O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve nesta terça-feira a condenação e aumentou a pena de policiais militares e ex-policiais pela tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza. O crime ocorreu em 2013, atrás dos contêineres nos quais funcionava a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. Seu corpo nunca foi encontrado.
O relator do caso no STJ, ministro Rogério Schietti, votou para aceitar parcialmente um recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e para rejeitar os recursos da defesa de oito dos condenados. Seu voto foi seguido por unanimidade pelos demais integrantes da Sexta Turma.
Um dos pontos citados por Schietti para aumentar a pena foi o fato do corpo de Amarildo não ter sido encontrado até hoje:
— O fato de o corpo da vítima, dez anos depois do crime, ainda não haver sido encontrado, de modo a impedir que seus familiares o sepultem, é circunstância mais gravosa do delito, que enseja, ao meu sentir, exasperação da pena-base.
O ministro também considerou a "repercussão internacional" do crime:
— O caso se tornou notório em decorrência da gravidade concreta do fato, que configurou um emblemático episódio de violência policial contra integrante da população preta e periférica do Rio de Janeiro, a provocar abalos sociais não apenas na comunidade local como também no país e na comunidade internacional.
A maior pena é a do major Edson Raimundo dos Santos, que era comandante da UPP na época. A punição passou de 13 anos e sete meses de prisão para 16 anos e três meses. Já a pena do tenente Luiz Felipe Medeiros, então subcomandante da UPP, passou de 10 anos e sete meses para 12 anos e oito meses. Os dois continuam na Polícia Militar.
O ex-soldado Douglas Roberto Vital Machado, apontado como responsável por abordar Amarildo no dia do desaparecimento, teve a pena aumenta de 11 anos e seis meses para 13 anos e oito meses. Ele foi expulso da PM.
A advogada do major Edson, Tatiana Fadul, afirmou no julgamento que ele teve uma "carreira ilibada" e que a condenação teria sido baseada apenas no depoimento de testemunhas que teriam sofrido coação.
— A prova que se produziu nos presentes autos foi somente a prova oral, esta completamente eivada de vícios, uma vez que as três testemunhas, policiais militares femininas, afirmaram terem sofrido todo tipo de coação em seus depoimentos.
As novas penas são:
- Edson Raimundo dos Santos, ex-comandante da UPP: 16 anos e três meses
- Douglas Roberto Vital Machado, ex-soldado: 13 anos e oito meses
- Luiz Felipe de Medeiros, ex-subcomandante da UPP: 12 anos e oito meses
- Anderson Cesar Soares Maia, Felipe Maia Queiroz Moura, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Marlon Campos Reis e Wellington Tavares da Silva, ex-soldados: nove anos e cinco meses
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