Cauane Malaquias da Costa foi presa em flagrante na manhã desta quarta-feira depois de sequestrar um recém-nascido na Maternidade Maria Amelia Buarque de Hollanda, no Centro do Rio. Conduzida à 4ª DP (Praça da República), ela prestou depoimento e afirmou ter ido à unidade de saúde na manhã de ontem, terça-feira, visitar uma amiga, quando teria “se interessado” por Ravi, de apenas um dia de vida, explicou o delegado Mário Jorge Andrade, titular da delegacia. Cauane guardou o adesivo de visitante, voltou para casa, e retornou à noite com a intenção de levar o menino.
Câmeras de segurança gravaram a suspeita num dos corredores da unidade, imagem que ajudou na denúncia que levou equipes da Polícia Civil da UPP Borel até o endereço onde ela estava com o bebê. Cauane negou o sequestro e afirmava ser mãe do menino. Segundo parentes, ela teria perdido um bebê.
— Segundo ela (Cauane), ela realmente visitou a colega, mas ficou perambulando pelo corredor do hospital. Por volta das 15h, ela passou pela enfermaria, viu o Ravi e se interessou pela criança — contou o delegado.
Depois de deixar maternidade, Cauane retornou à unidade por volta das 19h de terça-feira, já com o plano de levar o menino.
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Com três bolsas em mãos, uma delas tipo bolsa-cegonha, ela entrou no hospital e aguardou até 1h, quando aproveitou o cochilo da mãe de Ravi, a professora Nívea Maria Rabelo Moreira, de 27 anos, e sequestrou o bebê, explica o delegado. Ela se calou quando perguntada sobre o motivo do crime.
— Tenho para mim que seria para criá-lo como filho, uma vez que ela tinha um namorado, e inventou para ele que estava grávida. Não só para ele, como para a família toda — observa Mário Jorge Andrade.
Suspeita é presa horas depois de levar bebê de maternidade no Centro do Rio
Cauane teria conhecido a colega que foi visitar na maternidade em um curso do programa Jovem Aprendiz, que fez na região da Central do Brasil recentemente. Nesta terça-feira, a conhecida postou uma foto na rede social que estava se internando na Maternidade Maria Amelia Buarque de Hollanda para dar à luz.
Na unidade de saúde, conforme disse ao delegado, Cauane ainda fez fotos suas, para dizer à família que estava se internando para ter um bebê.
Negação de sequestro
As equipes da PM chegaram ao endereço no Morro do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio, após receberem uma denúncia anônima, contou o Superintendente de comunicação estratégica da Coordenadoria de Polícia Pacificadora. No local, os PMs a abordaram sobre a criança, enquanto ela negava o sequestro e dizia que se tratava de seu filho.
— Segundo informações, a mesma esteve grávida e perdeu um bebê recentemente. Ela teria ido à maternidade tentar o sequestro. (Isso foi) Informado por parentes dela — disse o major Andrade.
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Imagens mostram o momento em que Cauane é conduzida por um dos agentes e Ravi, deitado num bebê conforto, é carregado por outro PM. A mulher foi presa e encaminhada para a 4ª DP (Praça da República), para prestar depoimento. O recém-nascido foi levado de volta para a maternidade para passar por exames e reencontrar a família. Ele foi recebido com muita emoção por parentes e funcionários da unidade.
Em depoimento, segundo o delegado da 4ª DP, Cauane contou que teve uma filha na unidade, em 2018.
Recém-nascido é encontrado horas após ser levado de maternidade no Centro do Rio
A mulher foi presa em flagrante. Em uma das imagens em que ela aparece, à 1h57, na madrugada desta quarta-feira, está segurando uma bolsa em cada mão e uma mochila.
— (Ela) teria dito a pacientes que estaria acompanhando uma paciente no quarto 307, só que o 307 estava vazio, não tinha ninguém naquele quarto. Imediatamente, a suspeita recaiu sobre essa pessoa — diz o delegado.
Segundo um ambulante que fica na porta da unidade, a mulher foi vista na porta principal durante a tarde de ontem, terça-feira.
Por volta das 8h20, a família recebeu a notícia de que Ravi fora encontrado. Por volta das 9h, ele chegou à maternidade, levado por policiais militares, para passar por exames e voltar para os pais. Num vídeo feito por um dos avós, a professora Nívea Maria Rabelo Moreira, de 27 anos, mãe de Ravi, aparece segurando-o.
Na porta do hospital, após receber a notícia, o pai do menino, Matheus Cunha, de 26 anos, comemorava o fim dos momentos de apreensão:
— Muito feliz graças a Deus, estou completo. Meu primeiro filho. Foram horas desaparecido — diz Matheus, pai de primeira viagem, que abraçou a família.
Se condenada, a pena de Cauane pode chegar a 6 anos de prisão. Ela foi enquadrada por subtração de incapaz com o fim de colocá-lo em lar substituto, conforme prevê o artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Detida, a mulher deixou a delegacia ao meio-dia. Ela foi encaminhada para o Instituto Félix Pacheco, para um procedimento de identificação das digitais. Em seguida, ela volta à unidade policial, para formalização da prisão. Só então será encaminhada para a unidade prisional.
Bebê nasceu de parto normal
Ravi nasceu de parto normal, após uma gestação de risco, que durou 37 semanas. Ele nasceu na maternidade ontem, terça-feira, dia 31, e foi levado horas depois, no início da madrugada desta quarta-feira.
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O que diz a maternidade
A Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Hollanda, da Prefeitura do Rio, informou, por meio de nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que a unidade "acionou imediatamente a polícia e, com as imagens das câmeras de segurança, os policiais identificaram e prenderam a suspeita. O recém-nascido foi recuperado e já está com os pais. Mãe e bebê estão bem e terão alta em breve".
O comunicado ainda afirma que "os protocolos de segurança da unidade serão revisados e mudanças que sejam consideradas necessárias serão adotadas. Mais informações sobre as investigações devem ser solicitadas à Polícia Civil".
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