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Por — Rio de Janeiro

Mais de 24 horas depois das fortes chuvas no estado do Rio de Janeiro, os municípios fluminenses ainda enfrentam os efeitos das ruas alagadas, de deslizamentos e de acidentes. Em Comendador Soares, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, houve confusão em frente ao CRAS Estação Morro Agudo. O local, que fica em uma das regiões mais atingidas pelas chuvas, estava lotado durante a manhã desta segunda-feira. Segundo relatos dos moradores, a distribuição de senhas é feita de forma aleatória. A situação está gerando brigas no local. Pessoas desmaiadas e outras sendo carregadas em frente do centro social.

Moradores relatam ter chegado no local por volta das 9h. Eles contam que foram orientados, ontem, que não precisariam ficar na fila durante a madrugada. Nesta segunda-feira, no entanto, uma desordem na distribuição de novas senhas gerou uma confusão generalizada. Mais de mil pessoas aguardam atendimento.

— Estão todos aguardando atendimento para receber o Cartão Recomeçar, dois anos atrás o valor foi de R$ 3 mil. Ontem, distribuíram 500 senhas para atendimento hoje. Os funcionários estão distribuindo as senhas, aleatoriamente, pela grade do CRAS — explica Viviane Lopes, 44 anos.

Viviane foi mais uma vítima da chuva. Moradora de Jardim Canaã, ela conta que a água chegou na altura dos ombros em sua casa:

— É desesperador. Consegui salvar pouca coisa. Já não tinha quase nada desde a última chuva, há dois anos. Meu filho, de 3 anos, é portador do espectro autista e ficou desesperado. Moro com três dos meus filhos. Não tenho nem o que falar. Estou aqui em busca de auxílio e estamos passando por isso tudo. Não tenho nem água para lavar a casa, que está imunda — lamenta. Em sua rede social, ele postou um vídeo com a água chegando em seu pescoço.

Ela explica que a prefeitura não deu suporte até o momento, mais de 24 horas depois das chuvas. Segundo ela, não foi distribuído nem mesmo água mineral aos moradores.

'Humilhação'

Os moradores que estão na frente do CRAS relatam que as senhas estão sendo jogadas pelas grades da unidade.

— O erro vem lá de dentro, estão distribuindo senhas para a gente como se fôssemos bichos. Uma moça chegou a jogar as senhas pelas grades. Isso não se faz, é só humilhação. Com policiais não era para a situação estar assim. Nos últimos anos, quando distribuíram, não teve nada disso — conta Aline Santana, 40 anos.

Além do cartão, o município deu uma cesta básica também da última vez. Os moradores não sabem como será este ano, disseram que não avisaram. Há também relatos de vendas de senha ao longo da fila, por valores que começam em R$ 50. Neste domingo, não houve problemas com o atendimento.

Bens perdidos

Ana Cristina, de 54 anos, conta que havia recuperado poucos bens desde a última forte chuva no município, há cerca de dois anos. No entanto, o pouco que lhe restou foi perdido neste fim de semana:

— Perdemos tudo. Não conseguimos nem recuperar o que foi do passado e já veio outra. É muito difícil. Não sobrou alimento, roupa, eletrodomésticos, nada. Recuperamos sempre com muita luta. Ninguém faz nada para a situação melhorar. O Rio Botas passa logo aqui e é sempre isso - contou a moradora da Rua Ângelo Gregório, também em Comendador Soares.

A vizinha Ane Lopes, de 27, conta que na sua residência a água chegou na altura de cintura. Ela, que trabalha como técnica de enfermagem, afirma que a prefeitura não agiu até o momento.

— Ninguém deu posicionamento de nada. A gente tem o CRAS aqui do lado, mas ou você vai lá ou limpa sua casa. Só consegui dispensa do serviço hoje. Tenho filhos pequenos, então não tem como.

Segundo ela, os bens perdidos serão recuperados com “muita luta e sacrifício”.

— A gente já chorou, tentou descontrair, mas não adianta. Temos que correr atrás. Consegui recuperar parte do que perdi na última chuva em meados do ano passado só. Perdi tudo de novo. Saio de casa às 4h todo dia. Do que adianta você trabalhar, comprar tudo do zero e, daqui a pouco, vir outra chuva? — questiona Ane, que completa:

— Ninguém tem condições de morar em um lugar melhor, infelizmente. É o que a gente tem, é o que a gente consegue pagar. E ninguém dá um jeito de melhorar.

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