A negociação que terminou com a prisão de Luis Antonio Da Silva Braga, o Zinho, que era considerado o inimigo número um do RJ, contou com a participação de "patronos" do miliciano. Segundo a Polícia Federal, antes de a detenção ser formalizada, na tarde deste domingo, aconteceram "tratativas" entre pessoas ligadas à defesa do criminoso — tendo à frente a advogada Leonella Vieira da Costa — com representantes da corporação e da Secretaria estadual de Segurança do Rio.
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Zinho se apresentou a agentes da Delegacia de Repressão a Drogas (DRE) e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas (Gise), ambos da PF, na Superintendência Regional da corporação, na Praça Mauá, região central do Rio. Após ser preso, o miliciano foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. Depois do cumprimento de formalidades, seguiu para o presídio Bangu1, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste da capital.
A prisão de Zinho ocorreu seis dias após a PF e o Ministério Público do Estado do Rio (MP/RJ) realizarem a Operação Batismo, que tinha como alvos o miliciano e a deputada estadual Lucinha (PSD). Segundo as investigações, a parlamentar era chamada de "madrinha" pelo criminoso. Durante a ação, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa (Alerj).
As milícias no Rio:
- As milícias são grupos paramilitares, que disputam com os traficantes espaço na subjugação de comunidades carentes e bairros na capital e em outros municípios fluminenses. Em 2005, reportagem do GLOBO revelou que essas quadrilhas formadas por policiais e ex-policiais tinham assumido o controle de 42 favelas na Zona Oeste do Rio.
- Após uma década de expansão e fortalecimento, os grupos milicianos dominam e exploram regiões que se espalham por dezenas de bairros do Rio e no entorno da capital, brigam por novos territórios com um arsenal militar. Corrompem, matam e se infiltram nas instituições. Quase sempre sem punição.
- Em meio a uma crise interna, a maior milícia do Rio deu, no dia 23 de outubro de 2023, uma demonstração de força e parou a capital do estado em represália à morte de um dos integrantes de sua cúpula. Após Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ser morto a tiros pela polícia, seus comparsas incendiaram 35 ônibus e um trem e impactaram o transporte público em uma dezena de bairros da Zona Oeste.
- O miliciano Zinho, chefe da maior milícia do Rio, foi preso na véspera do Natal de 2023 após se entregar na delegacia localizada na Superintendência da Polícia Federal no Rio. Segundo a PF, a prisão ocorreu após "tratativas entre os patronos" de Zinho, a corporação e a recém recriada Secretaria de Segurança Pública. O criminoso, que estava foragido, segue preso após passar por audência de custódia.
De acordo com fontes da PF, a decisão de Zinho de se entregar seria para tentar continuar com seus negócios criminosos e conter danos. A ação que mirou Lucinha, ainda segundo essas fontes, teria representado um revés para o grupo paramilitar chefiado por ele. A advogada do miliciano teria procurado a Polícia Federal logo após a Operação Batismo.
Confronto com milícia de Tandera
Antes de assumir o controle da milícia — que age principalmente na Zona Oeste do Rio —, Zinho era homem de confiança de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, que era chefe da quadrilha. O bandido era encarregado da contabilidade e da lavagem do dinheiro oriundo das atividades ilegais. Com a morte de Ecko durante uma operação policial, em junho de 2021, Zinho assumiu o controle do grupo paramilitar.
Atualmente, a milícia de Zinho tem como maior rival o grupo de Danilo Dias Lima, o Tandera — ex-aliado de Ecko que rompeu com ele em dezembro de 2020. Desde então, as duas quadrilhas travam um violento confronto na disputa por territórios que deixou um rastro de mortes. O confronto atingiu o ápice em setembro de 2021, quando — por ordem de Tandera — várias vans foram incendiadas na Zona Oeste, prática que continuou nos meses seguintes.
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