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Por O Globo — Rio de Janeiro

Na manhã desta sexta-feira, a escritora e poetisa Roseana Murray, de 73 anos, foi atacada por três cachorros da raça pitbull enquanto fazia uma caminhada na rua em que mora em Saquarema, na Região dos Lagos, onde mora. Os animais, de acordo com as primeiras informações, saíram de uma casa na vizinhança e surpreenderam a vítima, que gritou por socorro. Vizinhos ajudaram num primeiro momento e até a chegada dos bombeiros. Os ataques realizados por cães da raça pitbull chamam a atenção pela brutalidade. Casos ocorridos nos últimos anos, tanto contra outros animais como contra pessoas, mostram uma similaridade: os cachorros estavam soltos e desacompanhados, dois descumprimentos básicos que deveriam ser seguidos de acordo com lei vigente.

Dada a gravidade de seu estado de saúde, Roseana foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para o Centro de Trauma do Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, com ajuda de um helicóptero da corporação. A vítima, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), teve graves ferimentos no rosto e nos braços. O caso foi registrado na 124ª DP (Saquarema), que investiga os crimes de maus-tratos a animais, lesão corporal culposa e omissão na cautela de animais.

Rafael Colin, veterinário comportamentalista canino, ouvido pelo GLOBO durante período em que foram registrados ataques no Rio, destacou pontos de atenção ao estar próximos a cachorros de raças mais temperamentais, caso dos pitbulls, e das responsabilidades dos tutores ao estarem em ambientes públicos. Veja:

  • Sinais quando há algum conflito na comunicação corporal: o animal demonstra, por linguagem corporal, estar apreensivo na situação em que se encontra. Pode-se notar a orelha para frente, o olhar tenso, o pelo do torso ouriçado, o rabo muito para cima. O cachorro também pode estar encarando parado a pessoa, ou outro animal, ou caminhar na sua direção.
  • Nada de movimentos bruscos: é preciso se movimentar de forma calma para não assustar o cão, o que poderia dar início ao ataque ao ativar o instinto de caça ou de defesa.
  • Mudança de rota: o ideal ao se deparar com um cão que possa presentar uma ameaça é fazer outro caminho, se afastando dele. Uma das formas de manter um maior distanciamento é usar um graveto ou outro objeto, que não deve ser empregado para bater no animal. O objeto vai funcionar como uma distração a atenção dele e direcionar uma eventual mordida, evitando que a vítima seja ferida em alguma parte do corpo.
  • Cuidados com crianças: se estiver acompanhado por uma criança na presença de um cão que possa oferecer risco, deve-se colocá-la no colo, de preferência na parte mais alta e com calma.
  • O que fazer durante um ataque: – Para separar uma briga intensa em que um cão não solta uma pessoa ou outro animal, uma medida de emergência pode ser o enforcamento do cão que está realizando o ataque. Sem ar, o cachorro abre a boca instintivamente. Mas é extremamente necessário ter muito cuidado e perícia nessa ação, porque não é para tirar a vida do cão, apenas para que ele solte o atacado. Soltou, separou, se afaste e se abrigue – explicou Rafael Colin.
  • Entendendo as diferentes raças: um cão pode se tornar mais agressivo pela forma como é criado. Cada raça apresenta uma carga genética responsável pelo jeito de cada cachorro, sendo algumas mais temperamentais do que outras. O ideal é que o futuro tutor, junto com um profissional, escolha a raça mais adequada para o ambiente em que vive e os cuidados e as responsabilidades exigidos.
  • Cachorro não deve andar solto: independente da raça, ao levar o cão para passeio em lugares públicos ou frequentados por outras pessoas, é preciso andar na guia. O ideal é que não sejam muito longas para que o animal possa ser mantido próximo à pessoa que o acompanha. Em caso de cães da raça pitbull, por lei, a guia deve ter no máximo 1,5 metro.
  • Animais devem sempre estar acompanhados: os cães não podem estar desacompanhados de seus tutores quando estiverem em local público ou em ambientes com outras pessoas. Os responsáveis podem responder por crime de omissão na cautela de animais.

Lei esquecida

A maioria dos casos envolvendo pitbulls acontece por descumprimento da lei estadual 4.597, que proíbe a circulação de cães ferozes sem guia e enforcador apropriado. A norma, apesar de estar em vigor desde 2005, não é fiscalizada pelos órgãos competentes. No ano passado, após uma série de casos envolvendo ataques, o deputado estadual Carlos Minc (PSB), autor da lei, falou que a falta de aplicação das punições previstas, como multa e apreensão do animal, assim como a inexistência de um canal de denúncias, prejudica a sua efetividade e aumenta o risco.

O texto também se aplica às raças fila, doberman e rottweiler. Esses animais, com os devidos acessórios de segurança, devem ser conduzidos por pessoas com mais de 18 anos quando estiverem em ruas, praças, jardins e outros locais públicos. Os proprietários ou condutores são “os responsáveis pelos danos que venham a ser causados pelo animal sob sua guarda, ficando sujeitos às sanções penais e legais existentes”.

Cuidados com a segurança:

Para que cães ferozes circulem em áreas públicas, é preciso observar normas previstas em lei e orientações de especialistas

Deve estar acompanhado

O pitbull só pode circular por locais públicos, como ruas, praças, jardins e parques, com guias com enforcador e focinheira — Foto: Editoria de Arte
O pitbull só pode circular por locais públicos, como ruas, praças, jardins e parques, com guias com enforcador e focinheira — Foto: Editoria de Arte

A lei estadual 4.597, de 16 de setembro de 2005, estabelece que cães das raças pitbull, fila, doberman e rotweiller só podem circular por locais públicos, como ruas, praças, jardins e parques, se conduzidos por pessoas com mais de 18 anos e através de guias com enforcador e focinheira apropriados.

Coleira cabresto e coleira

A coleira cabresto e a coleira ajudam no controle do animal na rua.  — Foto: Editoria de Arte
A coleira cabresto e a coleira ajudam no controle do animal na rua. — Foto: Editoria de Arte

Ambas ajudam no controle do animal na rua. O peitoral prende na frente e ajuda o tutor a ter um pouco mais de força em relação ao pitbull. Como os pitbulls são muito fortes, o especialista Alexandre Rossi recomenda também a coleira de cabresto para ajudar o tutor a ter um maior controle do animal.

Guia

O tamanho ideal da guia é de até 1,5m — Foto: Arte O Globo
O tamanho ideal da guia é de até 1,5m — Foto: Arte O Globo

Tamanho da guia: de até 1,5 metro; o ideal é que não seja muito longa, para que o cachorro não fique muito longe, e você tenha um maior controle.

Criar hábitos

Na hora de retirar a focinheira, é importante que isso seja feito pelo tutor e não pelo cão — Foto: Editoria de Arte O Globo
Na hora de retirar a focinheira, é importante que isso seja feito pelo tutor e não pelo cão — Foto: Editoria de Arte O Globo

Também é importante que, na hora de retirar a focinheira, isso seja feito pelo tutor e não pelo cão. Isso evita que ele se machuque e crie o hábito de usar essa técnica para pedir a retirada da focinheira.

Distância

É importante ter cuidado ao passar de bicicleta, correndo ou caminhando na direção de um cachorro com comportamento feroz — Foto: Editoria de Arte
É importante ter cuidado ao passar de bicicleta, correndo ou caminhando na direção de um cachorro com comportamento feroz — Foto: Editoria de Arte

Quanto mais perto do animal, maior a chance de ele alcançar você. É importante ter cuidado ao passar de bicicleta, correndo ou caminhando na direção de um cachorro com comportamento feroz. O ideal é manter mais de 1,5 metro de distância (além da distância da guia).

Afastamento

Se perceber um cachorro na rua demonstrando agressividade, o ideal é se afastar na diagonal.

Focinheira aberta

Mantenha a focinheira aberta: o cão precisa de ventilação na boca — Foto: Editoria de Arte
Mantenha a focinheira aberta: o cão precisa de ventilação na boca — Foto: Editoria de Arte

Mantenha a focinheira aberta: pode ser prejudicial à saúde do animal ficar com a boca totalmente fechada. Os cachorros precisam de uma ventilação na boca, porque eles perdem uma boa parte do calor por lá. É preciso ter atenção!

Fonte do infográfico: Veterinário Alexandre Rossi

Mais recente Próxima Saiba quem é Roseana Murray, escritora e poetisa de obras infantojuvenis que foi atacada por pitbulls no RJ

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