A Operação Dinastia, realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio, deflagrada nesta terça-feira, tem como alvo a milícia liderada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que atua em bairros da Zona Oeste do Rio. A denúncia, à qual O GLOBO teve acesso, descreve o modus operandi do miliciano, que evita o uso de aplicativos de conversa, que são rastreáveis, e tem o comparsa Andrei Santos de Melo, conhecido como Cansado ou Fechamento, como seu "garoto de recados".
Andrei é um dos 14 denunciados pelo MPRJ, apontado como "porta-voz da liderança máxima" do grupo criminoso. Para se manter na liderança da milícia, a preocupação de Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, é para que seu paradeiro não seja descoberto, segundo a denúncia.
Para se blindar, Zinho "evita se valer de meios de comunicação rastreáveis — como é o caso das conversas através do aplicativo 'WhatsApp'", tendo na figura de Andrei o seu interlocutor para passar ordens, ou obter informações de seus comparsas.
Já quando Zinho, número um da milícia, quer dar o recado por conta própria, "utiliza-se do terminal telefônico utilizado por Andrei, tudo demonstrando proximidade física entre eles, além de inegável relação de fidúcia", aponta o documento.
Definida como "Família Braga" ou "Bonde do Zinho", a maior milícia do Rio tem Zinho na liderança, após a morte de seus irmãos, Wellington da Silva Braga, o Ecko, e Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, nos anos de 2021 e 2017, respectivamente. A morte mais recente da família foi a de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número dois do grupo, durante uma operação da Polícia Civil em Santa Cruz, ocorrência que provocou uma represália com 35 ônibus incendiados pela Zona Oeste da cidade no último mês de outubro.
Rio após o caos: estações lotadas e carcaças de ônibus nas ruas
Já quando Zinho, número um da milícia, quer dar o recado por conta própria, "utiliza-se do terminal telefônico utilizado por Andrei, tudo demonstrando proximidade física entre eles, além de inegável relação de fidúcia", aponta o documento.
As milícias no Rio:
- As milícias são grupos paramilitares, que disputam com os traficantes espaço na subjugação de comunidades carentes e bairros na capital e em outros municípios fluminenses. Em 2005, reportagem do GLOBO revelou que essas quadrilhas formadas por policiais e ex-policiais tinham assumido o controle de 42 favelas na Zona Oeste do Rio.
- Após uma década de expansão e fortalecimento, os grupos milicianos dominam e exploram regiões que se espalham por dezenas de bairros do Rio e no entorno da capital, brigam por novos territórios com um arsenal militar. Corrompem, matam e se infiltram nas instituições. Quase sempre sem punição.
- Em meio a uma crise interna, a maior milícia do Rio deu, no dia 23 de outubro de 2023, uma demonstração de força e parou a capital do estado em represália à morte de um dos integrantes de sua cúpula. Após Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ser morto a tiros pela polícia, seus comparsas incendiaram 35 ônibus e um trem e impactaram o transporte público em uma dezena de bairros da Zona Oeste.
- O miliciano Zinho, chefe da maior milícia do Rio, foi preso na véspera do Natal de 2023 após se entregar na delegacia localizada na Superintendência da Polícia Federal no Rio. Segundo a PF, a prisão ocorreu após "tratativas entre os patronos" de Zinho, a corporação e a recém recriada Secretaria de Segurança Pública. O criminoso, que estava foragido, segue preso após passar por audência de custódia.
Definida como "Família Braga" ou "Bonde do Zinho", a maior milícia do Rio tem Zinho na liderança, após a morte de seus irmãos, Wellington da Silva Braga, o Ecko, e Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, nos anos de 2021 e 2017, respectivamente. A morte mais recente da família foi a de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número dois do grupo, durante uma operação da Polícia Civil em Santa Cruz, ocorrência que provocou uma represália com 35 ônibus incendiados pela Zona Oeste da cidade no último mês de outubro.
Sob a liderança de Zinho, Andrei também é apontado como uma grande liderança do grupo armado, já que "detém o domínio final dos atos criminosos", sem que qualquer ação ocorra "sem a sua ciência e autorização".
Operação Dinastia
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Federal deflagraram, na manhã desta terça-feira, a segunda fase da Operação Dinastia. O objetivo é cumprir 12 mandados de prisão preventiva e 17 mandados de busca e apreensão contra integrantes da milícia comandada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que atua em bairros da Zona Oeste carioca. Um dos mandados de prisão é contra ele, que é considerado o bandido mais procurado do estado. Cinco pessoas foram presas e houve apreensão de armas e documentos.
Esta segunda fase da investigação é um desdobramento da operação deflagrada em 25 de agosto de 2022, que também resultou na deflagração da Operação Batismo, realizada nesta segunda-feira, contra o núcleo político da organização — que teve como alvo a deputada estadual Lucinha (PSD). A ação desta terça-feira visa a desmantelar o núcleo financeiro do grupo paramilitar, identificando a estrutura de imposição de taxas ilegais a grandes empresas e pequenos comerciantes locais, assim como as contas correntes beneficiárias dessas cobranças.
Os presos nesta terça-feira são: Alessandro Calderaro, o Noque, Delson Xavier de Oliveira, Jaaziel de Paula Ferreira, Renato de Paula da Silva e William Pereira de Souza.
Os presos e o material apreendido serão encaminhados para Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio.
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