A onda de ataques no Rio de Janeiro, após a morte do miliciano Faustão em um confronto com a polícia, deixou ao menos 35 ônibus queimados em sete bairros da Zona Oeste do município: Paciência, Cosmos, Santa Cruz, Inhoaíba, Campo Grande, Guaratiba e Recreio dos Bandeirantes. Veja abaixo um mapa com a localização dos ataques registrados:
A ofensiva do crime organizado é uma das maiores a ocorrer na história do Rio de Janeiro. No total, 12 pessoas foram presas ateando fogo em vários ônibus e em um trem. De acordo com o governador Cláudio Castro (PL), nesta segunda-feira, eles responderão por ações terroristas e serão imediatamente encaminhados para presídios federais. Castro disse a polícia não descansará enquanto não prender o miliciano Luís Antônio da Silva Barga, o Zinho, o paramilitar Danilo Dias Lima, o Tandera, que disputa territórios com Zinho, e o traficante Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, o Abelha, que faz parte da cúpula da maior facção criminosa do Rio. O trio é apontado pela polícia como envolvido em guerras por disputa de territórios em várias partes do Rio, incluindo Zona Oeste e Baixada Fluminense.
Rio após o caos: estações lotadas e carcaças de ônibus nas ruas
Às 18h, no retorno para casa dos cariocas após o trabalho, o Centro de Operações Rio (COR) computada 121 quilômetros de engarrafamento. O congestionamento é 66% maior do que a média das últimas três segundas-feiras (73 quilômetros), ainda segundo o COR.
O maior ataque da milícia no Rio:
- O miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, chefe de grupo militar que atua na Zona Oeste, foi morto em ação da Polícia Civil no Rio. Em represália, 35 ônibus, um trem, uma estação do BRT e quatro caminhões e foram incendiados.
- Os ataques ao sistema de transporte ocorreram enquanto o governador Cláudio Castro parabenizava a polícia pela ação que resultou na morte do criminoso. Horas depois, Castro afirmou que a polícia não descansará enquanto não prender os milicianos Zinho e Tandera e o traficante Abelha.
- Os ataques deixaram a população em pânico e causaram o caos no sistema de transportes. Moradores da região levaram horas para chegar em casa ou tiveram que dormir no trabalho ou nas estações.
- A milícia responsável por caos no Rio foi fundada por policiais, expandiu-se pelo estado na última década e vive crise interna após morte de ex-chefe.
De acordo com a SuperVia, estações em Santa Cruz chegaram a ser fechadas "para a segurança dos colaboradores e passageiros". Uma estação do BRT no mesmo bairro foi incendiada, e outras três foram alvo de tentativas de atear fogo. A Mobi suspendeu integralmente a operação no corredor Transoeste em virtude da insegurança.
Ônibus são queimados na Zona Oeste após morte de miliciano durante operação da Core
O ataque dos paramilitares teve início depois que Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus, foi morto em confronto com agentes da Polícia Civil em uma comunidade de Santa Cruz. Ele era sobrinho de Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, criminoso que assumiu o controle da maior milícia do estado do Rio, que atua na Zona Oeste, local dos ataques. O comando da organização foi herdado após morte de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko.
Considerado pela polícia como o segundo homem na atual hierarquia da maior milícia do Rio, Faustão é apontado em investigações como o principal homem de guerra de Zinho na disputa de território com bandos rivais. Ele seria encarregado de chefiar rondas feitas pela milícia do tio na Zona Oeste.
Ônibus são incendiados na Zona Oeste do Rio
O raio-x da violência
- Estação de BRT queimada
Atearam fogo na estação Santa Veridiana, em Santa Cruz, e houve tentativa de colocar fogo em outras três: Cajueiros, Cesarão e 31 de Outubro. Por causa dos ataques criminosos, a MOBI suspendeu a operação no corredor Transoeste.
- Trem queimado
Um trem que saía de Santa Cruz no sentido Central, às 18h04, foi abordado por bandidos nas proximidades da estação de Tancredo Neves. O maquinista foi obrigado pelos bandidos a abrir a porta para a saída dos passageiros e retornar à estação. Os criminosos atearam fogo em uma das cabines da composição. Por essa razão, foram fechadas as estações entre Benjamim do Monte e Santa Cruz. Os trens passaram a circular somente entre as estações Central e Campo Grande.
- Caminhões incendiados
Três dos caminhões foram incendiados na Avenida Brasil: um na altura da Estrada do Campinho, no sentido Itaguaí; outro na altura da Estrada de Manguariba; e um terceiro na altura da Estrada do Mendanha, em Campo Grande. No mesmo bairro, bandidos atearam fogo em um caminhão na Estrada das Agulhas Negras, na altura da Rua Jornalista Gastão de Carvalho.
- Mobilização dos Bombeiros
O primeiro acionamento aos Bombeiros foi às 14h49 e, desde então, multiplicaram-se ocorrências com fogo, com chamados para Guaratiba, Inhoaíba, Cosmos, Paciência, Santa Cruz e Campo Grande. Também há relatos de incêndio em ônibus no Recreio dos Bandeirantes. Ao todo, 174 militares foram às ruas, com 15 quartéis acionados, de acordo com os bombeiros.
- Bairros afetados
Pelo menos sete bairros da Zona Oeste foram palco de ataques: Paciência, Cosmos, Santa Cruz, Inhoaíba, Campo Grande, Guaratiba e Recreio dos Bandeirantes. Mais de 1 milhão de cariocas moram nesses locais. Chegou a circular a informação de um bairro incendiado em Madureira, na Zona Norte, mas ela não foi confirmada.
- Educação
A Secretaria Municipal de Educação informou que em diversas localidades da Zona Oeste, com destaque para Santa Cruz, Paciência, Cosmos e Guaratiba, 45 unidades escolares foram afetadas, "diante do cenário de completa insegurança". Em 17 destas unidades, alunos e profissionais não puderam ser liberados imediatamente, seguindo o protocolo de segurança da secretaria. Ao todo, segundo a pasta, 17.251 alunos foram afetados. "As aulas da Educação de Jovens e Adultos desta noite também foram suspensas", acrescentou o órgão.
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