Patrícia Gomes, a caixa do banheiro central da Rodoviária Novo Rio, que estancou o sangue do petroleiro Bruno Lima da Costa — baleado durante o sequestro do ônibus que parou a região por cerca de três horas — abriu nesta terça-feira uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 30 mil. Em fevereiro, após enchente que castigou a Baixada Fluminense, sua casa, em Duque de Caxias, ficou debaixo d'água, e só a geladeira foi salva. Desde então, Patrícia, que é mãe solo de três crianças, vinha fazendo horas extras no trabalho para custear a reforma da residência e comprar novos móveis.
— Muitas pessoas, até mesmo algumas bem próximas, não sabiam da situação da minha casa desde a enchente, e nem que era eu a mulher que estancou o sangue do Bruno na rodoviária. Com a repercussão do caso muita gente me procurou oferecendo ajuda, então eu aceitei começar essa vaquinha virtual porque eu realmente preciso dar andamento na obra da minha casa — relatou Patrícia. Responsável pelos três filhos, ela "considera válido aceitar as doações": — Todo e qualquer valor será investido na minha obra e na alimentação dos meus filhos — completou.
Desde a enchente, Patrícia tem feito horas e mais horas extras para reconstruir a moradia que foi inundada até a altura da cintura. Os filhos — uma menina de 10, outra de 13 e um garoto de 14 anos — estão morando temporariamente com avó paterna. A casa, ainda no chapisco com cimento, com fiações a amostra, sem móveis e com madeiras improvisadas como porta, ainda "não está em condições para as crianças".
— Ainda não estou conseguindo fazer mais horas no trabalho porque tenho passado mal, então essas doações podem me ajudar até eu conseguir continuar trabalhar mais e conquistar as minhas coisas para dentro de casa e para os meus filhos — afirmou Patrícia, que é hipertensa e desde o trauma do sequestro não está conseguindo controlar a pressão alta.
Imagens do circuito interno da rodoviária mostram Bruno andando cambaleando logo após ser baleado. Uma das mãos do petroleiro está sobre o peito, Patrícia o ampara e, logo após, ele se senta. É possível ver o momento em que a mulher tira a blusa para colocá-la sobre o ferimento do rapaz. Um funcionário da rodoviária se aproxima para tentar ajudar. Sete minutos depois uma maca chega e Bruno é socorrido.
No dia do sequestro, Patrícia, assim como Bruno, foi levada para o Hospital municipal Souza Aguiar, no centro da cidade, mas ela não se recorda de nada que aconteceu a partir do momento que saiu da rodoviária. Segundo ela, a memória só ficou clara quando estava em casa.
De acordo com as atualizações do Hospital Samaritano Botafogo, para onde Bruno foi transferido, ele segue em estado grave, mas apresenta sinais de estabilização e sem necessidade de medicamentos para manter a pressão arterial. O rapaz, que sofreu perfurações no coração, pulmão e baço, segue respirando com ajuda de aparelhos.
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