O bicheiro Bernardo Bello Pimentel Barbosa é alvo de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), deflagrada nesta quinta-feira. A operação tem como foco o cumprimento de mandados de prisão e apreensão em estabelecimentos comerciais usados para lavar dinheiro do contraventor, segundo os investigadores. Foragido da polícia, Bello tem uma extensa lista de crimes associados ao seu nome. Ele é acusado de ter tramado pelo menos dois homicídios, sendo um deles contra seu rival e o outro contra um desafeto, além de responder por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Bid Garcia
Bello é apontado como mandante da morte do bicheiro Alcebíades Paes Garcia, o Bid, irmão do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, morto em 28 de setembro de 2004, e tio de Shanna e Tamara Garcia. Segundo as investigações da Delegacia de Homicídio da Capital, o homicídio de Bid foi motivado pelas disputas de pontos de contravenção e exploração de máquinas de caça-níqueis na cidade.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público por ser o "mentor intelectual" da morte e chegou a ser preso pelo crime na Colômbia, em janeiro de 2022. Em maio do mesmo ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um habeas corpus a Bello para que ele respondesse ao processo em liberdade.
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Na época, foi determinado que o bicheiro se apresentasse à Justiça de dois em dois meses e ficasse proibido de sair de casa sem autorização ou de mudar de endereço. No entanto, o Ministério Público acusou Bello de descumprir as medidas cautelares impostas desde o final de novembro de 2022, quando passou a ser considerado foragido em outro processo que respondia. Nessa ocasião, ele foi acusado de ser um dos chefes da contravenção no Rio, sendo alvo da Operação Fim de Linha do Ministério Público estadual, mas não foi localizado.
Em março do ano passado, Bello foi intimado, por ligação no celular, a comparecer a uma audiência na 1ª Vara Criminal do Rio sobre o processo da morte de Bid. O oficial de Justiça responsável ligou para o bicheiro, que atendeu a chamada e foi informado sobre a sessão. Posteriormente, enviou mensagens pelo WhatsApp, reforçando os detalhes sobre a audiência. O oficial de Justiça comunicou a intimação no processo e anexou prints das mensagens para Bello, que apenas respondeu com "Boa tarde".
Morte de advogado
Bello também é associado ao assassinato do advogado Carlos Daniel Dias. De acordo com as investigações,o advogado se tornou alvo de bicheiro por ter orientado um desafeto de Allan Diego Magalhães Aguiar, braço financeiro da organização criminosa do contraventor, a procurar uma delegacia para fazer um registro de ocorrência.
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O conflito teria começado quando, após uma divergência, Allan Diego expulsou o sócio do negócio, com a ajuda de um bando armado. Marcello, então, decidiu entrar na Justiça e procurou apoio de Carlos Daniel como advogado. Após tentativas de conciliação frustradas, o advogado aconselhou o cliente a registrar uma ocorrência na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) para explicar o golpe sofrido por parte do sócio. Isso provocou irritação em Allan Diego, que relatou a Bello a exposição causada pelo ex-sócio aos negócios ilícitos do bando.
Segundo as investigações, inicialmente, a ordem do contraventor era para executar Magalhães. Ao tomar conhecimento que a orientação foi dada por Carlos Daniel, Allan Diego e Magalhães voltaram a se entender e, segundo a polícia, o contraventor decidiu que a vítima seria o advogado. Após ser monitorados por oito dias, o carro blindado de Carlos Daniel foi atacado numa emboscada, quando estava parado num sinal. O atirador aproveitou uma pequena brecha do vidro do carona aberto para atirar, executando a vítima. A polícia e o Gaeco apontaram Rodrigo Palomé da Silva como autor dos disparos e Isaquiel Geovani Fraga, responsável por pilotar a moto usada na abordagem. Marcelo Sarmento Mendes, vulgo Repolhão, foi acusado de coordenar a execução. Como Bello, este último também está foragido.
Lavagem de dinheiro
Em novembro de 2022, Bello foi alvo da Operação Fim da Linha, com foco na repressão a crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro proveniente da exploração de jogos de azar. A investigação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-RJ, a partir da identificação do responsável por confeccionar as cartelas para bingos ilegais explorados por organizações criminosas no Rio, entre os quais um descoberto em Copacabana, Zona Sul do Rio.
Para viabilizar, potencializar e assegurar vantagens financeiras, as organizações utilizam diferentes modos de fraudar os resultados dos jogos, corrompem policiais militares e usam violência para a conquista de território. Na época, Bello não foi encontrado.
Nesta quinta-feira, ele é alvo de uma operação também focada na lavagem de dinheiro. Os agentes foram cumprir oito mandados de prisão e oito de busca e apreensão, expedidos pela Justiça, em estabelecimentos comerciais. Segundo os investigadores, as empresas faziam parte de um esquema de lavagem de dinheiro do contraventor, que está foragido. Além dele, há mandados de prisão preventiva contra seu ex-cunhado, Allan Diego Magalhães Aguiar, que já se encontra preso por um homicídio. Bello segue foragido.
Ataque contra Shanna Garcia
No documentário 'Vale o Escrito', Shanna Garcia responsabiliza Bello pela tentativa de assassinato que sofreu em 2019. Na ocasião, ela se feriu e precisou ser socorrida e encaminhada para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste.
No ano seguinte, Bello foi alvo de uma operação que investigava o crime. Na época, os agentes também estiveram na casa de Tamara Arouche, irmã gêmea de Shanna e ex-mulher do Bernardo Bello.
Desde a morte do Waldemir Paes Garcia, o Maninho, pai das gêmeas, Bello teria assumido o controle do território e suspendido o pagamento da participação dos integrantes da família no lucro da jogatina.
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