Aos 24 anos de idade, Bernardo Paraiso, que foi morto durante um tiroteio em Seropédica nesta segunda-feira, estava prestes a terminar o curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal Rual do Rio de Janeiro (UFRRJ). A graduação seria no final deste ano. O sonho de se tornar um biólogo foi interrompido na ida ao Supermercado Seropédica junto com a amiga Thaynara Salvador, a colega de curso com quem dividia apartamento, para comprar um lanche da tarde.
O rapaz era de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, e filho do coordenador-geral do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Região Metropolitana II — que abrange os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim e Maricá —, Rogerio Paraiso.
Ele tinha entrado para a faculdade de Zootecnia antes de cursar Biologia. Mas a mudança de curso lhe pareceu uma oportunidade melhor. Bernardo já estava na reta final da faculdade, a graduação seria no final deste ano.
— O Bê sempre foi uma pessoa amável, de muito afeto. Ele sempre foi inteligente, estudioso, esperto, atencioso e educado com as pessoas — lembra Enzo Florentino, ex namorado de Bernardo.
Mesmo com o fim do namoro, em fevereiro de 2023, os dois continuaram sendo amigos. No Instagram, Enzo, estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não deixou de se despedir.
“Você sempre será muito importante para mim, fique em paz”, escreveu na postagem.
Apaixonado pelo gênero musical K-Pop, originado na Coreia do Sul, Bernardo gostava de dançar e compartilhar nas redes a sua preferência pelo estilo com variedade de elementos audiovisuais. No perfil do Instagram, o jovem aparece fazendo a coreografia da música “I can’t stop me” (na tradução literal, “eu não posso me impedir”) do grupo feminino Twice, sul-coreano. A filmagem foi feita pelo ex namorado.
— Outra coisa que ele amava fazer era tomar um açaí. Quando convivemos mais era uma das coisas que mais fazíamos juntos — afirma Enzo.
Fã de tatuagens e piercings, Bernardo também gostava de frequentar as festas universitárias do curso em que aparece em fotos com sua caneca e tirante em punhos. Nas redes, amigos do curso lamentaram a morte precoce do amigo. “A Biologia está de luto”, escreveu a colega Thalita Lima.
Em nota, a UFRRJ lamentou a morte do estudante: “É com imenso pesar que comunicamos o trágico falecimento do discente Bernardo. A Administração Central da UFRRJ se solidariza com toda a família e amigos neste momento de dor”. A assessoria da universidade informou que a família, que mora em Niterói, foi avisada através do contato da coordenação da universidade com um irmão de Bernardo.
Relembre o caso
Bernardo Paraiso foi morto na tarde da última segunda-feira durante um tiroteio no Centro de Seropédica, na Baixada Fluminense. Devido ao confronto armado, a universidade chegou a suspender as atividades acadêmicas do turno noturno. Segundo a Polícia Militar, agentes encontraram outro ferido no local e, com ele, apreenderam um fuzil e uma outra arma. Duas crianças, de um e três anos, também atingidas pelos disparos durante o confronto foram socorridas para o Hospital de Saracuruna. Atingidas em joelho e região cervical, respectivamente. A mãe Rosiane Claudino de Freitas, de 34 anos, também deu entrada com as vítimas, apresentando hematoma na coxa esquerda, mas sem qualquer restrição de movimento.
Segundo relatos, o estudante estava em frente a um supermercado pois tinha ido ao local para fazer compras. Ao começar os disparos, o rapaz foi atingido e morreu no local. Ele foi encontrado já sem vida pelos policiais do Segurança Presente que atenderam a ocorrência.
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