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Por — Rio de Janeiro

Um estudo do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ aponta mudanças no padrão de deslocamento pela Região Metropolitana do Rio no pós-pandemia. Dentre os diversos recortes, foi possível constatar a diminuição do uso do ônibus e um aumento no uso de automóveis particulares, com destaque para os carros de aplicativo. Num contexto em que a SuperVia admite situação de falência, conforme noticiado pelo blog de Ancelmo Gois; o Estado precisou fazer um acordo para que a CCR Barcas ficasse por mais tempo à frente do serviço; e o MetrôRio negocia a renovação do seu contrato e a concessão da Linha 4 em troca das obras da estação Gávea, um workshop realizado nesta quarta-feira discutiu a importância de uma autoridade metropolitana no Rio como uma das soluções para esse contexto — e também para incentivar que o usuário seja atraído para o transporte público.

Para Glaydston Mattos Ribeiro, professor da Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, um sistema de transporte integrado na Região Metropolitana do Rio ajudaria a encontrar “soluções boas para o todo”, o que não acontece atualmente. Essa seria uma maneira de estudar a realidade do passageiro e apresentar ao usuário uma melhor opção, seja ela qual for — só ônibus, integração entre modais ou outro meio de transporte — e até uma solução para atrair operadores para os sistemas.

— Quando se estuda o sistema como um todo e começa a se pensar na tarifa de maneira integrada (na Região Metropolitana), por exemplo, você acaba tendo visibilidade e atraindo a confiança do operador para esse processo. A tarifa tem que estar associada com a integração física, com um transporte integrando no outro, para que você tenha esse fluxo passante de maneira adequada para todo mundo — diz Glaydston, que mediou um debate entre autoridades.

No evento organizado pela Coppe e realizado no prédio da Associação Comercial do Rio, no Centro, estiveram à mesa Simone Costa, assessora-chefe do Fundo de Mobilidade Urbana Sustentável do Rio, representando o município; Renato Barandier, secretário municipal de Urbanismo e Mobilidade de Niterói; e José Roberto de Lima, diretor técnico-operacional do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Detro), representando o Estado.

Ao lado deles, trazendo a experiência do Espírito Santo, o secretário de Mobilidade e Infraestrutura capixaba, Fábio Damasceno, detalhando um exemplo de operação integrada metropolitana: no Espírito Santo, a Secretaria de Mobilidade é gestora de todo o sistema de transporte da Região Metropolitana de Vitória.

Worshop da Coppe/UFRJ debateu a necessidade da criação de uma autoridade metropolitana de transportes no Rio — Foto: Divulgação / Assessoria de Comunicação da Coppe UFRJ
Worshop da Coppe/UFRJ debateu a necessidade da criação de uma autoridade metropolitana de transportes no Rio — Foto: Divulgação / Assessoria de Comunicação da Coppe UFRJ

Na prática, se discutiu que não seria fácil implementar essa integração no Rio. Simone Costa, por exemplo, apontou ser a favor da integração, mas que há um "desequilíbrio muito grande" comparando a capital a outras cidades da Região Metropolitana.

— Esse acordo político e de capacitação técnica não é fácil. Niterói consegue se organizar tecnicamente para fazer essas discussões, mas não é a realidade de outros municípios da Baixada. Estamos falando de corpo técnico, servidores, gestão pública, sistemas: é muito desproporcional o que acontece na Região Metropolitana do Rio — disse a representante do município do Rio.

No momento, uma das soluções apontadas é a de se melhorar o que já temos implantado atualmente. Por isso, o Detro-RJ, através de seu representante, pontuou que será lançada até o segundo semestre deste ano a inédita licitação para os ônibus intermunicipais do estado, seguindo determinação do Ministério Público.

10 pontos para melhorar

A pesquisa da Coppe apontou que, quanto maior o nível de escolaridade e renda, maior foi a mudança no modo de deslocamento. Os motivos, entretanto, são o desemprego — fator que sobressaiu entre moradores de São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis e Mesquita — e a migração para um regime de trabalho híbrido ou remoto entre os cidadãos do Rio, de Niterói e de São Gonçalo.

Entre agosto e setembro de 2023, mais de 4300 pessoas foram entrevistadas. Além da redução — pequena, de 67,68% para 65,61% — entre aqueles que usam somente ônibus, se comparar os cenários pré e pós-pandemia, foi possível constatar um aumento entre aqueles que não usam ônibus de jeito nenhum, de 6,21% para 10,03%, o que aponta ainda para um aumento no uso do automóvel, especialmente o transporte por aplicativo.

Entre aqueles que só usam ônibus, foi questionado o motivo para optar pelo modal. Prevaleceu o menor custo, mas também que essa é, para aquela pessoa, a única maneira de deslocamento possível.

— Se essas pessoas ganharem um pouquinho mais (de renda), elas vão migrar para outro tipo de transporte, muito provavelmente o automóvel, o que é um perigo — apontou a pesquisadora Cintia Machado de Oliveira, que também é professora do Instituto Militar de Engenharia, apontando que os fatores repulsivos podem aumentar o trânsito.

Há ainda recortes questionando quem não anda de ônibus de jeito nenhum. Enquanto entre os niteroienses e gonçalenses o tempo — de espera no ponto de ônibus ou de viagem — são os principais fatores de repulsão, na capital a insegurança sobressai entre as respostas.

Além das entrevistas, o estudo ainda ouviu os operadores de transporte, para saber seus principais desafios, além de pesquisar artigos no mundo inteiro para buscar soluções para tornar o nosso sistema de transporte sustentável. Confira as 10 ações necessárias, segundo a Coppe:

  1. Todos os esforços devem ser para retomar a confiança do usuário
  2. É preciso reduzir tempo de viagem, maior frequência, menor custo, conforto e segurança pública
  3. Reduzir tarifa, através de subsídio, para impulsionar o uso do transporte público
  4. Investir em infraestrutura adequada para receber o usuário, como pontos de ônibus adequados, com abrigo para sol, chuva e seguros
  5. Pedágio urbano e restrição de estacionamento para gerenciar demanda de automóvel
  6. Infraestrutura dedicada ao transporte público, como faixa exclusivas, para aumentar a velocidade
  7. Usar tecnologia pra melhorar a comunicação com o usuário antes e durante a viagem
  8. Veículos não-poluentes, para tornar o sistema mais sustentável e eficiente
  9. Planejar linhas integradas de forma física e tarifária, evitando a sobreposição/concorrência
  10. Criar autoridade metropolitana para coordenar ações entre os municípios, em prol de toda a Região Metropolitana

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