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Por — Rio de Janeiro

Um símbolo do descaso está por trás das enchentes que têm tirado vidas e causado prejuízos nas últimas décadas na Baixada Fluminense. É o Rio Botas, que nasce na Serra de Madureira, em Nova Iguaçu, e deságua no Rio Iguaçu, em Belford Roxo. Ao longo de seus 25 quilômetros, o que se vê são montanhas lixo e construções praticamente sobre a água. Assim como anteontem, um temporal em janeiro fez o rio transbordar, o que causou a morte de uma pessoa. Logo em seguida, veio à tona a promessa de obras para dar um fim às perdas recorrentes.

Quarenta dias depois, uma nova tragédia assolou a região e nenhum sinal da solução. Em janeiro, a Casa Civil do governo estadual apresentou à União um projeto para recuperar a Bacia do Rio Iguaçu-Botas e Sarapuí no valor de R$ 733 milhões. O mesmo fez a prefeitura do Rio que pediu R$ 768 milhões para acabar com as cheias do Rio Acari, que também causou estragos no mês passado. Os dois projetos estariam sendo tratados como prioridade em Brasília. No entanto, O GLOBO perguntou ao governo federal se algum dos projetos já foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e a informação foi de que não há atualização sobre esses pedidos.

A força das águas

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou ontem que a cheia do Botas foi provocada pelo grande volume de chuvas e que não recebeu qualquer comunicado sobre rompimento de represa na região, como chegou a ser cogitado diante da força da enxurrada pelas ruas de Nova Iguaçu. Especialista em geotécnica pelo Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC), Luciano Machado explicou que essa torrente pode ser evitada com a construção de estruturas de amortecimento, áreas que acumulam temporariamente as águas:

— A Baixada Fluminense é uma região plana que tem à sua volta diversas montanhas. Com as chuvas, a água que vem das partes mais altas desce ganhando energia. Por isso, nós vemos aquela enxurrada chegando com muita força às cidades. Uma das medidas que podem ser tomadas é construir estruturas de amortecimento para diminuir a energia das águas. Essas estruturas fazem com que a água que chegue ao rio, entre com uma força menor e não provoque tantas enchentes.

Segundo Machado, essas estruturas estão previstas no Projeto Iguaçu, que foi idealizado na década de 1990 e iniciado em 2007, mas parado em 2012. Ao todo, foram empregados cerca de R$ 500 milhões, entre verbas federais e contrapartida estadual, dos R$ 2 bilhões previstos. Entre outras intervenções, foram realizadas obras de dragagem e o reassentamento de cerca de três mil famílias que viviam em área de risco.

— O Projeto Iguaçu tinha várias medidas para conter os impactos das chuvas e enchentes e evitar deslizamentos, mas desde 2012 estão paradas. Já estamos em 2024 e ainda não foram retomadas. As chuvas acontecem todos os anos, os eventos climáticos estão piorando, mas existe solução. É preciso política pública para pensar em ocupações mais ordenadas e motivação política para tirar as ideias do papel — disse.

Em nota, o estado informou que o governador Cláudio Castro se reuniu, em Brasília, com o ministro das cidades, Jader Filho, e com o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, no início deste mês “para acelerar obras de prevenção a desastres naturais, com foco no projeto voltado à recuperação ambiental das bacias dos rios Iguaçu-Botas e Sarapuí”.

Investimentos do estado

O governo também afirmou que está investindo mais de R$ 4 bilhões em obras para a prevenção de desastres, como intervenções de macrodrenagem, contenção de encostas e limpeza de rios em todo o estado. Acrescentou que, desde 15 de janeiro, o Inea executa a limpeza e o desassoreamento em cerca de um quilômetro do Rio Botas. Já foram removidos cerca de 13.200 metros cúbicos de sedimentos.

Já a prefeitura de Nova Iguaçu informou que iniciou, em julho de 2020, uma obra de canalização do Rio Botas no trecho de Comendador Soares e Ouro Preto. O projeto, que tem aprovação do Inea, fez o alargamento das margens de sete para 14 metros e aumentou a profundidade de um metro e meio para três metros em uma extensão de 1,2 quilômetro. Eles também disseram que realizam, constantemente, serviços de desassoreamento e limpeza dos rios da cidade.

O município ainda destacou que o Rio Botas corta outros municípios, como Belford Roxo e Duque de Caxias, e que, “para reduzir a possibilidade de transbordo, é necessário que obras sejam realizadas também em trechos fora de Nova Iguaçu”. A prefeitura de Belford Roxo disse que tem feito limpeza constantemente nos bueiros e nas ruas do entorno do Rio Botas, que está sendo dragado pelo Inea, e que somente o estado pode fazer obra no rio.

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