Autorizada desde novembro, e válida até o próximo mês de maio, a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) emprega as Forças Armadas nos aeroportos do Galeão e de Guarulhos, assim como nos portos do Rio, de Itaguaí (RJ) e de Santos (SP). Nos portos, a Marinha do Brasil mobilizou seu efetivo, inclusive o de blindados, usados também durante a instalação das UPPs e na missão de paz no Haiti. A equipe do GLOBO visitou o Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, instalado no Complexo Naval da Ilha do Governador, na última semana e mostra como são os veículos por dentro, além de como é viajar a bordo caçula da frota, o JLTV; e do Carro Lagarta Anfíbio (Clanf), dentro da Baía de Guanabara.
- Lesões na coluna, queimaduras e afogamentos: veja alertas de médicos e bombeiros para riscos na hora do lazer no verão
- Carnaval em jogo: sobrinho de Castor, Rogério de Andrade volta à Mocidade e mostra força na Liga por fazer frente à milícia
Veja como são os blindados da Marinha por dentro
Com 72 blindados atualmente, a unidade recebe desde o último ano unidades do JLTV — já chegaram oito de um lote de 12 — que têm capacidade para quatro tripulantes. O fundo em formato de “V”, diferentemente de seus antecessores, que tinham a parte de baixo chata, funciona como uma arma para proteger os ocupantes contra minas, oferecendo mais chance de sobrevivência.
Esse formato ajuda ainda a dissipar a energia cinética. Na Marinha americana, por exemplo, o JLTV substitui o Hummer, veículo considerado ultrapassado para essas novas ameaças.
— As ameaças do campo de batalha mudaram: desde (as guerras) do Afeganistão e do Iraque, com os explosivos improvisados, ou também com as minas ou armamentos anticarro. A guerra é uma coisa que não para, então, uma arma é construída para destruir outra, que, por sua vez, constrói coisas para se defender — explica o capitão de fragata Fernando Zonzin, comandante do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais.
Confira o vídeo a bordo do blindado:
Veja como são os blindados da Marinha por dentro
Como é o JLTV?
O JLTV tem capacidade para quatro ocupantes — dois nos bancos da frente e dois atrás —, e os militares, para atirar, precisam subir na chamada “estação de armamento”, instalada sobre o blindado. Ela é acessada pelos ocupantes dos assentos traseiros, lugar em que o combatente pode ficar em pé ou sentado sobre um banco suspenso, onde acionará o lançador de granadas ou as metralhadoras .50 e 7,62 mm. O blindado é útil para "interiorização" da tropa e defesa do pessoal embarcado, e pode ser empregado para infiltração e reconhecimento de áreas, além de patrulhar, estabelecer pontos de observação e vigilância e escoltar comboios.
No JLTV ainda há um conjunto de baterias que mantêm os equipamentos elétricos e eletrônicos alimentados até com a viatura desligada por quatro horas. A bordo do veículo, há um computador — o drive smart display unit (DSDU) — pelo qual o operador pode operar todo o sistema da viatura:
- Controle da temperatura de operação;
- Nível dos fluidos;
- Vida útil dos filtros;
- Pressão ideal dos pneus;
- Imagens das câmeras de ré e frontal;
- Informa se há alguma falha nos sistemas;
- Altura da suspensão.
O último tópico, por exemplo, pode ser visto facilmente. Com o veículo estacionado, ele parece ser rebaixado, com os pneus próximos à lataria. Mas esses 2,20m podem ser ampliados em 1 metro, graças a essa suspensão, atingindo 3,26m de altura. O veículo atinge 122 km/h e é o mais veloz da frota.
Piranha e M113
Seu antecessor, o Piranha, tem nome inspirado no peixe do Pantanal, que destrói inimigos. Montado sobre oito rodas, feitas para ter autonomia até se atingidas por tiros, o modelo estreou na Marinha brasileira na missão de paz do Haiti, na qual a Organização das Nações Unidas especificou que as tropas não podiam causar danos às cidades em que passassem, o que poderia acontecer com veículos disponíveis, como o M113.
O M113 e o Piranha dispõem de estações de armamento semelhantes, que operam com as metralhadoras 12.7mm, 7.62mm e 5.56mm. No Piranha há, ainda, a possibilidade de atirar com um lançador de granadas LAG 40SB. Ambos os blindados, seja o M113 (sobre lagarta) ou Piranha (sobre rodas), têm capacidade de vencer cursos d’água. No caso do Clanf (Carro Lagarta Anfíbio), o blindado pode ainda vencer ondas e navegar até em condições de mar mais severas. Os dois primeiros têm capacidade de transportar até 11 militares armados e equipados, além de dois operadores do veículo. Já o Clanf transporta até 22 militares, além de três militares de sua tripulação.
Clanf
Integrante de outro batalhão — o de Viaturas Anfíbias, localizado em São Gonçalo —, o Clanf pesa 22 toneladas, que chega a 24 caso esteja carregado. Seu grande diferencial, como veículo anfíbio, é a versatilidade, percorrendo terra ou mar.
Além dos dois bancos ao lado das laterais do veículo, a parte interna pode ter ainda um terceiro banco instalado entre os dois para transportar mais militares. Sem necessidade de uma embarcação levá-lo até a areia, ele pode ser lançado do navio da Marinha na água e chegar sozinho à terra firme.
Dois hidrojets (jatos de água para propulsão) estão instalados em suas laterais, um de cada lado, que o permite navegar, transferindo a potência do motor da lagarta para os hidrojets, conforme explica o capitão-tenente Leonardo Costa, oficial de operações do Batalhão de Viaturas Anfíbias. Nas laterais há ainda bolsões de ar, que garantem sua flutuabilidade. Se na água ele pode chegar aos 13 km/h, em terra, atinge os 70 km/h. À frente do veículo, uma prancha de navegação está instalada, que permite mais estabilidade durante a navegação.
SK-105
O carro de combate da equipe é o SK-105, com numeração que faz referência ao calibre do canhão. É o blindado de menor capacidade de transporte de tropa, com três ocupantes.
Além de um operador (equivalente ao piloto), instalado abaixo do cano do armamento, outros dois militares ficam entre o canhão: o comandante e o atirador, que sentem a estrutura tremer quando um tiro é disparado.
Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio