O elenco do Salgueiro para o próximo carnaval foi anunciado neste domingo, durante uma feijoada na quadra da escola. Além de novo carnavalesco, novo intérprete e novo coreógrafo da comissão de frente, os torcedores foram apresentados ao novo patrono da agremiação: o contraventor Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, anunciado como alguém que vá "ajudar a comunidade".
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Suspeito de comandar a máfia do cigarro em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Adilsinho —contemplado pela decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o trancamento desse processo contra ele e outros 39 réus — ganhou os holofotes durante a pandemia da Covid-19, ao fazer uma festa de aniversário para 500 convidados no Copacabana Palace. Na ocasião, vídeos na internet viralizaram, por mostrar a aglomeração e grande número de pessoas sem máscara.
A comemoração teve ainda a apresentação dos cantores Alexandre Pires, Gusttavo Lima, Ludmilla e Mumuzinho, mas o hotel foi multado pela prefeitura em R$ 15 mil, e também ficou impedido de realizar festas por 15 dias.
Neste domingo, Adilsinho foi colocado diante da bateria do Salgueiro, onde curtiu o samba, ao lado do presidente André Vaz, que detalhou "dificuldade de arrecadação mensal" por parte da escola.
— A gente tem mais uma pessoa que vai ajudar o nosso carnaval, vai ajudar a comandar a escola, vai ajudar a levar a escola ao patamar que o Salgueiro merece. O Adilsinho está chegando aqui para ser o nosso patrono, para ser nosso amigo, para ajudar a comunidade, dar suporte aos segmentos, aos funcionários — discursou André Vaz durante o evento, conforme veiculado pelo site "Carnavalesco".
A promessa ainda é de que, com Adilsinho, a escola encontre "parceiros" para poder "estabilizar o salário" dos componentes da escola, conforme dito por Vaz. No último carnaval, o Salgueiro recebeu R$ 4,35 milhões de subsídios do Governo do Estado (R$ 2,2 milhões) e da prefeitura (R$ 2,15 milhões) — a previsão era de que esse montante chegasse a R$ 10 milhões, somados ainda patrocínios e arrecadação com ingressos.
Já Adilsinho, que vestiu uma camisa vermelha com o nome "Salgueiro" estampado em branco, disse ser "um prazer enorme" estar na quadra:
— Espero com a minha chegada conseguir estar levando o Salgueiro, junto com todo o pessoal, o presidente, os segmentos. Sem vocês é difícil. Espero contribuir bastante.
Em nota, o Salgueiro informa que Adilsinho "desempenhará um papel fundamental na retomada das atividades esportivas na Vila Olímpica da agremiação", assim como oferecerá "suporte essencial às iniciativas sociais que beneficiam a comunidade salgueirense".
Campeã do carnaval por nove vezes, a vermelho e branca da Tijuca levantou a taça pela última vez em 2009. Os outros títulos foram em 1960, 1963, 1965, 1969, 1971, 1974,1975 e 1993. Neste ano, o Salgueiro ficou na quarta colocação.
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Ligação de Adilsinho com Rogério Andrade e Vinicius Drumond
Primo do presidente de honra da Acadêmicos do Grande Rio, o contraventor Hélio Ribeiro de Oliveira (Helinho), Adilsinho agora terá uma escola sob sua influência. Conforme O GLOBO noticiou, Adilsinho teria a ambição de se tornar um capo da contravenção.
Sua intenção seria, segundo conversa interceptada pela Polícia Federal, a de criar uma nova cúpula do jogo do bicho. Aliados a ele estariam ainda Rogério Andrade — patrono da Mocidade e herdeiro do tio, Castor de Andrade, que morreu em 1997 — e Vinicius Drumond, vice-presidente da Imperatriz e filho do contraventor Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho, morto em 2020.
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Adilsinho e Rogério teriam recebido carta-branca de Sabrina Garcia, viúva do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, assassinado em 2004, e de Shanna Garcia, filha de Maninho, para tomar pontos do contraventor Bernardo Bello. Além de filho de Waldemiro Paes Garcia, o Miro, patrono do Salgueiro que também morreu em 2004, Maninho também foi herdeiro de Ângelo Maria Longa, o Tio Patinhas, seu padrinho, que morreu em 1986.
Atualmente foragido, Bello é ex-genro de Maninho, já que foi marido de Tamara Garcia, irmã gêmea de Shanna, e era o responsável por gerir os pontos de jogo do bicho da família Garcia, na Tijuca — região em que o Salgueiro está sediado — e na Zona Sul, áreas lucrativas para a contravenção. Os herdeiros de Maninho teriam resistência a Bello por não receberem repasses dos lucros do jogo.
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Adilsinho — suspeito de ser o mandante do assassinato do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, e de Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, ocorridas em novembro de 2022 — chegou a ser alvo de mandado de prisão temporária em 2023, por esse crime, mas o mandado foi revogado no último mês de agosto.
Catiri estaria à frente dos negócios de Bello. O assassinato do miliciano estaria relacionado à "tomada dos pontos de jogo explorados pelo contraventor Bernardo Bello, por Adilsinho, Rogério Andrade e Vinicius Drummond, que estariam tentando estabelecer uma nova cúpula do jogo do bicho", conforme documentado em relatório da Delegacia de Homicídios.
Procurada, a defesa de Adilsinho preferiu não se manifestar.
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