A advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, está desaparecida desde o final de fevereiro. Mesmo após pagamento de resgate por parte do companheiro, Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos, ela não voltou para casa e mensagens, que supostamente teriam sido escritas por ela, foram enviadas para os filhos e o marido, justificando o desaparecimento. Além de os textos citarem que ela estava se relacionando com outra pessoa, há recados enigmáticos. João Vitor Ramos, advogado que defende a família, esclarece que "essas mensagens não foram enviadas pela Anic e o respectivo conteúdo não corresponde à realidade".
De acordo com o relatório da investigação, da Polícia Civil, essas mensagens foram enviadas aos filhos em 13 de março. Alegando estar "doente e infeliz", a advogada escreveu estar "longe", fora do país.
"Preciso deixar vocês viverem, há muito tempo sinto que estou sufocando vocês a ponto de vocês dois me colocarem pra fora da casa de vocês", dizia a mensagem, que cita ainda que o marido a castigaria sempre — acusando os filhos de terem aprendido com ele. "Seu pai acha que é o dono do mundo, o todo poderoso. Tenho que implorar dinheiro a ele, enquanto pros carros dele e pros outros filhos, ele gasta à vontade."
O texto termina com a afirmação de que ela teria conhecido uma pessoa que a amava "de verdade". Ela promete reaparecer daqui a 50 anos, quando Benjamim morrer, e aconselha que os filhos ouçam suas psicólogas, que ajudarão a explicar que o que fez "foi por amor". Sua filha, de 20 anos, parece desconfiar e diz que, se fosse para saber daquilo, que fosse pessoalmente. "Eu quero pelo menos ouvir isso da tua voz", rebateu a jovem.
Pedido para não destratar filho
Já para o marido, a mensagem é bem mais extensa. No texto, ela pede desculpas, mas diz que essa "foi a única forma de receber o dinheiro" que é seu "de direito", em referência ao resgate pago pela família. No texto, enviado do telefone de Anic, ela supostamente exclama que não viveria mais em "cárcere privado" e pede para que Benjamim não maltrate o filho.
"Eu confesso que eu tentei de tudo para resguardar o meu filho, pois sei que irá destratá-lo. Não faça isso, por favor. Ele é uma criança", diz trecho da mensagem, que ainda dá orientações: os funcionários deveriam ser informados que o casal havia se separado e, na casa da família, a mensagem enviada supostamente por Anic proibia o marido de "empuleirar" filhos e irmãos dentro do imóvel.
A análise feita em cima de registros de antenas telefônicas, no entanto, observa que o telefone de Anic fez conexão na antena da Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca às 16h07 de 11 de março. Esse é o "mesmo caminho e hora" que Lourival Correa Netto Fadiga — principal suspeito no desaparecimento — voltava para Teresópolis, encontrando com Benjamim no caminho, em Guapimirim.
Nessa data, Lourival, indicado pelo suposto sequestrador como o responsável por levar as quantias de 400 mil dólares e R$ 600 mil à comunidade do Terreirão, no Recreio, na Zona Oeste do Rio, enquanto o marido de Anic o aguardaria num shopping pelo retorno da mulher — a polícia apurou que Lourival foi, na verdade, a uma concessionária e arrematou um veículo de R$ 500 mil.
Às 17h07, o telefone de Anic fez conexão com uma antena localizada na Rua da Figueira, no Jardim Primavera, em Duque de Caxias, o que demonstrava, segundo a Polícia Civil, que o aparelho estava na Rodovia Washington Luiz em direção a Teresópolis. Naquela ocasião, Lourival encontrou com Benjamim num posto na estrada Rio-Magé e, por isso, a investigação aponta que, na verdade, "o telefone de Anic neste dia 11/03/2024 estivesse em posse de Lourival".
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