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Segundo investigação da Polícia Federal, a advogada e empresária Erika Andrade de Almeida Araújo, esposa do ex-chefe de Polícia Civil Rivaldo Barbosa, preso neste domingo, é "testa de ferro" do marido nas "empresas de fachada" criadas pelo delegado para lavar o dinheiro adquirido de maneira ilícita ao longo dos anos em que esteve à frente da Delegacia de Homicídios da capital. Erika auxiliou na lavagem de dinheiro, constituindo, juntamente com marido empresas que operavam na área de consultoria: a Mais I Consultoria Empresarial LTDA e Armis Consultoria Empresarial Eireli.

Ela figura como "sacadora de valores das contas da empresa". Segundo a PF, há evidências de que Barbosa era o administrador, de fato, das empresas e o responsável pela interlocução com clientes e apresentação do portfólio de serviços. A análise bancária mostrou que, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2019, Erika movimentou mais de R$ 7 milhões.

No período em que esteve à frente da DH da capital, de 9 de janeiro de 2012 a 26 de outubro de 2015, e em 27 de outubro de 2015, quando assumiu a direção da Divisão de Homicídios, onde permaneceu até 5 de março de 2018, a PF afirma que Rivaldo Barbosa recebeu vantagens indevidas da contravenção para não investigar e ou não deixar investigar os homicídios praticados pelas organizações criminosas, decorrentes das disputas territoriais para exploração do “jogo do bicho”. O que fica demonstrado na declaração de bens do delegado que teve aumentado considerável de seu patrimônio, adquirindo, por exemplo, diversos imóveis.

O delegado e sua mulher começaram na iniciativa privada em 2014, quando abriram a Mais I Consultoria Empresarial. Érika Araújo, que é formada em administração e Direito, atuou como advogada na Fragata Antunes e Advogados Associados por menos de dois anos, entre 2007 e 2009. Depois, trabalhou na Prefeitura do Rio de Janeiro, entre março de 2009 e maio de 2014. Diferentemente do marido, em seu currículo não informa quaisquer experiências, cursos ou trabalhos na área de inteligência e informações.

Segundo informações fornecidas pelas instituições financeiras ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Erika declarou ser sócia de duas empresas e trabalhar como “Inspetora de Qualidade”, possuindo uma remuneração de R$ 28.920,56. O que se observou foi, em poucos meses, um salto significativo da renda de Erika, tendo em vista que antes da constituição das empresas seu maior salário havia sido em torno de R$ 4.830,00, quando esteve vinculada à prefeitura do Rio de Janeiro.

Ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa no IML, em Brasília — Foto: Brenno Carvalho
Ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa no IML, em Brasília — Foto: Brenno Carvalho

A investigação da PF destaca que poucos meses após a constituição das empresas, elas já estavam recebendo grandes aportes de capital de grandes empresas consolidadas no mercado. Um desses aportes foi citado na denúncia do Ministério Público do Rio, em 2018, na qual o delegado e outros sete investigados foram denunciados por crimes contra a Lei de Licitações. Na ocasião, a empresa da família de Rivaldo Barbosa recebeu R$ 160 mil por consultoria à Light Distribuidora de Energia. Na época, o MP chegou a pedir à Justiça o afastamento de Rivaldo da chefia da polícia.

No relatório contábil (DRE - Demonstração do Resultado do Exercício) de uma das empresas (Armis) foi declarado um lucro líquido de R$ 558.886,09, somente no período de 01 de maio de 2017 a 31 de dezembro de 2017, o que representa, em média, um lucro líquido de quase R$ 70.000,00 mensais.

Como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro — Foto: Reprodução
Como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro — Foto: Reprodução

Conforme informações divulgadas pelo COAF, a empresa Mais I Consultoria declarou à instituição financeira um faturamento de R$ 20.000,00 por mês. No entanto, diz o relatório, "ao verificar o montante que adentrou às contas da empresa no período de 01 de junho de 2016 a 18 de junho de 2018, constatou-se uma movimentação a crédito de R$1.072.598,00 e a débito de R$ 1.141.159,00. Ou seja, um valor mais de duas vezes superior ao faturamento esperado (R$ 480.000,00) no período, tomando como base o valor declarado.

O relatório diz ainda que para dificultar o rastro do dinheiro, a empresa adotava uma estratégia pouco recomendada: "a preferência pelos saques em espécie diante das inúmeras outras possibilidades mais seguras e práticas, como a utilização de transferências bancárias, por exemplo. O documento destaca ainda uma dessas altas quantias sacada por Erika das contas da empresa, no valor de R$ 880.019,46.

Além da movimentação incompatível com a renda e faturamento declarados, com base nos dados do Coaf, a PF ainda aponta a ocorrência altíssima de operações financeiras em espécie como saques e depósitos com origem não identificada; grande movimentação de recursos entre contas das empresas no nome do casal e de seus familiares, sendo parte via transações em espécie e o aumento consideravelmente do patrimônio, sobretudo em razão da aquisição de imóveis.

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