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Por — Rio de Janeiro

Uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que resultou na prisão de 13 PMs por suspeita de crimes de organização criminosa, corrupção passiva e peculato, nesta terça-feira, revela como o bando usava os fins de semana para cumprir uma agenda de cobrança de propinas. Segundo a denúncia, os militares lotados no 39ªBPM (Belford Roxo) se dividiam em turnos, às sextas, aos sábados e aos domingos, para percorrer trechos do município patrulhados por eles ( setor Alfa) a fim de receber dinheiro de comércios como sorveterias, farmácias, bares, postos de gasolina, restaurantes, mercados, lojas de roupas e funerárias.

O dinheiro era entregue em troca de segurança. Mas, a cobrança feita pela quadrilha não se limitava apenas aos comerciantes, apelidados pelos militares de padrinhos. A investigação mostra ainda que a milícia (responsável por pagar R$ 100 para agir livremente), o transporte alternativo, mototaxistas e até um cadeirante, que seria viciado em drogas, faziam parte de uma lista semanal de pagadores. A listagem foi descoberta após a análise da extração do aparelho celular do PM Julio Cesar Ferreira dos Santos, que responde por duplo homicídio na 1ª Vara Criminal de Belford Roxo pelas mortes de Edson Arguinez Junior, de 20 anos, e Jordan Luiz Natividade, de 18, atingidos por disparos de fuzil. Os assassinatos ocorreram durante uma abordagem feita por dois PMs, em dezembro de 2020. Julio foi um dos 13 PMs presos, nesta terça-feira.  Segundo levantamento feito por promotores da 1ª Promotoria de Justiça junto às Varas Criminais de Belford Roxo, com apoio da Promotoria de Auditoria Criminal, todos os crimes praticados pelo bando, que inclui ainda a venda de drogas e armas apreendidas em comunidades, e o comércio de peças de carros roubados e recuperados, aconteceram entre 2019 e 2020. Além dos 13 PMs, um ex-PM também foi denunciado pelos mesmos delitos e teve a prisão decretada pelos respectivos crimes. Ele está foragido.

Armas e munição apreendidas durante a operação do MPRJ — Foto: Reprodução TV Globo
Armas e munição apreendidas durante a operação do MPRJ — Foto: Reprodução TV Globo

 Segundo denúncia do MPRJ, os 14 suspeitos integravam um grupo de WhatsApp denominado “setor Alfa 39º BPM”, por meio do qual eram trocadas mensagens em que os militares, sem qualquer pudor, falavam sobre esquemas de corrupção mantidos entre eles. Segundo o teor das conversas, os comerciantes, por exemplo, pagavam valores que variavam entre R$ 50 a R$200 por semana. Num dos casos, um diálogo ocorrido na data de 4 de setembro de 2020, retirado do grupo de mensagens a partir do telefone do PM Júlio Cesar, mostra que além do dinheiro semanal, um mercado teria prometido entregar cestas básicas a cada um dos policiais, no fim de cada mês. Um dos trechos da denúncia revela que, por conta do fluxo de pagamentos, um dos PMs chega a sugerir que seja criado um grupo de mensagens só com os "padrinhos" e com os nomes dos responsáveis por pagar as taxas impostas ao transporte alternativo e a mototaxistas. A ideia não prosperou e foi rechaçada pelo mesmo policial, ao lembrar que os valores diferentes de propina para cada comerciante poderia causar confusão. “Retira o que eu disse aí hein, retira o que eu disse. Grupo de padrinhos esquece, na minha opinião, esquece. Vai ter divergência, vai ter problema. Tem padrinho que dá X, tem padrinho que dá Y. Esquece aí o que eu falei hein”, escreveu o PM num trecho da mensagem resgatada pelo MPRJ.

Já nesta quarta-feira, a 1ª Promotoria de Justiça, junto às Varas Criminais de Belford Roxo, requereu a pronúncia dos réus Júlio Cesar Ferreira dos Santos e Jorge Luiz Custódio da Costa pelas mortes de Edson Arguinez Junior, de 20 anos, e Jordan Luiz Natividade, de 18.  Caso o juiz defira o pedido, o processo será encaminhado para julgamento perante o Tribunal do Júri. 

Mais recente Próxima Inteligência da PM monitorou atuação de políticos e advogado de Direitos Humanos na favela do Jacarezinho

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