Rio
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Por — Rio de Janeiro

O custo mais baixo em relação aos mais de 40 países que concedem vistos a nômades digitais e as paisagens naturais em meio à infraestrutura cosmopolita cacifaram o Rio de Janeiro como um dos destinos preferidos dos estrangeiros que podem trabalhar de qualquer lugar do mundo. O movimento do "nomadismo digital" se alavancou durante a pandemia de Covid-19 e se consolidou, desde então.

Sem endereço fixo, esses trabalhadores já são 35 milhões pelo mundo, e a expectativa é que cheguem a 1 bilhão até 2035, de acordo com dados da consultoria de imigração Fragomen. O portal especializado Nomadlist aponta que, na América Latina, os destinos no momento mais visados são Cidade do México, Buenos Aires e Medellín. Na sequência, vêm São Paulo, com 4,2 mil estrangeiros trabalhando remotamente, e o Rio, com aproximadamente 3,2 mil. Consultores imobiliários destacam que, em solo brasileiro, os nômades digitais têm encontrado acomodações de luxo e conforto para o home office por preços mais acessíveis que em outras partes do planeta.

Há dois anos, em setembro de 2021, o Conselho Nacional de Imigração, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, criou o visto. Em janeiro do ano passado, a atividade dos nômades digitais foi regulamentada. Um dos objetivos é estimular a vinda de mão de obra qualificada e investimentos para o país. Nesse tipo de autorização de residência, as estadias são de até um ano, prorrogável por mais um, destinadas a estrangeiros que comprovem a atividade em modo remoto e salário de pelo menos US$ 1,5 mil ao mês ou reservas a partir de US$ 18 mil.

Na esteira da promoção dessa política, ainda em 2021, as autoridades cariocas lançaram o Rio Digital Nomads, voltado para atrair esse público. Na ocasião, a prefeitura anunciou a entrega de selos para hotéis, hostels e espaços de coworking que tivessem tarifas especiais para esse tipo de cliente de longa permanência. A cobertura de internet 5G pelo Rio também virou uma das prioridades.

Ao GLOBO, o Ministério das Relações Exteriores informou ter emitido 649 vistos sob regência da resolução dos nômades digitais desde o início da política migratória. As nacionalidades com maior número de solicitantes são americanos, alemães, ingleses, franceses e suíços, afirmou a pasta. O ano passado teve quase um visto do tipo aprovado por dia, segundo reportagem do portal "Uol". No entanto, para estadas de até 90 dias, o nômade digital pode ingressar no país como turista.

Natural da cidade de Morélia, no México, Sergio Ibarra, de 36 anos, teve pelo menos seis vezes no Rio antes de decidir passar uma temporada aqui. O engenheiro industrial trabalha com contabilidade e pretende trabalhar remotamente, da capital fluminense, pelo menos até fevereiro de 2024. No entanto, já cogita ficar na cidade por mais tempo. Embora tenha chegado sozinho, diz já ter feito "uma família de novos amigos" em terras cariocas.

— Escolhi o Rio por ser uma cidade grande multicultural e cosmopolita, com praia e natureza. É alegre, divertida, a comida tem mais sabor e as temperaturas são mais quentes. Queria estar na praia, de preferência em Ipanema, num bairro que fosse seguro, um preço justo e perto de mercados de frutas e verduras e academias. Já vivi na Austrália, em Israel, na Argentina e nos Estados Unidos. Mas, no Rio, se você mora no bairro certo, pode ter uma sensação de estar num lugar pequeno com tranquilidade. É onde eu me sinto mais inseguro, sempre estar em alerta é importante, mas as belezas e vivências que tenho aqui são definitivamente únicas — destaca o mexicano.

Assim como Ibarra, a faixa etária que mais costuma se lançar ao nomadismo digital vai dos 20 aos 49 anos. O site especializado Nomadlist aponta que, atualmente, Lisboa, em Portugal, é o destino favorito desses trabalhadores pelo mundo, com cerca de 15 mil estrangeiros instalados por lá. Na sequência, vêm Caggu (Bali), Barcelona, Londres e Bangcoc.

A líder na América Latina é a Cidade do México. Mas Jesus Valverde, de 29 anos, fez o caminho contrário. Ele viaja pelo mundo desde 2019, sempre no trabalho remoto. Em geral, fica de um a três meses em cada cidade. Natural da Cidade do México, afirma escolher locais que tenham praia, muitos turistas e bom sinal de Wi-Fi para garantir as condições da prestação do serviço. Valverde atua com marketing num banco peruano e pretende ficar pelo menos até o Carnaval.

— O Rio tem tudo isso. Já estou há mais de um ano aqui, gostei muito da cidade. Antes de viver no Rio, estive na cidade cinco vezes, mas só como turismo. No Rio, encontrei tudo o que eu precisava para ficar um tempo maior: praias, cidade grande, estilo de vida na orla, festa, turismo, diversidade, culturas — ressalta Valverde.

O mexicano já viveu em Medellín, Cidade do Panamá, Buenos Aires, Puerto Vallarta e Tulum. Passou também dois meses em São Paulo e um mês em Florianópolis — preferiu o Rio porque, segundo ele, encontrou em solo carioca "uma vida mais lenta e uma super qualidade de vida". Valverde explica que, ao escolher um local para morar, prefere os apartamentos próximos às praias para aproveitar ao máximo os momentos de folga, que não são muitos.

Na correta de imóveis WhereInRio, os nômades digitais já representam 15% dos clientes fixos. Desse montante, 50% viajam sozinhos. A outra metade se muda com a família. O CEO da empresa, Frederic Cockenpot, explica que o Rio costuma atrair os estrangeiros porque possui custo de vida menor que outras cidades, além de oferecer acesso à natureza, vida cultural e agitação noturna. Ele conta que a cidade é visada especialmente por habitantes de países em que a diferença de fuso horário é menor.

— Quando tem inverno em Nova York, eles veem para o Brasil e ficam seis meses. Em vez de pegar menos 20 graus em Nova York, vivem com qualidade de vida aqui. Para quem tem criança, há a possibilidade de colocar em escola bilíngue e oferecer para a criança uma riqueza cultural. Quem vem sozinho geralmente quer um apartamento da Zona Sul, quer fazer tudo andando. Já uma família vai buscar uma cobertura para ter área externa, piscina. Eles vêm ao Rio para aproveitar o sol — diz Frederic.

Segundo Frederic, os critérios para alugar uma moradia variam, mas todos os clientes do grupo querem um espaço para trabalhar. Até por isso, locatários precisaram fazer mudanças em alguns apartamentos, colocando cadeira de escritório para tornar o ambiente mais confortável.

Em geral, os estrangeiros buscam apartamentos na Zona Sul do Rio, em bairros como Ipanema, Leblon, Lagoa e Copacabana. Um dos imóveis de luxo visados por nômades digitais que procuram a WhereInRio, por exemplo, é uma cobertura que fica em Botafogo, também na Zona Sul. Com 400 metros quadrados, cinco quartos e cinco banheiros, o imóvel possui duas cozinhas, duas salas e dois terrações — um com piscina e vista para o Pão de Açúcar; outro com acesso a dois quartos, de frente para o Cristo Redentor. O aluguel mensal é de R$ 28 mil e o condomínio, outros R$ 2,1 mil por mês.

Alguns nômades digitais, em especial os que viajam sozinhos, preferem imóveis menores. Um deles fica em Ipanema, com 75 metros quadrados. Há dois quartos, dois banheiros, vista para o Morro Dois Irmãos e próximo acesso à praia. O condomínio oferece piscina, churrasqueira, sauna e academia. O custo parte de R$ 800, por noite, para aluguel de temporada. No Ano Novo e Carnaval, a diária chega a R$ 4 mil.

Já em Copacabana, uma opção de imóvel buscado por nômades digitais tem 120 metros quadrados, dois quartos, dois banheiros e decoração contemporânea. O aluguel parte de R$ 1 mil, por noite; no Ano Novo e Carnaval, a diária chega a R$ 3 mil.

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