Rio
PUBLICIDADE
Por e — Rio de Janeiro

Num terreno do Exército em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, onde as primeiras casas foram construídas a partir da década de 1920, surgiu a Vila Vintém. A comunidade se tornou berço de duas escolas de samba, a Mocidade Independente (1955) e a Unidos de Padre Miguel (1957), vencedora da Série Ouro em 2024. Cerca de 30 anos de surgir, a favela ganhou notoriedade ao virar sobrenome do fundador da facção do tráfico Amigos dos Amigos (ADA). Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, de 63 anos, saiu da cadeia em outubro de 2022 após cumprir 25 anos de pena. Apesar de não ter cargo na Unidos de Padre Miguel, ele é visto na quadra da escola, ao lado de sua esposa, Deise Mara de Sousa Rodrigues. Neta do casal, Lara Mara Rodrigues da Costa, de 19 anos, é diretora de carnaval da agremiação.

A paixão de Lara pela UPM, como é conhecida a Unidos, fez com que a jovem tatuasse na perna o boi vermelho, símbolo da agremiação. Na entrega do troféu à campeã na Quarta-Feira de Cinzas, lá estava ela segurando a taça ao lado da avó. Bem relacionada, Lara também desfilou este ano na Mocidade, na Imperatriz e na Vila Isabel. Celsinho afirma em redes sociais que se dedica hoje a uma empresa especializada na criação de porcos. Seu orgulho é um suíno, reprodutor de boa fama, que pesa 270 quilos.

Fora da elite há 52 anos

Em 2025, a Unidos de Padre Miguel voltará a desfilar no Grupo Especial — e já contratou um carnavalesco de primeiro time: Alexandre Louzada, que saiu da Unidos da Tijuca, e vai se juntar a Lucas Milato. A última participação na elite da folia aconteceu há 52 anos, em 1972, quando a escola caiu com o enredo “Madureira, seu samba, sua história”. A partir daí, foram sucessivos rebaixamentos, chegando a disputar o Grupo D (equivalente à quinta divisão) em 2005, quando foi campeã na Estrada Intendente Magalhães, na Zona Norte do Rio, com o enredo “Abram alas que eu quero passar. Sou carnaval carioca, sou Unidos de Padre Miguel”.

O presente e o passado da UPM se misturam aos da Mocidade. Ano que vem, as duas coirmãs vão estar na elite do carnaval. No entanto, em meados da década de 50, quando foram fundadas e desfilavam perto da estação de trem do bairro, integrantes das duas escolas alimentavam rivalidades. Quem se apresentava na UPM era chamado de boi vermelho. Já o pessoal da Mocidade era apelidado pelos rivais de arroz com couve, em referência às cores da agremiação. Mas a amizade entre as vizinhas prevaleceu, tanto que chegaram a participar juntas de uma virada de mesa em 1971, que garantiu a permanência das duas na elite do carnaval.

— Foi tudo combinado. Elas não tinham força na época. O Castor de Andrade nem era da Mocidade naquele tempo. Houve muita invasão de pista (durante o desfile). Então, decidiram, antes mesmo da apuração, fazer com que as duas não caíssem. Ou seja, as últimas não desceram. A Mocidade teve o enredo “Rapsódia de Saudade”, talvez o samba mais bonito da história. Elas foram as últimas colocadas (Mocidade em nono lugar e UPM em décimo). A invasão de pista atrapalhou muito, sobretudo o desfile da Mocidade. Por isso, houve esta definição. E aí as duas desfilaram em 1972 na elite. Em 1972, a Mocidade se salva (do rebaixamento), mas a Unidos não — conta o jornalista, pesquisador e escritor Fábio Fabato.

Criada em 1954, por representantes da Zona Rural, com o símbolo do boi vermelho, a escola só foi registrada na Associação de Escolas do Rio de Janeiro (ASESRJ) em 1957. Suas cores (vermelho e branco) teriam sido escolhidas em homenagem a Guilherme da Silveira Filho, dono da fábrica de tecidos de Bangu, que doava material para os desfile. Ele também foi presidente do Bangu Atlético Clube, entre 1937 e 1949, time que tem as mesmas cores. Em 1959, a escola foi campeã pela primeira vez na segunda divisão. No mesmo ano, iniciou a construção da quadra para ensaios. O espaço foi doado por Valdomiro José de Almeida, o Suruba, que na época, além de mestre-sala da escola, também era dono de um terreno onde havia uma pequena criação de gado.

— O seu Valdomiro foi o primeiro mestre-sala da escola. Tinha esse apelido, porque vendida bolinho de aipim com carne, que era conhecido na época como Suruba — ensina o compositor Neuso Sebastião de Amorim, o Tiãozinho da Mocidade.

A UPM chegou a ter o bicheiro Castor de Andrade como patrono, mas o contraventor acabou optando por ficar apenas na Mocidade.

Mais recente Próxima Rio terá feriadão e segurança reforçada no G20, em novembro

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

A decisão do candidato da oposição de deixar a Venezuela por temer pela sua vida e pela da sua família ocorreu depois de ter sido processado pelo Ministério Público por cinco crimes relacionados com a sua função eleitoral

Saiba como foi a fuga de Edmundo González, candidato de oposição da Venezuela ameaçado por Nicolás Maduro

Cidade contabiliza 21 casos desde 2022; prefeitura destaca cuidados necessários

Mpox em Niterói: secretária de Saúde diz que doença está sob controle

Esteve por lá Faisal Bin Khalid, da casa real da Arábia Saudita

Um príncipe árabe se esbaldou na loja da brasileira Granado em Paris

Escolhe o que beber pela qualidade de calorias ou pelo açúcar? Compare a cerveja e o refrigerante

Qual bebida tem mais açúcar: refrigerante ou cerveja?

Ex-jogadores Stephen Gostkowski e Malcolm Butler estiveram em São Paulo no fim de semana e, em entrevista exclusiva ao GLOBO, contaram como foi o contato com os torcedores do país

Lendas dos Patriots se surpreendem com carinho dos brasileiros pela NFL: 'Falamos a língua do futebol americano'

Karen Dunn tem treinado candidatos democratas à Presidência desde 2008, e seus métodos foram descritos por uma de suas 'alunas', Hillary Clinton, como 'amor bruto'

Uma advogada sem medo de dizer verdades duras aos políticos: conheça a preparadora de debates de Kamala Harris

Simples oferta de tecnologia não garante sucesso, mas associada a uma boa estratégia pedagógica, mostra resultados promissores

Escolas desconectadas

O mito do macho promíscuo e da fêmea recatada surgiu de uma especulação de Charles Darwin para explicar a cauda dos pavões

Sexo animal

Cuiabá tem o maior tempo médio de espera, com 197 dias para o paciente ser atendido; e Maceió, o menor, com 7,75 dias

Fila para consulta médica no SUS dura mais de 1 mês em ao menos 13 capitais; tema vira alvo de promessas eleitorais