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Por — Rio de Janeiro

O temporal da última quarta-feira fez duas vítimas na cidade de Japeri, na Baixada Fluminense. Ana Caroline Sodré, de 24 anos, morreu no bairro da Chacrinha, enquanto Calebe Jefferson Veloso Costa, de 1 ano e 8 meses, perdeu a vida no bairro Vila Carmelita, ambos após um barranco cair sobre as casas em que estavam abrigados durante as chuvas. Calebe tinha uma irmã gêmea, Jade, que sobreviveu. E, enquanto a mãe, Cristiane Talita da Costa Varela, estava à base de remédios para suportar a dor, seu sogro, José Carlos Amorim de Oliveira, que se considera avô de Calebe, relembrava a noite de terror vivida pela família.

O menino Caleb, morto após deslizamento em Japeri — Foto: TV Globo/Reprodução
O menino Caleb, morto após deslizamento em Japeri — Foto: TV Globo/Reprodução

"(Na noite de quarta-feira), eu estava com água na altura da cintura na minha casa, que fica no mesmo bairro, e, quando chove, vira um mar. Peguei minha família e fui para a casa de um dos meus filhos, Willaymison, para nos abrigar, porque fica numa rua mais alta (a Rua do Mocambo). O mesmo fez meu outro filho, Marlon, com sua mulher, Cristiane, que levaram os filhos dela, gêmeos, Calebe e Jade, de 1 ano e 8 meses, para também abrigá-los do temporal.

Eu estava indo com minha família, quando vi tudo acontecer e a casa foi abaixo. Mais três minutos, eu teria entrado, e teriam ficado mais 10 pessoas embaixo, sufocados, passando o perrengue que o menino passou. Corri para o terreno, cheio de escombros, e fomos tirando a lama, na unha. Quem chegou do trabalho, de trem, desceu de roupa e tudo, para dentro da lama para nos ajudar.

O resgate começou às 22h e acabou quase à meia-noite. O que piorou a situação é que o Calebe aspirou mais ou menos meio botijão de gás, e, quando encontramos o corpo dele, ele já estava mole, amarelo e ficando roxo.

Isso me parte o coração. Não tenho mais o menino para falar 'vovô, vamos tomar um café?'. Ele não é meu neto biológico, mas meu filho cuida dele desde pequeno. Então é meu neto de coração. Fico pensando na irmãzinha dele, que já está bem. Ela só teve uma torção no pé, que está inchado.

Quando a Defesa Civil chegou, ela entrou igual ao povo, fazendo o resgate na unha. De que adianta? Não tem estrutura, sequer para coordenar a retirada de alguém. É um bairro em obra e não tinha uma máquina que pudesse nos ajudar? Sempre foi essa luta. Nunca tivemos ninguém a nosso favor, e daqui a pouco, chegando a eleição, começa a aparecer um montão deles (políticos).

Se me chega uma Defesa Civil montada, ou o Samu, que já chegou de manhã, o Calebe estava vivo. Minha vontade foi de dar com pau na ambulância. Essa atitude não traria meu ente querido de volta, mas dá vontade. Dá uma revolta.

Todas as chuvas alagam aqui e eu já não tenho mais nada. Tudo que tenho lá em casa, faço no tijolo. É armário, sofá, cama, tudo de tijolo, porque não tenho mais como comprar nada."

José Carlos Amorim de Oliveira* em depoimento a João Vitor Costa

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