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Por — Rio de Janeiro

Gabriel Caetano da Silva Pinto, de 20 anos, irmão das crianças baleadas em Seropédica, nesta segunda-feira, durante confronto entre milicianos diz que o momento é de pedir orações pela vida da menina de 3 anos. O estado dela é considerado grave. O tiro atingiu a região cervical, e o projétil ficou alojado na altura da vértebra C4. Um bebê de 1 ano, também irmão de Gabriel, foi ferido no joelho, e a mãe das crianças, madrasta do rapaz, deu entrada com os filhos no Hospital municipal Adão Pereira Nunes também baleada. O jovem pede justiça e diz que anda com medo todos os dias.

— A gente só quer justiça. Ela (a irmã) tomou três tiros e está com uma bala alojada na costela. A gente tem medo todos os dias. As autoridades não tomam providência, não dão segurança — criticou o rapaz, que voltou ao supermercado na Avenida Ministro Fernando Costa, em frente ao qual houve o tiroteio entre milicianos que também resultou na morte do estudante do curso de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Bernardo Paraiso, de 24 anos.

O jovem, que estava acompanhando da avó e de outros familiares, foi buscar as compras que a madrasta havia feito na véspera, mas não pôde levar para casa, por conta do episódio violento. O estabelecimento funcionou normalmente nesta terça-feira, além da maioria do comércio da via. Uma viatura da PM estava parada perto do estabelecimento. Funcionários evitavam dar entrevistas, mas, informalmente, confirmavam que viveram momentos de terror.

Apesar do aparente estado de normalidade, as marcas da violência do dia anterior ainda são bem visíveis. Na calçada de uma loja de sapatos que permaneceu fechada, havia uma grande quantidade de estilhaços de vidro. No muro, ao lado, pelo menos três buracos de bala. Também havia marcas de balas na parede de um restaurante e no poste em frente ao comércio, que abriu normalmente. Marcas de tiros também eram encontradas em automóveis estacionados no local.

Marcas de tiro podem ser vistas em diferentes lugares: carros, estabelecimentos, paredes e outros. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Marcas de tiro podem ser vistas em diferentes lugares: carros, estabelecimentos, paredes e outros. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

O quiosque que fica ao lado da pista da Rio-São Paulo está todo furado por tiros, assim como o freezer onde era guardado o açaí comercializado no local. O proprietário, que não quis se identificar, disse que não vai abrir hoje nem amanhã, por conta do prejuízo:

— Me sinto impotente. Ficamos reféns dessa situação (a violência) e vulneráveis, mas não vou sair daqui. É o meu ganha-pão.

Na cidade, nem todos tinham coragem de falar abertamente sobre o episódio. O clima era de medo. Moradores mais antigos lembram, com saudades, do tempo em que Seropédica era uma cidade pacata.

— Eu me sentava na Rio-São Paulo e esperava o boi passar, porque quase nem tinha carro — relembra o técnico de refrigeração, Eliezer Petini, de 57 anos, nascido na cidade. — Deixaram a milícia entrar, aí fica essa disputa. Morre um, assume outro e as autoridades não tomam providência. A sensação é de que a cidade já não pertence mais aos moradores. Antes todo mundo se conhecia, agora está cheia de gente estranha e carros passando exibindo armamento.

Conheça a região onde aconteceu a guerra — Foto: Editoria de Arte
Conheça a região onde aconteceu a guerra — Foto: Editoria de Arte

O funcionário aposentado da Rural, Dércio Mendes, de 64 anos, também diz que na sua infância e adolescência a cidade era outra. O clima de tranquilidade foi substituído pelo medo. Apesar disso, não pensa deixar o lugar onde nasceu:

— Aquela segurança que tínhamos já era. A violência chegou e tomou conta. Mas, não pretendo sair. Minha família e toda minha vida estão aqui. À noite eu evito sair de casa, se bem que agora as coisas já estão acontecendo no clarão do dia — disse, se referindo ao tiroteio desta segunda-feira, ocorrido por volta das 15h30.

Marcas de tiro podem ser vistas em diferentes lugares: carros, estabelecimentos, paredes e outros. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Marcas de tiro podem ser vistas em diferentes lugares: carros, estabelecimentos, paredes e outros. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Foi nesse horário que o vendedor de frutas numa banca da calçada perto do supermercado fez uma pausa para almoçar. De cabeça baixa e com a atenção voltada para o conteúdo da marmita, Vantuir Rodrigues, de 47 anos, não viu a chegada dos criminosos. Só percebeu quando uma bala atingiu a porta de aço de uma loja na frente da qual monta sua banca. O projétil passou a menos de meio da cabeça do homem, que só teve tempo de correr e se abrigar numa loja vizinha, de utilidades domésticas.

— A sensação agora é de medo. Isso aconteceu uma vez e pode se repetir. Não respeitam mais nem o centro da cidade com todo seu movimento — disse o homem que considera ter escapado por milagre.

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