O número de registros de ocorrência de jogo do bicho caiu 85% nos últimos seis anos no estado do Rio. Os dados, disponibilizados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), mostram que, em 2018, foram reportados 1.577 casos da contravenção. Já, no ano passado, 234 ocorrências foram contabilizadas. A maioria dos registros foi feita em delegacias da Região Serrana do Rio, principalmente em Teresópolis e Nova Friburgo, com 348 e 178 casos respectivamente, nos seis anos de análise.
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A participação no jogo do bicho foi o que levou Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, e mais 13 pessoas a serem presas na sexta-feira, em uma operação da Polícia Federal com o Ministério Público do Rio. A quadrilha explorava e controlava também bingo e máquinas de caça níquel na Ilha do Governador, Niterói, São Gonçalo e no Espírito Santo. Juntas, as contravenções movimentaram mais de R$ 10 milhões só em novembro do ano passado, por exemplo.
Veja fotos de Capitão Guimarães, alvo de operação da PF e do MP
Na denúncia do MPRJ contra a quadrilha do bicheiro, há a informação de que "policias civis corruptos" teriam falsificado registros de ocorrência e atrapalhado as investigações. Eles usavam pessoas que aceitavam responder pela contravenção, conduzindo-as às delegacias e criando falsos casos a serem investigados pelos agentes.
Sobre esse crime, a Polícia Civil afirma "repudiar qualquer tipo de vínculo de servidores de seus quadros com atividades ilícitas e, em casos tais que se comprovem participação de agentes públicos, será aplicada rigorosa reprimenda penal e administrativa".
A diminuição dos registros da contravenção ao longo dos anos não tem explicação clara. De acordo com a Polícia Civil, "foram realizadas diversas investigações de crimes praticados por organizações criminosas voltadas para a exploração de jogos ilegais, inclusive no que tange a lavagem de dinheiro, homicídios e outros conexos".
Prisão do Capitão Guimarães
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio prenderam Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, um dos principais contraventores da capital. Ele foi encontrado pelos agentes em casa, em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói. O contraventor permanecerá em prisão domiciliar, condição em que está desde dezembro do ano passado, após a operação Sicários. Até o momento, foram 13 presos: 10 alvos dos mandados de prisão e três em flagrante.
O Capitão Guimarães foi denunciado pela morte de um pastor em posto de gasolina em 1º de julho de 2020, em São Gonçalo. A polícia trabalha com a hipótese de que Fábio Sardinha, vítima do assassinato, tenha tido a morte encomendada por Capitão Guimarães por ter supostamente desviado dinheiro da quadrilha do contraventor. A investigação indica que se tratou de uma execução.
Cerca de 100 policiais federais participam da ação que teve 13 mandados de prisão preventiva e 19 mandados de busca e apreensão. Na operação Mahyah, os agentes conseguiram avançar na investigação sobre os negócios do contraventor, que se expandiram para o Espírito Santo.
Veja quem são os denunciados pelo MP
- Ailton Guimarães Jorge
- Allan Pinheiro Coutinho, policial militar
- Alzino Carvalho de Souza, policial civil
- André Luiz Miranda Furtado
- Daniel Jacinto Vieira
- Fagner Batista Pardin, policial militar
- Francisco Carlos de Oliveira
- Gilberto Ferreira Pereira, policial federal aposentado
- Glaucio Raimundo Cardoso
- Jorge Antonio dos Santos
- Marcelo Rios Werneck
- Patrik Roger Correa Vieira
- Rodrigo de Paiva Sousa
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