Um movimento ambiental iniciado neste sábado pretende recolher um milhão de bitucas de cigarro largadas pelas areias das praias do Rio até o fim de 2024. Neste primeiro dia, 200 voluntários participaram do mutirão de limpeza na Praia do Leme, na Zona Sul da cidade, que recolheu seis mil guimbas de cigarro — consideradas as maiores poluentes de praias e oceanos.
O projeto tem apoio da concessionária Orla Rio e do instituto Route Brasil. A iniciativa prevê ações mensais em diversos pontos da capital fluminense para o próximo ano. A ideia, segundo o criador e coordenador do projeto, Bernardo Egas, é realizar também mutirões subaquáticos. Para auxiliar no trabalho, quiosques disponibilizarão kits de limpeza para incentivar a participação das pessoas.
— Temos as praias mais lindas do mundo, mas incompatíveis com suas faixas de areia sujas. A limpeza da orla sempre foi um tema muito importante para mim. Por isso, comecei a ação sozinho, catando bitucas durante uma hora por dia, por um mês, nas praias do Leme e de Copacabana. E o movimento surgiu, com a chegada de voluntários e amigos. Em 30 dias, 25 mil guimbas de cigarro foram retiradas das areias da orla — ressaltou Egas.
A preocupação de ambientalistas e amantes da natureza não é para menos. Segundo um estudo inédito, feito em 2020 pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), os banhistas que frequentam as praias no país dividem espaço, em média, a cada trecho de 8 quilômetros, com mais de 200 mil bitucas de cigarro.
De pontas de cigarro a pranchas de surfe
A ambientalista Adriana Cassas, que uniu o projeto que realiza, Rebituca Rio, à Revolução das Bitucas, acredita que o trabalho em conjunto seja fundamental para diminuir o descarte das guimbas nas areias da orla.
— Estamos dando a destinação correta para as bitucas, que são transformadas em objetos, como pranchas de surfe e bituqueiras, que podem ser distribuídas para os quiosques oferecerem a seus clientes fumantes, evitando que joguem as guimbas nas areias — contou.
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Custo da limpeza
Um projeto de lei (PL 2.635/2023), de autoria do deputado federal Marcelo Queiroz, tramita na Câmara dos Deputados para tornar as empresas fabricantes de cigarro responsáveis pelos custos de limpeza das bitucas lançadas nas ruas e praias. A ideia é que sejam estabelecidas medidas de prevenção e reciclagem dos resíduos:
— Nada mais justo do que as empresas produtoras se responsabilizarem pelo dano ambiental que as bitucas causam. A questão da logística reversa já funciona no Brasil, mas o setor tabagista ainda não foi regulamentado. É uma medida que já funciona na Espanha, por exemplo. Não tem sentido, nos dias de hoje, termos cartões-postais, como as nossas praias, tomados por guimbas de cigarro — explicou o deputado.
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