Rio
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Por Carolina Heringer, O GLOBO — Rio de Janeiro

Os desembargadores da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio revogaram, no último dia 22, o mandado de prisão temporária contra Adilson Coutinho Oliveira, o Adilsinho, acusado de chefiar a máfia dos cigarros no Rio. Ele é investigado por suspeita de ser o mandante da morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, e de Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, ocorridas em novembro de 2022. Adilsinho estava foragido há três semanas, quando a Delegacia de Homicídios da capital deflagrou uma operação para capturá-lo. Agora, não há mais mandado de prisão contra ele.

A decisão dos desembargadores foi por unanimidade. Em seu voto, o magistrado relator, Sidney Rosa, afirmou que na investigação não há "indícios mínimos" que apontem a participação de Adilsinho nas mortes. A decisão foi tomada em pedido de habeas corpus feita pela defesa de Adilson.

Em seu voto, Rosa pontuou, ainda, que o testemunho do bicheiro Luiz Cabral Waddington Neto é o único elemento, na investigação, que aponta a participação de Adilsinho nos assassinatos. Ele ressalta que o próprio Cabral admitiu trabalhar para os herdeiros do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, e "herdou" os pontos de Catiri, que era envolvido com a contravenção. Em abril, Cabral foi à polícia acusar Adilsinho e outros bicheiros de um ataque no qual seu filho foi baleado. Ele acabou indiciado por participação em um outro atentado, no dia seguinte, em meio à guerra da contravenção.

"Ora, não há estabelecido de maneira efetiva as fundadas razões de acordo com os elementos contidos no campo procedimental do inquérito policial nº 901-00734/2023 (fumus comissi delicti), que pudesse ser, a luz da legislação penal, admitida como prova capaz de apontar os indícios suficientes de autoria e ou participação do indiciado, ora paciente, nos crimes de homicídio qualificado com relação as vítimas Marco Antonio Figueiredo Martins, vulgo “Marquinho Catiri”, e do seu segurança, Alexsandro José da Silva, vulgo “Sandrinho”, e, nem tampouco, comprovada a imprescindibilidade da investigação policial (periculum libertatis), deixando evidentemente desautorizado o decreto prisional por falta de fundamentação quanto aos requisitos legais e contemporâneos", escreveu Sidney Rosa em seu voto.

Esse é o terceiro mandado de prisão contra Adilsinho que seus advogados conseguem derrubar. Eles já obtiveram decisões, na Justiça, para trancar dois processos na Justiça e um inquérito na Polícia Federal.

- A decisão restabelece a liberdade do empresário Adilson Filho, alvo de mais uma prisão decretada com base em nova investigação direcionada contra o empresário, que nega e repudia seu envolvimento nos fatos investigados - afirma o advogado Ricardo Braga.

As investigações da morte de Catiri

De acordo com as investigações, Catiri era o chefe da milícia que atua nas comunidades Águia de Ouro, Guarda, Fernão Cardim, entre outras, em Del Castilho e Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Sandrinho era um dos integrantes da organização criminosa. Ele passou a ser sócio do bicheiro Bernardo Bello, ex-genro de Maninho, que comandava os negócios da família Garcia. Em abril, ao denunciar Adilsinho e outros bicheiros à polícia, Luiz Cabral revelou uma guerra por pontos da contravenção.

Catiri foi morto quando saía de uma academia, da qual era o dono e teria sido montada para o seu uso exclusivo. Após o crime, agentes foram ao local e identificaram um imóvel, localizado na Rua Pedro Borges, que tinha ampla visão para onde as vítimas se encontravam. Segundo a polícia, criminosos utilizaram o imóvel como base para o ataque. No local, foram apreendidos 58 estojos de fuzil, calibre 762.

Durante o ataque — do qual pelo menos 10 criminosos participaram —, além de fuzis, os autores também utilizaram granadas, sendo uma delas arrecadada e detonada pelo Esquadrão Antibombas da Polícia Civil.

Marquinhos Catiri foi morto em Del Castilho — Foto: Reprodução
Marquinhos Catiri foi morto em Del Castilho — Foto: Reprodução

As investigações, desenvolvidas até o momento, revelaram ainda o envolvimento da organização criminosa integrada pelos acusados em outros homicídios, entre eles o do policial civil João Joel da Araújo, ocorrido em 11 de maio de 2022, no bairro de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, e do policial penal Bruno Kilier, em 8 de junho deste ano, no Recreio dos Bandeirantes, também na região.

Presos anteriormente

George Garcia de Souza Alcovias foi preso no dia dezembro de 2022, pela DHC, no município de Francisco Morato, em São Paulo, para onde fugiu no dia seguinte ao crime. A fuga foi uma orientação da organização criminosa, que tinha como objetivo mandá-lo para o Paraguai.

José Ricardo Gomes Simões foi preso em março deste ano, na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, foram apreendidas duas armas e aparelhos celulares. Um terceiro acusado pelo crime, identificado como Rafael do Nascimento Dutra, conhecido como “Sem Alma”, foi alvo de operação deflagrada no último dia 17, porém até o momento não foi localizado. Contra ele há um mandado de prisão preventiva em aberto.

Segundo a Polícia Civil, o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, era feito de base operacional da quadrilha, já que tanto George quanto Rafael residiam na cidade.

Aliança entre miliciano e bicheiro

Num áudio enviado para o contraventor Bernardo Bello, obtido pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) com autorização judicial, o miliciano Marco Antonio Figueiredo Martins, o Marquinhos Catiri, diz estar à frente dos negócios de Bello e que, por isso, precisou contratar seguranças: “A minha cabeça está valendo quatro milhões”. Ele também contou ser o responsável por pagar propinas às delegacias especializadas para os policiais fingirem não verem os jogos de azar e não reprimirem a jogatina.

Bernardo Bello é réu no homicídio do rival na contravenção, Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020, quando voltava dos desfiles da Marquês Sapucaí. Na última quinta-feira, o contraventor foi alvo de uma operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil pela morte do advogado Carlos Daniel Dias, ocorrido em maio de 2022, no bairro do Cafubá, na Região Oceânica de Niterói.

Quem é Adilsinho

Adilsinho, ficou conhecido em maio de 2021, após o convite de sua festa de aniversário viralizar. Com apenas 36 segundos, a gravação em preto e branco fazia alusão ao envolvido com máfia dos cigarros e trilha sonora do filme “O poderoso chefão”. Imagens mostram três homens fumando charuto e bebendo num hotel luxuoso. O estilo ostentador e excêntrico não se limitou ao convite. Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, Adilsinho celebrou o aniversário com uma festa para 500 pessoas no Copacabana Palace, hotel de luxo na Zona Sul do Rio.

Ele foi alvo de duas operações contra a máfia do cigarro. A primeira, batizada de Fumus, deflagrada em 2021 pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do estado. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas não foi encontrado, sendo considerado foragido. No entanto, no início de julho de 2022, uma liminar favorável determinou a suspensão da ação penal.

Adilsinho também foi alvo da Operação Smoke Free, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A ação visava prender também José Eduardo Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral.

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