A Prefeitura de Búzios identificou um terreno no Centro da cidade como um dos focos da infestação atual de escorpiões-amarelos. O município está sendo monitorado pelo Instituto Vital Brazil, que coletou 200 animais neste ano. Uma reunião do Instituto com a Vigilância municipal, na próxima quinta-feira, vai reavaliar a situação. Em 2024 houve a ocorrência, até esta segunda-feira, de 86 acidentes por escorpião: 61 deles foram leves e 25 graves.
- Búzios tem infestação de escorpião mais venenoso do Brasil: Centro, Ferradura e João Fernandes tiveram ocorrências
- Em caso de emergência: Saiba o que fazer se for picado por um escorpião
— Esta pode ser considerada uma infestação expressiva, mas a situação é muito localizada, em um único terreno no Centro e algumas ocorrências esporádicas em outros locais. A partir da identificação, fizemos uma articulação com o Instituto Vital Brazil para o controle. Estamos em tratativas para que Búzios tenha o soro escorpiônico na rede municipal — afirma Denis Ferraz, coordenador da Vigilância Ambiental de Búzios.
O terreno em questão, segundo Denis, é propício ao aparecimento dos escorpiões:
— É uma área de mata que tinha muito entulho, material residual de obra, misturada com vegetação. Com o calor e as chuvas, e o fato de eles serem de fácil procriação, sem a necessidade de machos para reproduzir, acaba facilitando o aumento de ocorrências — explica o coordenador de vigilância.
A primeira constatação da presença de escorpiões-amarelos em Búzios aconteceu em 2002, durante as construções de condomínios residenciais em uma área de mata, no entorno do Centro e dos bairros de Ferradura e Ferradurinha. Desde então, a Vigilância Ambiental do município começou a monitorar o aparecimento da espécie.
No início de janeiro, o Instituto Vital Brazil esteve em Búzios para uma visita técnica. O relatório da visita ainda está sendo elaborado. O monitoramento da espécie é feito por meio da ação local de agentes de controle de endemia, denúncias ou quando há casos de picada. Nesta semana, eles receberam dois chamados de moradores que viram escorpiões. O primeiro foi de um encontrado em uma roupa pendurada no varal, e o segundo encontrado em uma boia de nadar, numa praia.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e o Instituto Vital Brazil (IVB) informaram que a presença de escorpiões tem aumentado nos últimos anos em áreas do estado do Rio onde antes eram menos frequentes. O informe diz que "as razões para isso ainda estão sendo estudadas, mas as mudanças climáticas podem ser apontadas como um dos fatores", e que, além disso, alguns fatores foram destacados, como "a disponibilidade de acesso para adentrarem ao ambiente; abrigo que permita que fiquem protegidos de predadores e de macromudanças ambientais; alimento abundante e água da mesma forma."
De Paraty a Búzios, veja imagens de dez praias imperdíveis no estado do Rio de Janeiro
— No primeiro caso, mandamos equipe e não encontramos o animal. No segundo, ainda estamos identificando o bairro para realizar a busca ativa no local — informou Denis.
A orientação caso encontre um escorpião é acionar a Vigilância ambiental pelos números (22) 2350-6010, ramal 6252. E, em caso de picada, procurar o hospital mais próximo.
Soro antiescorpiônico
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou ainda que o estado do Rio tem ampolas suficientes de soro antiescorpiônico para atender os acidentes com picadas do animal e lembrou que os casos leves não requerem tratamento soroterápico. O Ministério da Saúde é o responsável pelo envio do soro à secretaria, que distribui aos polos de atendimento após uma análise da necessidade de cada região, considerando a ocorrência de acidentes ao longo dos anos.
A secretaria informou também que faz o monitoramento em tempo real através da Coordenação de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde (Cievs) durante 24 horas para dar informações sobre acidentes em determinadas regiões e a partir daí fazer o direcionamento das doses de soro para uma área específica.
A Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde recomenda que pessoas que não têm treinamento, não devem tocar em escorpiões, e destacou cuidados para as áreas interna e externa dos ambientes:
- Evitar o acúmulo de lixo.
- Manter as lixeiras fechadas.
- Manter jardins e quintais limpos.
- Tomar cuidado ao manipular objetos onde os escorpiões possam se esconder.
Turismo
Mesmo em meio à infestação do escorpião-amarelo, a rede hoteleira da cidade turística de Búzios não sofreu impactos, segundo a Associação dos Hotéis de Búzios.
— A movimentação de turistas está normal. Essa questão é bastante conhecida aqui na região há alguns anos. Eles aparecem em áreas mais alagadiças e em ambientes de entulho. Os hotéis têm uma preocupação específica com dedetização e tratamento do paisagismo para evitar a proliferação dos animais — disse Thomas.
Nessa época, segundo explica, ocorre uma diminuição de demanda, que é natural no período pós-carnaval e de retomada das aulas. Para ele, a questão dos escorpiões está sob controle.
— Alguns condomínios da região chegam a ter criação de predadores do escorpião, como a galinha da angola, para ajudar a controlar o ambiente — acrescenta.
A Secretaria municipal de Turismo de Búzios informou que “os escorpiões estão restritos a áreas como descampados e matas, sem qualquer presença em áreas urbanas habitadas, residências ou hotéis” e que “não há impacto significativo no fluxo turístico da cidade”.
Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio