Rio
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Por — São Gonçalo e Niterói

A interrupção do fornecimento de água do Sistema Imunana-Laranjal em razão da contaminação por tolueno prejudica o funcionamento de escolas em São Gonçalo e Niterói, no Grande Rio. Nesta sexta-feira, unidades nos dois municípios tiveram alteração nos horários ou nem abriram as portas. O abastecimento nas duas cidades está interrompido desde a manhã da última quarta-feira, após testes de qualidade da água da Cedae apontarem a presença da substância.

Em São Gonçalo, no Instituto de Educação Clélia Nanci, no bairro Brasilândia, o horário de aula foi reduzido nesta sexta-feira. O turno da manhã está tendo aulas das 7h às 10h, em vez de 12h30, e o da tarde tem entrada às 13h e saída às 16h, em vez de 18h15. A escola tem duas cisternas, e mesmo assim, chegou a faltar água na quinta-feira.

A professora de ciências Nathália Araujo, de 32 anos, disse que no condomínio onde mora, no Centro, só tem água em três momentos do dia.

— Os síndicos de cada bloco estão organizando o racionamento. Ainda tem água na cisterna, mas só abrem os registros em três horários. De 7h às 7h30, de 12h às 12h30, e à noite, por volta das 20h. Comprei água por aplicativo, mas já acabou tudo. No mercado, nem tentei porque soube que não tem mais — lamentou a professora.

A Unidade Municipalizada Jardim de Infância Menino Jesus e a Escola Municipal Presidente Castelo Branco, no Centro, estão entre as escolas fechadas na cidade. A rede municipal de São Gonçalo tem 117 escolas e cerca de 50 mil alunos matriculados. Em nota, a Secretaria de Educação do município informou que as aulas na rede municipal de ensino estão suspensas a partir desta sexta-feira, em decorrência do corte no fornecimento de água no município. A secretaria informou ainda que as aulas serão retomadas assim que o abastecimento for normalizado. Os demais serviços da prefeitura seguem funcionando normalmente.

No Jardim Catarina, o aposentado Eronildo da Ferreira, de 68 anos, está sem água desde segunda-feira. O bairro deveria ter sido abastecido na última quarta, mas com a interrupção, a água não chegou a ser distribuída.

— Aqui tem dia para cair água, que seria na quarta-feira, mas não caiu, porque fecharam. Estou desde segunda esperando. Consegui um pouco de água com o vizinho, que tem uma cisterna e está me ajudando. Levo garrafas pet e encho. Estou tomando meio banho, tem que segurar — conta.

No bairro Boavista, também falta água. A cozinheira Ednalva Nascimento, de 55 anos, teve que contratar um carro-pipa para abastecer o restaurante da família, o Sabor Caseiro.

— Estamos desde quarta-feira à tarde sem água. Na quinta, a gente teve que comprar galão. Além de cozinhar o dia inteiro, tive que levar as panelas para lavar em casa. Mas minha água acabou hoje de manhã. Hoje não teve jeito, tivemos que comprar o caminhão-pipa para o restaurante, R$250 por 8 mil litros de água. Para fazer a comida, a gente teve que comprar oito galões de 20 litros. Não dá para cozinhar sem água. E a gente tem que trabalhar, pagar as contas. Água não tem, mas a conta vem — disse Ednalva.

No Jardim Catarina há fila de espera por caminhões-pipa. Desde a manhã de quinta-feira, Rosângela de Oliveira, recém-operada de um câncer, aguardava a vez de ser abastecida. O caminhão chegou à casa dela na manhã desta sexta-feira.

— Fiz a retirada de um rim há algumas semanas. Estou em tratamento de um câncer renal. Não tenho como ficar sem água. Tentei dividir com os vizinhos, mas ninguém tinha dinheiro, tive que pagar sozinha. Tenho uma lanchonete que nem abro desde quarta. Não ganho lá e aqui tive que me virar — conta.

Enquanto abastecia a casa de Rosângela, o técnico do caminhão-pipa foi abordado por pelo menos outras duas pessoas que perguntavam sobre o preço e detalhes do serviço na região.

Mudança na rotina também em Niterói

Em Niterói, região também afetada com a suspensão do abastecimento, 13 escolas da rede municipal tiveram aulas suspensas nesta sexta-feira. Com pouca água na cisterna e ainda sem o reforço de um caminhão-pipa, o Colégio Estadual Baltazar Bernardino, em Santa Rosa, está funcionando apenas para os alunos que têm provas. Assim que terminam as avaliações, são liberados.

Nos supermercados, a maioria das prateleiras foi reabastecida de garrafas de água de 1,5 litro, após ficarem vazias na noite de quinta-feira. Numa rede atacadista, no Centro da cidade, o comerciante Walax Correa, de 50 anos, encheu o carrinho com oito engradados.

— A procura por água aumentou muito, então acho que os mercados estão aproveitando para investir. Fui no Ceasa e as plataformas estão cheias de água, mas não tinha da marca que eu normalmente compro. As garrafas de 5 litros já acabaram — afirma Walax, que tem uma mercearia no Laranjal, em São Gonçalo. – Lá a saída está muito alta.

Uma moradora de Icaraí relatou que alguns mercados aumentaram o preço de venda. Ela teve que ir para o Centro para comprar mais barato.

— Está mais caro nos mercados da Zona Sul da cidade. Em algumas lojas só tinha a garrafa pequena. Não tem jeito, tive que vir aqui comprar. No meu prédio tem racionamento, a água está caindo bem mais fraca. Agora resta esperar e torcer para cair logo — conta a fisioterapeuta Cátia Adrien, ao lado da filha Beatriz.

A busca por caminhões-pipa também é grande em Niterói. No restaurante Da Carmine, a água da cisterna acabou na quinta-feira. Na manhã desta sexta, um caminhão-pipa de uma empresa de São João de Meriti abasteceu o estabelecimento com 20 mil litros. O custo foi de R$ 1.900. Na cidade, o caminhão também chamou atenção de outros moradores, que pararam para saber mais sobre o serviço. Pedro Luiz Salvador, de 33 anos, sócio da academia Távola, foi um deles.

— Acabou de acabar a água na academia. Eu consegui comprar água mineral para os alunos beberem, mas não tem para tomar banho, por exemplo. A gente deu uma segurada, mas estou na busca por um carro-pipa — disse Pedro.

A clínica veterinária Pet e Vet, na Rua Sete de Setembro, precisou interromper o atendimento de banho e tosa nesta sexta-feira, até que o abastecimento seja normalizado. Todos os agendamentos do final de semana, dias de maior demanda, foram desmarcados.

— A gente vai se adaptando. Temos água na cisterna, mas a prioridade é para os animais que estão internados. Há nove atualmente, entre cães e gatos. Fim de semana que costuma ser mais agitado, desmarcamos todos. O consumo de água é maior para banho e tosa. Se cair água até domingo eu consigo esperar, se não, eu vou precisar de caminhão-pipa — explicou Alexandre Guerreiro, veterinário responsável pela clínica.

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