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Por — Rio de Janeiro

O número de novos casos de dengue registrados no início deste ano ligou o sinal de alerta no Rio. Dados da Secretaria municipal de Saúde mostram que apenas na primeira semana foram 492 diagnósticos, cerca de 70 por dia. Os números, que ainda devem aumentar nas próximas atualizações do sistema, representam um crescimento acelerado da doença, segundo o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz. O risco de os números piorarem, explica ele, aumenta com chuvas e alagamentos — como aconteceu no fim da semana.

— Em todas as epidemias de dengue, tivemos história de alagamento anterior. Tivemos um aumento grande. A gente pode entrar em uma epidemia depois de fevereiro — diz Soranz.

No ano passado, a região com mais casos da doença foi a Área de Planejamento 5.2, que abrange bairros de Campo Grande e Santíssimo, na Zona Oeste. Foram 928 casos a cada 100 mil habitantes.

O controle da proliferação dos mosquitos Aedes aegypti ainda é uma das formas mais eficazes de evitar o crescimento da doença. Em 2023, a prefeitura visitou 11, 2 milhões de imóveis, e foram tratados 2,1 milhões de possíveis focos da doença. As autoridades reforçam ser preciso manter reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos, impedindo que os mosquitos coloquem ovos e se reproduzam. O carro fumacê, por exemplo, só é eficaz para combater o mosquito na fase adulta.

Em paralelo ao controle manual, a prefeitura está em fase final de conversas com a farmacêutica japonesa Takeda para a compra de 40 mil doses da vacina contra a dengue Qdenga, que foi incorporada ao SUS no fim do ano passado. A Secretaria municipal de Saúde fará um estudo com o imunizante em adultos de 19 a 59 anos e quer iniciar a aplicação ainda no verão. O protocolo e metodologia estão na etapa de finalização com a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.

Não é apenas a capital fluminense que tem registrado aumento nos casos da dengue. Dados compilados pelo Monitora RJ, da Secretaria estadual de Saúde, mostram que o ano terminou com grande incidência em Itatiaia, sul fluminense.

O subsecretário de Vigilância em Saúde do estado, Mário Ribeiro, alerta que, enquanto 2022 foram apenas 11 mil casos de dengue em todo estado, ano passado foram quase 50 mil registros. Um dos fatores que aumentam o risco de uma maior proliferação da doença é uma possível chegada do tipo 3 do vírus, recentemente encontrado em São Paulo.

— Como ele não circula há muito tempo, as pessoas não estão imunes. A última vez que ele circulou foi na epidemia de 2002. Tem a população que, na época, não teve contato. E todos que nasceram depois disso são suscetíveis — alerta Mario.

Nos últimos dias, a Secretaria de Saúde tem feito simulados para testar a uma possível epidemia de dengue. O exercício, feito pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) prevê quatro cenários epidemiológicos diferentes para encontrar lacunas na pronta resposta à população.

Mosquitos modificados reduzem casos

Enquanto a capital vive um aumento de casos de dengue, Niterói vive um cenário estável da doença. Em todo ano passado, foram registrados 84 casos e um óbito. A cidade foi a primeira do país a ter 100% cobertura dos mosquitos modificados com a bactéria Wolbachia, que impede que o Aedes aegypti propague o vírus.

O projeto em parceria com a Fiocruz começou em 2015 e já é tratado como política pública, diz pesquisador Luciano Moreira, líder no Brasil do Programa Mundial contra os Mosquitos (da sigla em inglês WMP). Ele explica que os dados, após a universalização da cobertura em Niterói, estão sendo computados, mas lembra que um estudo em 2021 apontou uma redução de 70% dos casos de dengue em áreas que receberam esses mosquitos e 56% a menos de diagnósticos de chikungunya nessas áreas. Naquela época, cerca de 75% da cidade já haviam recebido os mosquitos modificados.

— Não é feita nenhuma modificação genética. A bactéria ela vive dentro das células do mosquito e disputa nutrientes com o vírus, e acaba vencendo. Cerca de 60% dos insetos contêm a bactéria, inclusive o pernilongo comum, mas não havia sido encontrada no Aedes — explica Moreira.

Em um primeiro momento, ovos modificados foram trazidos da Austrália, onde o estudo foi conduzido. Agora, a Fiocruz mantém em um laboratório um espaço com capacidade de produção de até 12 milhões de mosquitos por semana. No local, os insetos se reproduzem, e os filhotes já nascem com a bactéria. Após soltos na natureza, o ciclo se repete, aumentando o número de insetos modificados no ambiente.

Niterói registrou até anteontem 14 casos de dengue este ano. O baixo número de casos, no entanto, não traduz tranquilidade, e a população deve manter os cuidados. Segundo a plataforma Infodengue, da Fiocruz,o município está em “estágio de atenção” com uma incidência de 0,8 caso a cada 100 mil habitantes. A Secretária municipal de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider, ressalta que é necessário manter as visitas domiciliares em busca de focos do mosquito.

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