Jéssica Marques — Rio de Janeiro

O Hospital municipal Souza Aguiar, maior complexo de emergência pública do Rio, com cerca de 551 leitos, ainda vive problemas em sua estrutura. A equipe do GLOBO esteve na unidade na manhã desta quarta-feira — horas antes de o consórcio Smart Hospital vencer o leilão da primeira parceria público-privada (PPP) de saúde do Rio — e constatou alguns problemas por falta de manutenção e obras. Quem chega para ser atendido na unidade, já do lado de fora, se depara com grades enferrujadas, paredes pichadas, pilastras sem azulejos e descascadas. Além disso, a área de espera no saguão principal da emergência está sendo utilizada como abrigo para pessoas em situação de rua.

O projeto, anunciado pela prefeitura em abril deste ano, visa balancear a gestão da unidade. Ou seja, o parceiro da iniciativa privada cuidará da retaguarda de 668 leitos. Isso porque o contrato inclui a gestão da Coordenação de Emergência Regional (CER) Centro e da Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda (117 leitos), vizinhas ao Souza Aguiar.

A cuidadora de idosos Lucilene Silva de Andrade, de 36 anos, relatou que vive dias difíceis no Souza Aguiar. Moradora de Japeri, na Baixada Fluminense, ela acompanha a filha de 16 anos e o neto recém-nascido, de apenas oito meses, que está internado na unidade há uma semana com bronquiolite. Segundo Lucilene, desde que está na unidade acompanhando o tratamento do neto, que nasceu prematuramente, o setor de internação pediátrica passa por problemas de infraestrutura: banheiros sem descarga e com vazamento de esgoto, paredes com falta de reboco, torneiras quebradas, mau cheiro nos corredores da unidade e falta de medicamentos.

— A situação é complicada. Desde que meu neto ficou internado tive que presenciar momentos difíceis. Vi paciente gritando de dor por falta de remédio. Na hora de usar o banheiro é um pesadelo. A gente dá descarga e o esgoto volta causando vazamento. As torneiras não funcionam direito. E não adianta avisar, os funcionários dizem que os problemas são por falta de investimento. Ou seja, um absurdo. Ando pelos corredores da internação e sinto um mau cheiro por conta do esgoto que fica voltando na encanação dos banheiros — desabafou a cuidadora.

A percepção de que o hospital está sem apoio administrativo é compartilhada pelo maqueiro Alex Elias, de 41 anos. Há quase um mês, ele e a esposa frequentam a unidade com o filho caçula de 12 anos. O menino se machucou durante uma partida de futebol há um mês e precisou passar por uma cirurgia no olho esquerdo. Segundo Alex, seu filho precisou esperar oito dias até conseguir uma vaga para operar.

— Essa é a terceira vez que trago meu filho na unidade. Ele já operou e agora estamos esperando para retirar os pontos do olho dele. Os médicos pediram para esperar porque não há tela (um material de curativo) para ser colocado no local. Chegamos aqui por volta das 7h30. Até agora não fomos atendidos. Além disso, todos os remédios do pós-operatório tivemos que comprar. O hospital disse estar sem remédios para fornecer. Infelizmente essa é a realidade de muitos hospitais do Rio — afirmou o maqueiro.

Na maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, também no Centro do Rio, os atendimentos aconteciam normalmente e a unidade não estava cheia. No hall de entrada da recepção, haviam cadeiras quebradas, paredes descascadas e materiais como maca, incubadora e cadeiras de rodas espalhadas pelo corredor ao lado da emergência perinatal. Segundo funcionários, a maternidade é referência de atendimento. No entanto, assim como outras unidades, sofre com problemas de manutenção e obras.

— Os médicos são ótimos. O atendimento é rápido. Mas a unidade precisa de cuidados. Tem um tempo que não fazem obras aqui ou trocam os materiais. Isso ainda não está atrapalhando nos atendimentos, mas pode chegar um momento que vai começar a dar problemas se não for visto logo — disse uma funcionária, que preferiu não se identificar.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a aquisição de insumos e medicações vão permanecer a cargo da pasta. Em nota, a pasta respondeu que a finalidade da PPP é "a modernização, adequação de instalações prediais e prestação de serviços não assistenciais no Hospital Municipal Souza Aguiar, na Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda e no Centro de Emergência Regional (CER) Centro", com R$ 850 milhões em investimentos, sendo R$ 530 milhões nos três primeiros anos.

Leilão sem concorrentes

O consórcio Smart Hospital venceu, nesta quarta-feira, o leilão da primeira parceria público-privada (PPP) para administração do Complexo Hospitalar Souza Aguiar, no centro do Rio, realizado na sede da B3, em São Paulo.

O consórcio foi o único a se credenciar para o leilão e apresentou a proposta de contraprestação anual (quanto quer receber anualmente) de R$ 191.773.351,61. A prefeitura do Rio havia estabelecido o pagamento máximo anual de R$ 196,6 milhões, o que configurou um deságio de 2,5% do lance vencedor.

No total, serão cerca de R$ 850 milhões em investimentos, sendo R$ 530 milhões nos três primeiros anos. A PPP tem prazo de 30 anos.

Os serviços assistenciais seguem sendo oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que significa que o hospital continuará sendo público e gratuito. A PPP não é uma privatização.

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