Rio
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O delegado Rivaldo Barbosa, um dos suspeitos presos na manhã deste domingo, foi chefe de Polícia Civil durante as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, de março a dezembro de 2018. Na época, o Rio estava sob intervenção federal. Foi Rivaldo quem deu o aval para o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, apontado como mandante do crime, segundo a delação de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, que o crime ficaria impune. Além dele, o irmão de Domingos, o deputado federal Chiquinho Brazão, foi delatado como suspeito de ordenar a execução da parlamentar.

Foi Rivaldo também quem levou ao titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Giniton Lages, encarregado do caso e escolhido por ele, a informação de que três delegados da Polícia Federal teriam conseguido achar uma suposta testemunha do crime, mas se tratava de uma farsa, o que foi comprovado pela PF numa apuração paralela, conhecida como "investigação da investigação'".

Na primeira fase do caso Marielle, Rivaldo ligou para Giniton e mandou que ele interrogasse o então policial militar Rodrigo Ferreira, o Ferreirinha, apresentado como testemunha de uma conversa entre Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, e o vereador Marcello Siciliano, em que teriam planejado matar a vereadora. Mas a versão era falsa, como foi confirmado, dez meses depois, numa apuração paralela da Polícia federal, que ficou conhecida como "investigação da investigação".

Dias depois da morte de Marielle, Rivaldo se reuniu com parlamentares da bancada do PSOL para garantir que o crime seria esclarecido o mais rápido possível. Em entrevista, o delegado chegou a dizer: "Nós estamos no caminho certo. A complexidade está na forma de atuação dos assassinos. Mas, a gente está fazendo de tudo para esclarecer essa atividade criminosa".

Antes de ser chefe de Polícia Civil, Rivaldo foi subsecretário da Subsecretaria de Inteligência da Segurança, durante um período quando o secretário de Segurança era o delegado da Polícia Federal José Mariano Beltrame, na gestão do ex-governador Sérgio Cabral. Em seguida, Rivaldo ocupou os cargos de titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e diretor da Divisão de Homicídios, responsável pelas três delegacias que elucidam assassinatos no estado. Atualmente, ele se encontra à frente da Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais, que cuida da operação com rádios da corporação, algo praticamente em desuso. Rivaldo foi preso em casa, num condomínio em Jacarepaguá.

Delegado teria recebido para atrapalhar investigações

O delegado está na mira das investigações desde 2019. Em maio daquele ano, o delegado da PF Leandro Almada, hoje superintendente regional da PF no Rio, assinou um relatório reservado afirmando que Barbosa deveria ser investigado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio). Segundo Lauro Jardim, ele era suspeito de ter recebido uma propina de R$ 400 mil para atrapalhar as investigações do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Em diversas falas durante sua gestão na corporação, no entanto, alegava que a Polícia Civil tinha condições de investigar o crime e que o caso estaria próximo de ser solucionado. Um dia após o assassinato da vereadora, Barbosa afirmou que a Polícia Civil tinha “condições de elucidar o cargo”. Na época, o então chefe da corporação afirmou que “a polícia sempre trabalhou integrada” e que se “as polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar ou Guarda Municipal” quisessem ajudar, a Civil aceitaria.

Em abril, Barbosa alegou que a polícia estava “no caminho certo” e que a “complexidade está na forma de atuação dos assassinos”. À época, o delegado disse que não comentaria sobre a principal hipótese para o crime:

— O que podemos dizer é que nós não vamos descansar enquanto não solucionar o caso. Existem protocolos para serem estabelecidos. O que posso garantir é que todos os protocolos estão sendo rigorosamente cumpridos. Claro que têm coisas que a gente não pode dizer, e que a Polícia Civil, o Ministério Público estadual e a Justiça do Rio, numa ação integrada, sabem.

Miliciano denunciou atuação de delegado na Polícia Civil

Em 2018, ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando de Curicica, — então confinado numa cela de seis metros quadrados na Penitenciária Federal de Mossoró (RN)— acusou a cúpula da Polícia Civil de acobertar assassinatos por contraventores do Rio. Na época, ele era investigado pelo homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes.

— Existe um batalhão de assassinos agindo por dinheiro, a maioria oriunda da contravenção. A DH e o chefe de Polícia, Rivaldo Barbosa, sabem quem são, mas recebem dinheiro de contraventores para não tocar ou direcionar as investigações — disse Orlando à época.

Logo depois, Barbosa se pronunciou por meio de nota: “O chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, repudia a tentativa de um miliciano altamente perigoso, que responde a 12 homicídios, de colocar em risco uma investigação que está sendo conduzida com dedicação e seriedade. Ao acusado foram dadas amplas oportunidades pela Polícia Civil para que pudesse colaborar com as investigações do duplo homicídio dentro do estrito cumprimento da lei”, dizia um trecho.

Em outro trecho do posicionamento, a Polícia Civil afirmou que “nenhum esforço” era poupado para a “elucidação do caso”, e que “todas as técnicas e recursos disponíveis” eram empregados no trabalho de investigação. A nota dizia ainda que “o chefe” da corporação garantia: “o caso Marielle e Anderson está muito próximo de sua elucidação”.

'Foi um choque', diz irmã de Marielle Franco sobre prisão de delegado

Irmã de Marielle Franco, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco afirmou que a família está "em choque" com a prisão delegado. De acordo com a ministra, Marielle confiava em Barbosa e ele prometia à família que resolver o crime "era questão de honra".

— É difícil, foi uma surpresa, um choque. A maior surpresa do dia é o Rivaldo e busca e apreensão do Giniton Lage. Rivaldo é uma pessoa que a Mari confiava, que falava para minha mãe: "eu vou resolver, é uma questão de honra resolver esse crime". Ele é nomeado em 13 de março, a gente está em choque, está com raiva, mas eu acho que mais do que nunca é preciso acompanhar esse crime, garantir que as prisões aconteçam e eles respondam pelos seus atos — disse Anielle ao GLOBO.

'Como assim mataram a Marielle?'

Marcelo Freixo, presidente da Embratur e com quem Marielle trabalhou por cerca de 10 anos, disse, em entrevista ao vivo ao "Jornal GloboNews", na GloboNews, que a primeira pessoa para quem ligou ao saber da morte da vereadora foi o delegado Rivaldo. O delegado, segundo contou, demonstrou surpresa ao saber da notícia.

— Eu liguei para o Rivaldo quando eu tomei conhecimento da morte da Marielle, a Fernanda (Chaves) estava no carro. Fernanda trabalhou comigo e junto com a Marielle por 10 anos, então eu tomei conhecimento imediatamente do que aconteceu e eu me desloquei pro local, eu liguei para o Rivaldo e falei: Rivaldo, mataram a Marielle. Eu não precisei explicar para ele quem era Marielle. Ele sabia quem era. Eu liguei e falei: Rivaldo, mataram a Marielle e eu estou indo para lá. É perto da Prefeitura, eu não sei direito, manda a polícia para lá. E ele, e eu lembro perfeitamente, e é isso que está me deixando indignado e perplexo, ele reagiu com surpresa e disse, "como assim mataram a Marielle?". Porque, se ele sabia, é inacreditável. Um negócio muito sério.

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