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Por — Rio de Janeiro

Um relatório da Polícia Federal aponta indícios de que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), recebeu aproximadamente R$ 400 mil em pagamentos indevidos entre 2017 e 2019, período em que foi vereador do Rio e vice-governador. A investigação da PF foi citada numa decisão do ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sobre a autorização de mandados de busca na casa de Vinícius Sarciá, irmão de criação de Castro. No documento, obtido pela Globonews, são discriminados os valores indevidos que Castro teria recebido: R$ 326 mil e US$ 20 mil. Em nota, a defesa do governador classificou as informações como "infundadas, velhas e requentadas" e reiterou que a delação de Marcos Vinícius, réu confesso, é criminosa e já é objeto de nulidade junto aos tribunais superiores, em razão de sua absoluta inconsistência.

Vinícius Sarciá Rocha, irmão de criação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro — Foto: Reprodução Instagram
Vinícius Sarciá Rocha, irmão de criação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro — Foto: Reprodução Instagram

"Há indícios suficientes da prática de crimes, cuja dinâmica envolve a atuação de Cláudio Castro como o agente político apoiando a atuação ilícita das pessoas jurídicas comandadas por Flávio Chadud e Marcus Vinícius Azevedo da Silva, na execução de contratos públicos", escreveu o ministro do STJ.

Em 20 de dezembro do ano passado, a PF encontrou R$ 128 mil e US$ 7,5 mil em dinheiro vivo na casa do irmão do governador Cláudio Castro. Na ocasião, também foram apreendidas anotações e planilhas com nomes, valores e porcentagens. Vinícius Sarciá foi um dos alvos de uma operação que apura fraudes em projetos sociais do governo fluminense.

Na decisão obtida pela Globonews o ministro destacou que Cláudio Castro recebeu propina em dinheiro vivo em casa, no estacionamento de um shopping, na casa de um assessor e na sede de uma empresa com contratos com o Estado. Ele também teria sacado propina nos Estados Unidos, durante uma viagem à Disney, depois que o suborno foi depositado pelo empresário na conta bancária do atual governador, no Brasil.

O conteúdo da decisão do STJ revela ainda as trocas de mensagens em que Castro combina com dois empresários acusados de corrupção a entrega das propinas. Alguns desses trechos foram reproduzidos pelo ministro Raul Araújo, na decisão.

Em uma dessas ocasiões, em 2019, quando ele já era vice-governador, a decisão cita o empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva, preso em julho de 2019, acusado de participar de um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII, órgão do governo responsável por projetos de assistência social.

Em conversa com um operador financeiro, Marcus Vinícius diz: "Preciso de R$ 80 mil pro fim do dia de amanhã".

O operador responde: "Tenho 80 no cofre, se você quiser consigo te entregar isso hoje ainda".

Marcus Vinícius marca um encontro com Cláudio Castro para o dia seguinte: "Assim que sair da vice-governadoria", diz o empresário.

Na decisão, o ministro Raul Araújo citou uma visita do então vice-governador ao empresário Flávio Chadud, em julho de 2019, em um shopping da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Flávio é dono da Sevlog, empresa que tinha contratos com a Fundação Leão XIII. Depois que Castro assumiu o cargo de vice-governador, no início de 2019, a fundação passou a ser subordinada a ele.

O ministro escreveu na decisão que "as câmeras registraram o momento em que Cláudio Castro chega ao local, às 9h15, sendo recebido por Flávio Chadud, oportunidade na qual o primeiro portava uma maleta aparentemente vazia". A suspeita da Polícia Federal é que o valor da propina seja de R$ 100 mil.

Raul Araújo segue: "Ao saírem do local, às 10h33, as imagens registram nítida diferença de volume na maleta, a alicerçar a conclusão pelo provável recebimento de vantagem indevida por parte de Cláudio Castro".

Segundo o relatório da PF citado pelo ministro do STJ, "a hipótese criminal é de que Cláudio Castro teria recebido vantagem indevida, dinheiro em espécie, em troca de sua atuação na ordenação de despesa de pagamento de nota fiscal da empresa Servlog em execução fraudulenta de contratos públicos celebrados com o Estado", dizia a decisão.

Um dia após o encontro com Castro, Flávio Chadud foi preso na Operação Catarata, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O empresário foi acusado de participar de um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII.

A decisão do STJ lista ainda outros episódios envolvendo o atual governador do Rio de Janeiro.

"Em contexto indicativo da referência a pagamentos indevidos, os envolvidos utilizam, diversas vezes, da expressão "relatório"", analisa o ministro Raul Araújo.

Em outro trecho da decisão, o ministro reproduz uma troca de mensagens de abril de 2018, quando Castro ainda era vereador do Rio. Segundo o documento, Castro vinha conversando com o empresário Marcus Vinícius. Ele determina que o operador financeiro "saque 40k (fim daquele compromisso antigo".

Três dias depois, ainda segundo a decisão do STJ, Castro fala para Marcus Vinícius: "Fiquei de te encontrar na sexta, mas nem consegui".

"Me avisa o dia essa semana", escreveu Castro.

Marcus Vinícius então responde: "Já está comigo", indicando que o encontro envolvia a entrega de algo, como analisou o ministro na decisão.

"O encontro apenas pôde ser realizado em 18/04/2018, quando Marcus Vinícius convida Cláudio Castro para tomar um café em sua residência, destacando que o 'relatório esta[...] aqui comigo para eu lhe mostrar', o que é aceito por Cláudio Castro", escreve o ministro do STJ.

Outro caso que aparece no relatório da PF aponta que houve pagamento de propina para Castro, em novembro de 2017. Na conversa analisada, Marcus Vinícius faz um pedido ao operador financeiro:"26 para hoje, não esquece".

O operador responde: "Já to indo para a rua. 10h começo sacando".

O ministro Raul Araújo escreve: "No mesmo dia, às 16h09, Marcus Vinícius questiona a Rafael Teixeira se 'conseguiu sacar tudo', informando depois que 'Cláudio está aqui'".

De acordo com a decisão do STJ, o operador respondeu que chegaria em cinco minutos, às 17h26. O ministro então completa:

"Em paralelo, às 17h47, Marcus Vinícius envia mensagens a Cláudio Castro, questionando onde o último se encontra e organizando um ponto de encontro 'na frente da C&C', nome de uma loja localizada no Shopping Via Parque, próximo ao Shopping Downtown", escreveu o ministro.

Depois de detalhar todas as suspeitas apuradas pela Polícia Federal, Raul Araújo afirmou que há "indícios suficientes da prática de crimes".

O Superior Tribunal de Justiça autorizou no mês passado a quebra do sigilo bancário, fiscal e de dados do governador Cláudio Castro. Vinícius Sarciá, irmão de criação do governador, foi alvo de busca e apreensão.

A defesa do governador ressalta ainda que as informações não passam de acusações infundadas, velhas e requentadas, muitas delas já exaustivamente publicadas pela própria mídia. Portanto, não há fatos novos desde 2019.

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