O temporal que atingiu, na madrugada deste domingo, a cidade e o estado do Rio causou mortes e prejuízos em diversos lugares. O Corpo de Bombeiros confirmou nesta manhã dez mortes até o momento na Zona Norte da capital e na Baixada Fluminense. Algumas vítimas ainda não foram identificadas. Há uma pessoa desaparecida ainda em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Em razão dos impactos e danos provocados pelas chuvas, o prefeito Eduardo Paes decretou situação de emergência no município. A decisão foi publicado no Diário Oficial na tarde deste domingo.
O bairro de Anchieta, na Zona Norte do Rio, teve 259,2 mm em 24 horas. É muito. Mas nem de longe perto das chuvas que caíram, por exemplo, na Rocinha, em abril de 2019, quando o acumulado em 24 horas foi de 343,4 mm, segundo o Alerta Rio. O recorde da cidade é do Sumaré, em abril de 2010, com 360,2 mm. E, de 2019 para cá, o município do Rio registrou nove episódios de chuvas superiores a 289 mm em 24 horas, de acordo com o Alerta Rio.
Tragédia na Zona Norte
Em Acari, o temporal atingiu a rede elétrica e deixou o Hospital Ronaldo Gazolla seis horas sem energia e inundou o subsolo. A clínica da família, consultórios e estacionamentos foram fechados por conta do alagamento. O secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, esteve na unidade hospitalar pela manhã deste domingo acompanhando o trabalho de rescaldo. Agentes da prefeitura e garis trabalharam durante a madrugada para escoar a água.
Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, fica seis horas sem luz e tem consultórios do subsolo
Em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio, foram usados cães farejadores nas buscas pelo homem encontrado morto, soterrado num deslizamento de terra na Rua Moraes Pinheiro. Próximo dali, em Acari, segundo os bombeiros, uma senhora foi achada morta dentro de casa na Rua Matura, provavelmente vítima de afogamento. Na Baixada, uma mulher foi encontrada sem vida na Rua General Rondon, em Nova Iguaçu, vítima de afogamento. E, em São João de Meriti, um homem foi a óbito na Rua Neuza ao ser atingido por uma descarga elétrica.
Já em Rocha Miranda, na Zona Norte, o pátio do 9º BPM ficou inundado. O Centro de Operações da prefeitura informa que o município entrou no estágio 4 (quarto nível numa escala de 5) às 02h45, devido aos elevados pluviométricos acumulados em 24 horas. Além disso, diversas ocorrências estão em andamento e provocam impactos na rotina da cidade, principalmente na Zona Norte.
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Em suas redes sociais no início da manhã, o prefeito Eduardo Paes pede que as pessoas evitem passar pela Avenida Brasil e que a prefeitura tentava restabelecer a energia no Hospital Ronaldo Gazolla. Segundo o monitoramento do município, algumas regiões da cidade registraram acumulados de chuva acima dos 200mm nas últimas 24 horas. Veja os bairros com os maiores volumes:
- Anchieta - 264,4mm
- Irajá - 213,6mm
- Madureira - 187,2mm
Região metropolitana afetada
Em Niterói, a prefeitura informa que foi atingido o recorde histórico de chuvas em uma hora: 120,2 milímetros.
O governador Cláudio Castro disse, através do X, que conversou com prefeitos das áreas mais atingidas, como na Baixada Fluminense e São Gonçalo. Ele determinou reforço nas emergências de hospitais, assim como informou sobre envio de maquinário para limpar ruas.
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Linhas de ônibus interrompidas
O temporal também atrapalha a circulação de ônibus na capital. Segundo o RioÔnibus, sindicato das empresas do setor, as linhas 300, 362, 369, 378, 388, 392, 393, 394, 397, 665 é 771 são as mais prejudicadas devido ao transbordamento do Rio Acari.
O RioÔnibus informa que os consórcios, em conjunto com a Secretaria Municipal de Transportes, estão trabalhando para buscar soluções que viabilizem a operação dessas e de outras linhas, até que tudo retorne à normalidade.
Resgate dramático e jet ski em rua inundada
Em meio à tragédia, circulam nas redes imagens de resgates dramáticos, a aparição de jacarés nas enchentes e cenas inusitadas, como um homem de jet ski na Rua dos Italianos, em frente ao Hospital Carmela Dutra, trafegando na via alagada.
No bairro Jardim América, próximo à Rodovia Presidente Dutra, uma idosa foi resgatada com ajuda de sete homens, que tinham água na altura do pescoço.
Pelo Twitter, o prefeito Eduardo Paes informa que foi montada uma base de comando da prefeitura na Pavuna e pede às pessoas que evitem se deslocar, especialmente na Zona Norte da cidade.
180 ocorrências até as 11h
Já a Secretaria de Estado de Defesa Civil (Sedec-RJ) e o Corpo de Bombeiros monitoram as precipitações em todo o estado. De acordo com o boletim das 11h, os Bombeiros atenderam a mais de 180 ocorrências relacionadas às chuvas nas últimas 24 horas, em todo o território fluminense, relacionadas a salvamentos de pessoas, inundações/alagamentos, cortes de árvores e desabamentos/deslizamentos.
Baixada Fluminense alagada
Em Belford Roxo, equipes buscam por uma vítima feminina adulta que teria desaparecido após a queda de um veículo no Rio Botas, na altura da Rua Doze, no bairro Andrade Araújo, na noite de sábado.
Moradores da Baixada relatam que, além de estarem sem o Metrô, que não chega à Pavuna, também estão com dificuldade de conseguir ônibus. De tão intensa, a chuva chegou a alagar casas em Vilar dos Teles, no município de São João de Meriti.
A Prefeitura de Duque de Caxias informou que as fortes chuvas que atingem o município, desde o início da tarde de sábado, provocaram alagamentos em vários pontos dos quatro distritos. Algumas regiões foram mais afetadas devido às chuvas mais intensas. O índice pluviométrico ultrapassou os 100 mm em 24 horas e, devido à previsão de mais chuvas nas próximas horas, o município entrou em estágio de alerta.
Pontos de alagamento
Nas últimas horas foram registrados pontos de alagamentos na Vila Maria Helena, Xerém (Beira Rio), Pilar, Amapá, Campos Elíseos, Figueira, Santa Cruz da Serra e Vila Urussai, Lagunas e Dourados, que são regiões localizadas próximas a rios e canais, cujo escoamento das águas está sendo prejudicado pela maré alta.
A Defesa Civil também acionou 14 das 18 sirenes nos quatro distritos que alertam a população para os riscos de desabamentos e alagamentos. Com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, o município instalou pontos de apoios nas áreas mais afetadas para o atendimento à população.
Em Nova Iguaçu, a prefeitura montou um gabinete de gerenciamento de crise, com a participação de várias secretarias e órgãos públicos, para analisar os impactos provocados pela chuva até que a cidade volte à normalidade. O município segue em alerta máximo. A Secretaria Municipal de Defesa Civil (SMDC)informou que foram registrados 235mm de chuva em 14 horas, entre 18h30 e 8h30, o maior volume registrado na cidade desde o início das medições dos índices pluviométricos, em 2008.
A quantidade de chuva nessas 14 horas representou 77% da média histórica do mês de janeiro, de 305,8mm. Em 24 horas, entre 8h45m de sábado e 8h45m de domingo, foram 237mm. O bairro Moquetá foi o mais atingido, com 57mm de chuva em apenas uma hora. Uma mulher está desaparecida após a queda de um veículo no Rio Botas, no trecho entre Nova Iguaçu e Belford Roxo. Equipes do Corpo de Bombeiros fazem buscas na cidade vizinha.
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