Com bolas brancas, cartazes e camisetas que estampavam a foto do jogador Thiago Menezes Flausino, de apenas 13 anos, parentes e amigos caminharam pelas ruas da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, clamando por justiça. O ato em memória do adolescente, morto após um confronto policial no último dia 7, aconteceu na tarde deste sábado, mesmo dia em que Eloah da Silva, de cinco anos, e o jovem Wendel Eduardo, de 17 anos, foram mortos a tiros, por policiais militares no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Segurando uma faixa escrita "Justiça para Thiago", a mãe do adolescente chorou ao relatar a perda do único filho.
— Thiago era apenas um adolescente ceifado por essa necropolícia que a gente tem no nosso estado. Mais uma vítima que entra para a estatística. Ele só morreu porque é preto e pobre — afirmou a mãe do jovem em entrevista.
- Mortes na Ilha do Governador: Comandante do batalhão é afastado das funções, após morte de criança e adolescente em ação da PM
- Parentes de Eloah lamentam morte da menina: 'A mãe está no chão, ela e o pai mal conseguem falar, só chorar'
A família de Thiago afirma que o estudante foi morto quando andava de moto com um amigo, por volta de 0h40, sendo alvejado na perna e no peito por PMs. A versão é contestada pela polícia, que afirma que agentes do Batalhão de Choque faziam uma ronda nas proximidades da comunidade quando foram atacados a tiro por dois homens em uma moto. O corpo do menino foi sepultado na tarde da última terça-feira, no Cemitério do Pechincha, na Zona Oeste. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga as circunstâncias do crime, registrou o homicídio como morte por intervenção de agentes do Estado. Imagens de câmera de segurança instaladas próximo ao local do assassinato estão sendo analisadas e as armas dos policiais envolvidos na ocorrência foram apreendidas para perícia.
A morte de Thiago se assemelha com o homicídio do adolescente Wendel Eduardo de Almeida, de 17 anos. O jovem foi morto por PMs quando voltava de uma festa na manhã de sábado. Wendel teria pego um mototáxi no alto da comunidade do Dendê, na Ilha do Governador, em direção à casa da avó. No caminho, foi abordado por uma viatura da polícia militar que atirou contra dos dois. Wendel foi atingido na mão e no peito, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do hospital. O homicídio do adolescente gerou revolta nos moradores que em protesto queimaram ônibus e fecharam parte da via. Perto dali, uma menina de 5 anos identificada como Eloah da Silva também morreu após ser baleada no peito enquanto brincava dentro de casa. Segundo a família da criança, uma viatura da PM passou atirando na rua. Um dos disparos acertou a janela da casa, no segundo andar, matando a criança.
Segundo o secretário da Polícia Militar, Luiz Henrique Pires, os agentes envolvidos na ação serão afastados das ruas até que as investigações sejam concluídas. Já em nota, a Polícia Militar informou que agentes do 17° BPM (Ilha do Governador) perceberam dois homens em uma moto na Rua Paranapuã, "onde o ocupante de carona portava uma pistola". A assessoria da PM disse ainda que "de acordo com os policiais que atuaram na ação, após uma tentativa de abordagem, o indivíduo disparou contra a equipe, e houve revide". O homem que conduzia a moto foi levado à 37ª Delegacia de Polícia.
Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio