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Em toda parte, da porta de entrada ao salão, arcos de balões azuis e brancos mostram que a casa está em festa. No letreiro antigo, a idade do estabelecimento é atualizada a cada aniversário: desde ontem, lê-se “Café Lamas, 150 anos de tradição”. Fundado em 4 de abril de 1874, o restaurante mais antigo do Rio de Janeiro ainda em atividade teve um dia repleto de comemorações. Patrimônio carioca, conhecido ao longo de sua história como ponto de encontro de intelectuais, políticos, escritores e músicos, arriscou até uma inovação — abriu espaço para música ao vivo, algo jamais visto por lá.

Mudança de endereço

Pode-se dizer que a última mudança radical ocorrida no negócio foi de endereço. O Lamas nasceu em um sobrado no Largo do Machado, perto de onde hoje fica o Cine São Luiz, e, em 1976, já com 102 anos de serviços prestados, mudou-se, empurrado pelas obras do metrô, para a atual Rua Marquês de Abrantes 18. Cerca de 500 metros separam os dois endereços.

O boteco modesto, com sugestões que não iam muito além de café, “pãezinhos de vintém” e pratos feitos a preços em conta, foi batizado como Café Central por seu fundador, o português Manuel Thomé dos Santos Lamas. Com o tempo, o carisma do dono levou seu sobrenome a se confundir com o lugar, conhecido no boca a boca, à época, como “o café do seu Lamas”. O cardápio também cresceu — hoje gozam de boa fama o filé à milanesa com acompanhamento à francesa e a canja, entre outras sugestões que não saem de cena.

— Tradição é algo que deve ser cultivado, conquistado no dia a dia. Prezamos pelo atendimento de qualidade, pelo uso de produtos de primeira e mudanças pontuais. Uma vez tiramos os espelhos do salão para uma breve reforma, e os clientes mais antigos se revoltaram, disseram que estávamos acabando com o Lamas — recorda, entre risos, o dono do estabelecimento, Milton Brito.

Aberto 24 horas por muito tempo, o Lamas fez fama como um espaço para frequentadores de qualquer momento — de gerações da boemia carioca ao então presidente Getúlio Vargas, que batia ponto por lá para tomar chá com torradas antes de chegar ao Palácio do Catete.

— O meu avô frequentava o Lamas no tempo do Getúlio. Anos mais tarde, fui trabalhar em uma agência bancária no Largo do Machado e virei frequentador também. Já disputei de campeonatos de bilhar, na mesa concorrida do velho Lamas, a torneios de quem contava a melhor piada, e ganhei — garante Sérgio Telles, que há mais de 50 anos bate ponto no estabelecimento.

— Já vi de tudo por aqui. Parece que o Lamas é a extensão da casa de muita gente. Tem uns que chegam a dormir na mesa, e nós temos que acordar no final do expediente — comenta o veterano garçom José Melo, 41 anos de salão, sempre envergando a inconfundível combinação de paletó branco e gravata borboleta preta, outra tradição local.

Clientela ilustre

Em seus 150 anos de vida, o Lamas colecionou longa lista de fregueses ilustres, como o jurista Rui Barbosa, o escritor Machado de Assis, os presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, além de Vinicius de Moraes. Em um soneto, o poeta escreveu que “No Largo do Machado a pedida era o Lamas.”

* Estagiário sob a supervisão de Leila Youssef

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