A irmã da argentina Florencia Aranguren, de 31 anos, assassinada a facadas em Búzios, na Região dos Lagos do Rio, Mariana Aranguren e seu marido, Roberto Slowak, estiveram presentes no velório dela, que aconteceu na manhã deste sábado no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte do Rio. Amigos da estrangeira e seu inseparável cachorro Tronko também participaram da cerimônia. O animal permaneceu ao lado do caixão da tutora. As cinzas de Florencia serão levadas para Buenos Aires esta noite.
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O clima era de angústia na despedida da argentina.
— Me sinto muito abalada, mas tentando encontrar forças em honra a Flor — disse Mariana.
Ela afirmou que precisa se manter firme para lutar a fim de que o caso não fique impune.
— Será um processo longo, e temos que empenhar muito esforço para que haja justiça e o assassino receba a pena máxima — destacou.
Advogada da família no Brasil, Letícia Lins e Silva conta que Mariana e seu marido chegaram ao Brasil na manhã de 7 de dezembro, dia seguinte ao crime, após serem informados do caso por uma amiga de Florencia.
— A Mariana e o cunhado de Florencia estão devastados. Eles tiveram que reconhecer o corpo. Imagina ter que ver sua irmã e sua cunhada no estado em que ela ficou. É um crime difícil para a família compreender. Mas eles, que são jovens, estão sendo muito corajosos. Ainda tiveram que enfrentar a parte burocrática. Felizmente, as autoridades foram sensíveis. Após a liberação do corpo pelo IML, a Justiça concedeu autorização para a cremação e para que Mariana leve o cachorro para a Argentina — relatou Letícia.
Segundo ela, o casal e Tronko, ao chegarem a Buenos Aires. Lá, Mariana encontrará o pai, que já tem 80 anos, e está sendo amparado por outra filha, mais velha.
Acrobata e amante de rock, a argentina tinha apreço ainda pela arte, como mostram registros de desenhos feitos à mão publicados nas redes sociais.
A socialite Narcisa Tamborindeguy, que é amiga de Roberto Slowak e de uma tia da vítima, estava entre as pessoas que participaram do velório.
— Sou amiga da família, fui informada e estou acompanhando o caso. Achei esse crime horrível. Fiquei muito triste com essa tragédia e com a falta de segurança em Búzios, que é uma cidade que eu gosto. Fico até com medo de ir para lá e acontecer algo parecido. É muito ruim ver um estrangeiro passando por isso aqui. Tenho uma filha em idade parecida à da Florencia que gosta de trilha, e já falei para não fazer mais porque é muito perigoso. Se pega um demônio desse na frente, você acaba sem vida. Me sinto muito insegura com a violência no Brasil — disse ela.
Crime brutal: 18 golpes de faca
Florencia estava havia três dias em Búzios, para onde havia se mudado, quando decidiu, por volta das 7h do dia 6 de dezembro, fazer a trilha que leva à Praia José Gonçalves, acompanhada de Tronko. No caminho de volta, foi atacada por um homem que havia passado por ela de bicicleta momentos antes. A vítima levou 18 facadas, a maioria no pescoço, como aponta laudo do Instituo Médico-Legal de Cabo Frio. Os golpes atingiram a artéria carótida e a veia jugular direitas, provocando uma hemorragia externa e a morte.
Preso poucas horas após o crime, que é investigado pela 127ª DP (Búzios), o suspeito, Carlos José de França, foi encontrado por policiais militares em um condomínio tentando lavar manchas de sangue nas roupas. Ele já havia sido detido por estupro e roubo, por ordem do Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Papel fundamental de Tronko
Ao levar o suspeito até o local onde estava o corpo de Florencia, os policiais perceberam que Tronko tentou atacá-lo, reação que o animal não havia tido com outras pessoas na cena do crime. Isso fez com que os agentes desconfiassem do homem.
Um dia antes de ser morta, a acrobata havia levado o cachorro a uma clínica veterinária para fazer exames.
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