A Aeronáutica está empregando 600 homens nos aeroportos do Galeão, no Rio, e de Guarulhos, em São Paulo, desde segunda-feira, quando começou a vigorar o decreto da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combate ao crime organizado. O comandante da Operação pela FAB, major-brigadeiro do ar Luiz Guilherme da Silva Magarão, disse nesta manhã, em entrevista coletiva para explicar como será a atuação dos militares, que não está descartada a revista de passageiros, cargas e bagagens.
— O decreto prevê que a Força Aérea Brasileira atue junto a outros órgãos no reforço à segurança e no combate a ilícitos como o transporte de drogas e armas — disse o major-brigadeiro, acrescentando que o objetivo é manter o trabalho dos militares sem prejudicar a rotina dos aeroportos nem interferir no direito de ir e vir dos passageiros.
A atuação dos militares se dará em conjunto com outros órgãos, incluindo a Receita Federal e a Polícia Federal. Os militares estão contando com o apoio de cães farejadores e estarão usando armamentos leves. A medida tem o objetivo principal de garantir a integridade dos militares, caso se sintam ameaçados, assegurou Magarão, acrescentando que nos primeiros dias de atuação da Aeronáutica dentro da GLO ainda não foi registrada nenhuma apreensão ou autuação.
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— Estamos ainda no início. Estamos preocupados com os passageiros. Não queremos interferir na rotina deles nem no fluxo das aeronaves — explicou Magarão.
O major-brigadeiro explicou que a atuação militar se restringe à área do aeroporto e que a fiscalização dos acessos e do entorno continua a cargo de outros órgãos, como a Polícia Militar. Dentro dos aeroportos, uma das preocupações é com pontos mais sensíveis e vulneráveis, como os de apoio à navegação, como radares e antenas.
A Aeronáutica está utilizando inicialmente o efetivo de militares sediados no Rio e em São Paulo, mas não descarta requisitar homens de outros estados, se houver necessidade durante o tempo de duração da GLO, que é de seis meses. No dia a dia serão usadas equipes de cem homens atuando ao mesmo tempo nos dois aeroportos e em esquema de revezamento. Eles vão atuar tantos nas áreas restritas como nos saguões .
O monitoramento de possíveis alterações na rota de criminosos e quadrilhas que utilizam o Galeão ou o Aeroporto de Guarulhos como base também estão entre os focos de atuação da GLO.
—Vamos monitorar o eventual direcionamento de cargas e bagagens para outros portos e aeroportos — informou Claudiney dos Santos, superintendente da Receita Federal da 7ª Região Fiscal.
Jackson Rosales, chefe da delegacia da Polícia Federal no Galeão, acredita que o trabalho ostensivo dos agentes em cumprimento a GLO possa inibir a ação das quadrilhas.
—Quanto mais se investe em prevenção, menos temos repressão. A presença ostensiva do Estado faz com que o crime organizado evite cometer ilícitos neste aeroporto — acredita.
Também participaram da coletiva representantes da Receita Federal, da concessionária Rio Galeao, Polícia Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A GLO
Autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo começou na segunda-feira. A medida, que ocorrerá até 3 de maio de 2024, inclui ações de prevenção e repressão ao crime organizado, com objetivo de combater, por exemplo, o tráfico de drogas e de armas.
Neste primeiro momento, a Marinha conta com 1.900 militares. No Rio, serão aproximadamente 823 agentes nos acessos do Porto do Rio e no patrulhamento interno dele, além de atuar vistoriando navios e embarcações na Baía de Guanabara. Outros 183 homens ficarão em Sepetiba e Itaguaí. Além disso, 120 viaturas e embarcações blindadas serão usadas. Entre elas, destaca-se o blindado JLTV, mais conhecido como "estado da arte", segundo o Capitão de Fragata e porta-voz da Operação de GLO, Rodrigo Fernandes.
Militares das Forças Armadas começam operação da GLO no Rio
GLO (Garantia da Lei e da Ordem):
- As missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) acontecem exclusivamente por ordem expressa da Presidência da República, quando há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, como a Polícia Militar e a Polícia Civil, "em graves situações de perturbação da ordem", segundo o Ministério da Defesa. Em geral, é decretada quando os governos estaduais pedem ajuda ao governo federal.
- Nas GLOs, militares recebem provisoriamente o poder de polícia, até que seja restabelecida a normalidade. As Forças Armadas ficam amparadas pelo artigo 142 da Constituição, assim como por uma lei complementar de 1999 e um decreto de 2001.
- As Forças Armadas atuam em operações de GLO desde a década de 1990. Em junho de 1992, no Rio, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92.
- Também foi empregada na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), em 2012; na Copa das Confederações e na visita do Papa Francisco a Aparecida (SP), em 2013; na Copa do Mundo, em 2014; e nos Jogos Olímpicos, em 2016. No Rio, a última operação foi entre 2017 e 2018, quando houve intervenção federal na área de segurança.
- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em 1º de novembro, uma operação de GLO em portos e aeroportos do Rio e São Paulo. O objetivo da medida é promover a "asfixia logística" de organizações criminosas que atuam nos dois estados.
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