Rio
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Por — Rio de Janeiro

É aos poucos: de porta em porta, a cultura vai dando outra cara para o Centro do Rio. Grupos de teatro, música e fotografia que foram contemplados no programa Reviver Centro Cultural vão ter carta-branca para começar a ocupar os sobrados e casarões antigos da região. Os primeiros contratos serão assinados com a prefeitura nesta terça-feira.

Um dos endereços fica na Travessa do Comércio, número 16. O prédio foi construído no século 19, e mais de cem anos depois, vai se tornar um espaço de produção de arte queer (de minorias sexuais e de gênero).

O “QueeRIOca”, como batizou a idealizadora Laura Castro, em parceria à esposa Cristina Flores, tem o objetivo de ser uma residência para artistas da comunidade LGBTQIA+, que vão produzir e apresentar peças teatrais, shows, exposições, palestras, oficinas e debates.

— A gente está muito feliz. É um sonho se tornando realidade. Somos duas artistas, casadas há seis anos, e trabalhamos com a temática queer, que fala sobre famílias homoafetivas. A gente vem planejando este projeto desde a pandemia. O QueeRIOca como um espaço de parceria e criação aberto a todos — conta Laura.

No andar de cima, vai funcionar o bistrô “Angela Ro Ro”: um bar com música ao vivo, com direito a piano e atabaque. No subsolo vai ser um teatro que pode ser usado como sala de cinema. A parceria com o Slam das Minas, um grupo de competição de poesia falada do Rio, é uma aposta delas para proporcionar um encontro com o público que passa pela Praça XV. Depois das obras e decoração, a previsão é inaugurar o espaço no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

No total, 84 projetos foram credenciados no programa da prefeitura, lançado em janeiro do ano passado. Os critérios utilizados foram os de sustentabilidade financeira no longo prazo, a forma de ocupação, o nível de interação com o espaço público e a capacidade de operar em horários alternativos (à noite e nos fins de semana).

Antes, o município abriu o cadastramento para proprietários de imóveis interessados em participar, e 39 endereços foram registrados. A prioridade foram as lojas de fachada e térreas, entre as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco e as ruas Primeiro de Março e da Assembleia, além de um trecho da Orla Conde. Depois, abriu inscrições para projetos artísticos e culturais. Os que são habilitados ficam responsáveis pela negociação do aluguel dos imóveis, e pela apresentação do contrato de locação junto à prefeitura.

Após a assinatura do contrato, para incentivar os novos ocupantes, a prefeitura vai pagar reformas de até R$ 192 mil (mil reais por metro quadrado) e até R$ 14,4 mil mensais (R$ 75 por metro quadrado) para cobrir despesas como aluguel e conta de energia elétrica por, no máximo, quatro anos. Uma contrapartida é ficar pelo menos 30 meses no imóvel — tempo padrão para contratos de aluguel, que serão firmados diretamente entre os representantes dos projetos e os proprietários dos imóveis.

— Os primeiros projetos do Reviver Cultural começam a sair do papel. Vamos ver em breve muito movimento e cultura no Centro, com apoio da prefeitura. Isso vai significar o desenvolvimento econômico da região e da cidade, e mais opções de lazer ao carioca — afirma Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico do Rio.

Centro de fotografia, museu e ateliê

Bem perto do QueeRIOca, no número 11 da Travessa do Comércio, vai funcionar o Centro Carioca de Fotografia, uma espécie de galeria especializada, tendo o Rio como temática principal. A iniciativa foi pensada por Renata Xavier, fotógrafa há mais de 20 anos. Além de exposições rotativas com passeios guiados, no espaço vai funcionar uma escola de fotografia e um estúdio. Lá, ela também pretende fazer festivais de arte.

Loja da Travessa do Comércio, número 11, no Arco do Teles, vai receber Centro Carioca de Fotografia — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
Loja da Travessa do Comércio, número 11, no Arco do Teles, vai receber Centro Carioca de Fotografia — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

— O Rio é uma das cidades mais fotogênicas e mais fotografadas do mundo, mas com poucos espaços dedicados exclusivamente à fotografia. Quando surgiu essa oportunidade, eu me inscrevi e fiquei muito feliz que o projeto foi aceito. A ideia é trazer para o Rio um espaço para integrar o ensino de fotografia, exposições culturais e a história da fotografia da cidade. Quero dar espaço para os cronistas visuais cariocas e expor o cotidiano de várias regiões diferentes — conta Renata.

Segundo ela, a expectativa é que as obras de reforma comecem depois do carnaval, e que a inauguração oficial aconteça em maio. O prédio é de 1920, outro centenário, localizado bem ao lado do Arco do Teles. A inspiração da fotógrafa foi a falta, somada às experiências de visita em galerias de Paris, Nova York e Barcelona, cidades do mundo que também apostaram na cultura como estratégia para reocupar as ruas esvaziadas.

— Fazer reviver os centros das cidades históricas, através da cultura, foi eficaz em vários países. O Soho, em Nova York, nos Estados Unidos, por exemplo, foi ocupado por artistas de tal forma que fez com que as pessoas enxergassem o bairro de outra forma. A mesma coisa aconteceu no Brooklyn, e em Barcelona, na Espanha. Eu acho que estamos indo por um caminho certo. O Rio tem lugares belíssimos, cheios de memória — acrescenta a fotógrafa.

Perto dos consagrados centros culturais Banco do Brasil, dos Correios e da Justiça Eleitoral, no número 22 da Rua Primeiro de Março, vai funcionar o Museu da Caricatura Brasileira. O acervo será a coleção particular do historiador e caricaturista Luciano Magno, autor da obra “História da Caricatura Brasileira”. A proposta é mostrar o acervo de forma itinerante, em exposições, e pela internet. O objetivo é resgatar, preservar e divulgar a memória da caricatura brasileira.

Outra iniciativa que vai ter o contrato assinado com a prefeitura é o Arrecife Rio: um ateliê para artistas, que terá na programação exposições, intervenções artísticas, cursos de longa e curta duração, workshops, e eventos culturais. O endereço é Rua do Rosário, número 61, loja A.

A maioria dos prédios é histórica e remonta ao século XIX e ao início do XX, com características da arquitetura clássica e neoclássica. Alguns têm pé-direito de cinco metros. Imóveis que ficaram anos a fio de portas fechadas, agora poderão, quem sabe, ser vistos de outra maneira pela cidade.

— As pessoas vão sentir o Rio mudando em um relance de olhar. São lojas que vão trazer um movimento importante para essa região do Centro. Esse imóvel do projeto QueeRIOca, por exemplo, é histórico, e estava há dez anos vazio. Como ele, tem vários outros — afirma Claudio Castro, da Sergio Castro Imóveis, que administra pelo menos 15 das propriedades cadastradas.

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