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Por — Rio de Janeiro

A Zona Portuária poderá ganhar uma nova orla, com praças flutuantes temáticas — que dispensam a necessidade de aterro —, outro píer para atracação de cruzeiros e marina pública. O prefeito Eduardo Paes planeja criar o Parque Porto Maravilha e já apresentou o projeto inicial ao presidente Lula, ao ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e à diretoria da PortosRio (ex-Docas). O objetivo do município é consolidar a revitalização da região e a comunicação com o mar, devolvendo a frente marítima da Baía de Guanabara à cidade, num processo que começou com a derrubada do Elevado da Perimetral, há uma década.

Embora destacando o conceito atual de sustentabilidade — ambiental e econômica —, Paes compara a futura área com o Parque do Flamengo:

— A gente vai ganhar um espaço público-urbano de enorme qualidade. Só teve intervenção urbana no Rio comparável a essa quando foi construído o Parque do Flamengo. Eu diria que é o Parque do Flamengo do século XXI. E ele abre uma nova fronteira para a ocupação da cidade. A Região Portuária está a cada dia mais consolidada. Queremos que essa região seja a grande área de expansão imobiliária da cidade. É um sonho de 15 anos atrás, que está se consolidando e que nos permite ousar mais ainda, agora trazendo novos elementos de ocupação nessa região.

Projeto inicial do Parque Porto Maravilha — Foto: Editoria de Arte
Projeto inicial do Parque Porto Maravilha — Foto: Editoria de Arte

Em duas etapas

A proposta integral inclui o trecho da orla que se estende das imediações do Píer Mauá até a frente do Armazém 18. Mas é dividida em duas etapas. A primeira delas, do píer ao galpão 8 (altura do AquaRio), com pouco mais de um quilômetro, será discutida em conjunto por técnicos do município e da PortosRio, autoridade portuária do estado. A expectativa de Paes é que o projeto para este primeiro trecho esteja pronto para ser licitado no fim deste ano.

Paes lembra que foi o próprio presidente Lula que lançou a ideia de criar um novo Parque do Flamengo, durante um sobrevoo sobre o local, há algum tempo:

— Ele virou para mim e falou: “Por que não se pode mais fazer coisas maravilhosas como esse Parque do Flamengo?” Aí eu disse: “Pode deixar que, na sua próxima visita aqui, e vou lhe mostrar o Parque do Flamengo do século XXI”. É óbvio, vivemos um outro momento ambiental, não se pode mais aterrar, agredir a natureza. O Parque do Flamengo, por mais maravilhoso que seja, foi feito num outro momento de visão urbanística e ambiental.

O projeto inicial foi visto pelo presidente no início de abril, quando foi inaugurada a unidade de graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) no chamado Porto Maravalley, destinado ainda a abrigar novas empresas de tecnologia (startups). O prefeito conta que se inspirou no Parque do Flamengo para a intervenção urbanística , mas a concepção de estrutura ele buscou em Nova York. O Little Island, que flutua sobre o Rio Hudson, virou atração nos Estados Unidos.

O engenheiro Jorge Arraes, secretário municipal de Integração Governamental, explica que as praças suspensas são sustentadas por estacas. Sobre o conjunto de estacas é construída uma estrutura de madeira ou concreto, ou de uma mistura de materiais. As cinco praças previstas para a primeira etapa do Parque Porto Maravilha deverão ter ciclovias e espaços para piqueniques, hortas comunitárias, quadras poliesportivas e tratamento de água e resíduos.

Como é o projeto do Parque do Porto

Como é o projeto do Parque do Porto

Ainda não orçada e com previsão de execução de dois anos, a fase inicial do projeto prevê que o trecho seja desalfandegado, com o remanejamento do píer de cruzeiros e a liberação dos armazéns. A intenção é que os galpões sejam utilizados como espaços de arte e cultura; gastronomia e comércio; educação e capacitação; turismo e eventos. Nesta etapa também está contemplada a construção do novo píer de cruzeiros e da marina pública, bem como de um passeio para pedestres e ciclistas na frente dos armazéns.

— Estamos num processo de entendimento com a PortosRio e levando em consideração aspectos operacionais e funcionais do Porto. Por isso, apresentamos o projeto como um todo, mas resolvemos discutir a etapa que não tem interferência com a área de carga. Com o pessoal de cruzeiros, vamos conversar para que as obras não atrapalhem a temporada, como foi com a demolição da Perimetral. Enquanto a gente estava demolindo o elevado, recebemos duas temporadas de cruzeiros — diz Arraes, que teve uma reunião, na semana passada, com o presidente da PortosRio, Francisco Martins.

Para a segunda fase (entre os armazéns 10 e 18), estão projetados a implantação de seis parques flutuantes, área de embarque e desembarque de navios e o aproveitamento de duas ilhas federais: Pombeba — como espaço para eventos e restaurante — e Santa Bárbara — a ideia é fazer a recuperação ambiental e implantar um museu a céu aberto, numa espécie de Inhotim carioca.

Por e-mail, a PortosRio informa que as primeiras reuniões de trabalho entre técnicos da prefeitura e da autoridade portuária do estado para tratar do novo parque já foram agendadas. Acrescenta que está ampliando o Porto, para viabilizar o seu crescimento. E que o projeto do município “coincide conceitualmente na importância dada à interação porto-cidade, reduzindo os impactos negativos tanto sobre a paisagem e cotidiano da cidade quanto na operação do cais".

O presidente da PortosRio, Francisco Martins, vê com preocupação o projeto apresentado pela prefeitura e, em nota divulgada neste domingo, reitera que a empresa "está em contato direto com a prefeitura para o desenvolvimento sustentável do Porto do Rio de Janeiro". Afirma ainda que as avaliações da autoridade portuária do projeto "são baseadas em análises técnicas e na necessidade de assegurar que o crescimento do porto que gera mais de 20 mil empregos, movimenta mais de 17 bilhões de dólares em cargas e que recolhe mais de R$ 4 bilhões em impostos, ocorra de maneira harmoniosa com a cidade, sem comprometer sua operação e eficiência".

— Importante dizer que não estamos concordando, nem condenando o projeto, mas apenas chamando a atenção para o planejamento da expansão do porto que tem como premissa a harmônica convivência com a cidade — diz Martins.

O processo de liberação da frente marítima da Baía de Guanabara iniciou-se em novembro de 2013 com a derrubada da Perimetral e prosseguiu com a redescoberta da paisagem à beira-mar diante da área da Marinha, aberta ao público para a Olimpíada de 2016.

Os prédios comerciais — oito até agora — foram os primeiros a surgir no Porto Maravilha. Os lançamentos imobiliários residenciais começaram em 2021, e os primeiros novos habitantes da região vão chegar este ano. Dados da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) revelam que os 12 empreendimentos residenciais licenciados na área somam 9.129 unidades, o que representará, a médio prazo, 27 mil pessoas a mais vivendo no Porto e um aumento de 90% da sua população atual.

Incentivo, diz Ademi

Mesmo desconhecendo detalhes do novo parque, o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi RJ), Marcos Saceanu, está convicto de que, hoje, é fundamental para a região receber bem os primeiros moradores dos prédios que serão entregues:

— O dia a dia dos primeiros moradores da região, aproveitando tudo que a região tem de diferencial, será muito importante para o sucesso da ocupação do Porto. Nada melhor do que o depoimento de clientes e moradores satisfeitos para incentivar ainda mais as pessoas a morarem e investirem no Porto.

Presidente do Distrito Empresarial do Porto, Leonardo Ribeiro diz que o espaço será bem-vindo também para funcionários das empresas instaladas ali:

— Só de grandes empresas temos mais de 50 na região. É fundamental que seus funcionários tenham algo para utilizar no horário de almoço ou até após o expediente.

CEO e sócia fundadora da Elos Consultoria e Gestão Imobiliária, que monitora o Porto Maravilha, Evie Kempt destaca que, em 2020, a região não apresentava novas construções e, em 2023, tornou-se a área com o maior número de lançamentos na cidade, todos residenciais, representando 42% do total.

Quanto aos empreendimentos comerciais, levantamento da Elos mostra que, nas lajes corporativas de mais alto padrão (classe Corporate A+), a taxa de vacância medida no fim de abril era de 34% (dos 175.300 metros quadrados disponíveis, 116.800 estavam alugados) e abaixo da média da cidade (38%). Na categoria Corporate A, o estoque de 41.100 quadrados estava todo ocupado. E na Corporate B (menor padrão), havia vacância de 18,50% (97.200 dos 118.850 metros quadrados estavam ocupados).

— O Porto Maravilha está trazendo mais dinamismo para o mercado, alavancando uma variedade de atividades a médio e longo prazo. Na medida em que os projetos residenciais são entregues e o corporativo é absorvido na totalidade, se cria uma região integrada para segmentos diversos. Esse movimento atrairá compradores, muitos migrando de áreas distantes para ficarem mais próximos de seus locais de trabalho ou do sistema de transporte centralizado da região, demonstrando como mudanças na legislação e a cooperação público-privada são capazes de aquecer a atratividade da cidade — afirma Evie.

Vários parque estão sendo criados na cidade. No último domingo, foi inaugurado o Parque Rita Lee, na Barra da Tijuca. Com 77 mil metros quadrados, o Parque Realengo Susana Naspolini será o próximo a ser entregue e terá 3.700 novas árvores numa área equivalente a nove campos de futebol. Já o Parque Oeste, em Inhoaíba, terá 234 mil metros quadrados. O Parque Pavuna por sua vez terá fonte de água com uma torre de 22 metros. E o Parque Piedade ocupará a área do antigo campus da Universidade Gama Filho, abandonado após a falência da instituição em 2014.

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