O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), realiza a segunda fase da operação Jammer na manhã desta terça-feira. Nesta fase, o GAECO/MPRJ denunciou à Justiça seis pessoas pelo crime de organização criminosa voltada à exploração clandestina de atividades de telecomunicação, televisão e internet – o chamado "gatonet" – por uma quadrilha na Zona Norte do Rio. O esquema criminoso era liderado por Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, e Ronnie Lessa, denunciados na primeira fase da operação. Três homens foram presos. Eles eram alvos de mandado de prisão. Os agentes ainda cumprem sete mandados de busca e apreensão.
Os mandados são cumpridos em Rocha Miranda, Honório Gurgel e Irajá, todos na Zona Norte, e foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa. Os alvos dos mandados de prisão são: Alexandro de Oliveira Silva, Luciano Eloi Figueiredo e Sandro Alex Lopes Quintino. Esta operação conta com o apoio da DC-Polinter e do 9º Batalhão de Polícia Militar (Rocha Miranda).
As investigações revelaram recolhimentos de diversos pagamentos feitos pelos seis denunciados, repassados para Suel, e saldo de conta no valor de R$ 234.345,34. Em um caderno apreendido nesta manhã, há anotações da contabilidade do grupo. Uma das páginas mostra a cobrança na Avenida dos Italianos, em Rocha Miranda, onde constam o endereço, o primeiro nome e os valores de fevereiro deste ano.
Segundo o MPRJ, na denúncia, uma conversa na qual um dos envolvidos lamenta o aumento de pena imposta a Suel, pela obstrução de Justiça relacionada ao caso Marielle Franco e Anderson Gomes, demonstra a relação dos criminosos com o ex-bombeiro. Nas mensagens, Suel é tratado como "patrão" pelos acusados, de acordo com as investigações.
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Em outras conversas, que também constam na denúncia, segundo o MPRJ, a quadrilha fala de ações relacionadas ao "gatonet". Entre os dados estão cortes no fornecimento do serviço e planilhas de clientes.
Esquema também foi alvo na primeira fase da operação
A primeira fase da operação Jammer foi deflagrada em agosto de 2023, em conjunto com a Polícia Federal. As investigações apontaram que, desde 2018, Suel e Ronnie estruturaram o “gatonet” nos bairros Rocha Miranda, Colégio, Coelho Neto e Honório Gurgel, todos na Zona Norte. Na configuração inicial da organização criminosa, Suel é descrito como "dono" da operação e agia como sócio-administrador. Entre as funções, supervisionava todo o trabalho desenvolvido pelos subordinados, controlava os investimentos e assegurava que houvesse apenas o serviço do grupo. Já Lessa assumiu a posição de sócio-investidor, injetando dinheiro em troca de participação nos lucros.
De acordo com as investigações, o dinheiro arrecadado na exploração dos serviços criminosos na Zona Norte foi utilizado para o pagamento do advogado do ex-policial militar Élcio Queiróz, denunciado pela participação no crime que matou Marielle Franco e Anderson Gomes, em 2018.
Na Jammer I foi descoberto que o advogado de Élcio foi escolhido por Ronnie Lessa e era pago por Suel, com o dinheiro da exploração de "gatonet". Segundo os investigadores, Suel também ficou responsável por prestar ajuda financeira para a família de Élcio. O auxílio, de acordo com denúncia oferecida à Justiça, tinha "o evidente objetivo de evitar que ele rompesse com os comparsas e viesse a se dissociar de Ronnie em sua tese defensiva ou, ainda, voluntariamente auxiliar a Justiça, seja confessando os fatos, seja figurando como réu colaborador".
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