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Por — Rio de Janeiro

Após a denúncia de uma universitária sul-americana de 25 anos ter sido vítima de um estupro coletivo dentro da boate Portal Club, na Lapa, no último domingo, um outro caso veio à tona envolvendo o estabelecimento. Na tarde desta quinta-feira, uma mulher de 34 anos procurou a Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), presidida pela deputada estadual Renata Souza, relatando que foi violentada no mesmo lugar.

O crime teria acontecido em 11 de novembro do ano passado, quando a vítima, que preferiu não se identificar, decidiu visitar o local pela primeira vez para assistir a um show de pagode, a convite de amigos. O caso foi registrado na mulher na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) no dia seguinte ao do abuso sexual. No entanto, segundo a vítima, até hoje nenhum retorno sobre as investigações do caso foi informado pela polícia. Procurada, a Polícia Civil informou que a investigação está em andamento.

A mulher diz que, no dia em que foi abusada, estava dançando com alguns conhecidos na pista de dança. E, assim como no dia do crime da universitária estrangeira, a festa era "open bar" — com bebida liberada. A vítima, que afirma ter sido violentada por dois homens no "dark room" da casa noturna, explicou que em nenhum momento foi avisada que no local tinha um quarto escuro.

— Eu fui assistir um grupo de pagode, que eu conhecia. E, neste dia, tinha um "open bar" e eu bebi normalmente. Lembro de ficar com o meu copo na mão, tirando a tampa dele apenas para pegar bebida. Quando eu fui ao banheiro, durante a madrugada, não me senti bem, fiquei tonta e apaguei. Não me lembro mais do que aconteceu depois disso. Eu acordei num quarto preto, com dois homens me tocando. Um homem na minha frente e outro do lado, sem calça. Gritei e pedi ajuda, mas o funcionário que entrou no quarto achou que eu estava bêbada e pediu para eu me vestir e sair dali. Eu não consegui olhar para aqueles homens. Senti vergonha e, ao mesmo tempo, tentava entender o que tinha acontecendo comigo — relembrou a vítima.

Vídeo mostra momento em que vítima de estupro coletivo sai de boate da Lapa

Vídeo mostra momento em que vítima de estupro coletivo sai de boate da Lapa

Em tradução literal, "dark room" significa quarto escuro. O espaço é um ambiente instalado em boates ou festas para pessoas que procuram um local discreto para praticar atividades sexuais. A mulher acredita que tenha sido dopada, já que durante a noite um homem a assediava a todo instante. Ela chegou a denunciá-lo aos seguranças do estabelecimento, mas, disse ter sido ignorada por não conseguir identificar o rapaz no ambiente:

— Quando eu fui urinar, saiu um líquido. Só que assim que saí, veio uma funcionária e perguntou: 'Você sabe onde você estava?". Não, não sei. "Você estava num 'dark room' (quarto escuro)". Mas eu nunca entraria no "dark room". Minha cabeça girava e eu sentia muita dor no corpo. Não conseguia entender, não conseguia explicar, muito menos pedir ajuda. Fui embora daquele lugar achando que a culpa era minha. Culpa por beber. Culpa por não ir embora, culpa por ter me colocado nessa situação. Mas hoje eu compreendo que os verdadeiros culpados são os caras que fizeram aquilo comigo.

'Me dá pânico'

A vítima contou que, por trauma, não consegue mais frequentar boates, tão pouco costuma sair para beber:

— Toda vez que vejo um local com luzes apagadas, me dá pânico.

Na época do crime, ela chegou a registrar a ocorrência e diz que o processo não foi fácil. A dor de reviver aquela noite sem saber o que aconteceu é sentida por ela até hoje:

— No IML, preparando para fazer um exame, que é um dos exames mais importantes que pode vir a ver quem foi, me perguntaram se eu estava sozinha. Era um homem e ele falou que não poderia fazer o exame, e me mandaram pra casa. Falaram para voltar no outro dia. Eu me senti violada, eu me senti mal em todas as etapas do que eu poderia fazer, até os culpados poderem ter sido reconhecidos. Fico pensando que os culpados estão soltos por aí. Se fizeram comigo uma vez e nada aconteceu, o que os impediria de fazer novamente? Quero justiça, sim, mas, também quero que os abusadores entendam que nossos corpos não são deles. E que se estou dançando ou bebendo, isso não dá o direito de ninguém abusar de mim.

Casa noturna quer responsáveis 'devidamente punidos'

Em nota divulgada nas redes sociais, a Portal Club disse que está comprometido com a investigação e que deseja que os responsáveis sejam "devidamente punidos". Veja na íntegra:

"Diante dos graves acontecimentos relatados, a casa deseja deixar claro publicamente que repudia veementemente e nunca irá apoiar qualquer forma de intolerância, opressão ou violência contra as mulheres.

Assim que tomamos conhecimento do incidente, a casa prontamente acolheu a vítima e se colocou à disposição das autoridades para que os fatos sejam imediatamente investigados e esclarecidos. Além disso, fornecemos as imagens e áudio do circuito de segurança aos responsáveis pela investigação, onde será provado todo o apoio que prestamos à vítima, juntamente com os dados dos clientes presentes no dia, que tenham colocado o nome na lista ou comprado ingresso antecipadamente".

Mais recente Próxima Boate na Lapa, onde turista denunciou estupro coletivo, é interditada preventivamente até o fim das investigações

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