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Por — Rio de Janeiro

Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, contou em sua delegação premiada que blefou ao prometer ao comparsa Élcio de Queiroz cinco terrenos, próximos ao bairro Gardênia Azul, na Zona Oeste, a que chamou de Nova Canaã. Os lotes fariam parte do acordo de pagamento entre os dois pela participação de Élcio nos assassinatos. Mas Lessa não especificou a localização dos terrenos, nem a origem deles. A manobra foi para ludibriar o comparsa e evitar que Élcio descobrisse sobre o recebimento de dois lotes, como pagamento dos Brazão, pela execução da vereadora. O ex-pm não pretendia expor o lucro milionário que teria com os loteamentos, cerca de R$ 100 milhões na época.

Ronnie Lessa comenta sobre pagamento: 'Terei uma Nova Canaã'

Ronnie Lessa comenta sobre pagamento: 'Terei uma Nova Canaã'

"Nunca disse pra ele a magnitude da coisa, nem onde era. Eu não sei quantos eu vou ganhar ainda - disse pra ele. Então não posso te dizer se vou te dar cinco ou dez. Eu quero te dar dez terrenos. Mas talvez só possa te dar cinco. Eu não sei quanto vou receber ainda. A Nova Canaã".

Lessa conta ainda que chegou a questionar Élcio sobre o fato dele ter ouvido a mulher do comparsa falar sobre a 'Nova Canaã' em uma ocasião publicamente.

"Pô, Élcio. Tu falou pra tua mulher do terreno? Ai ele não cara deixo isso pra lá...Deixa pra lá o que rapaz... tá falando de que...viajou meu filho...E eu disse pra ele que era direcionado lá pro lado da Gardênia Azul, Rio das Pedras... para aquela área. Que na verdade é impenetrável porque já existe o pessoal do Rio das Pedras. Ninguém entra ali pra botar um terreno, pra fazer um prédio, pra fazer nada... se, autorização deles. Então eu disse para o Élcio que era pra lá. Não cara. Lá pro lado da Gardênia, Nova Canaã".

Na delação, Ronnie Lessa assume que aceitou fazer parte do plano de assassinar a vereadora Marielle Franco, proposto pelos irmãos Brazão, mandantes do crime, segundo ele. Em troca, ganharia dois loteamentos em Jacarepaguá, que renderia mais de 20 milhões de dólares em lucro, equivalente a R$ 100 milhões.

Lessa dá detalhes de encontros com os irmãos Brazão

Ronnie Lessa cita encontros com irmãos Brazão

Ronnie Lessa cita encontros com irmãos Brazão

No depoimento, Lessa cita ainda o ex-policial militar Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé. Segundo Lessa, em setembro de 2017, recebeu das mãos do ex-PM a arma e o carro, usados no crime, e o endereço da residência da parlamentar. Na delação, Lessa fala que foi procurado por Macalé para cometer o assassinato.

Lessa contou, na delação, que em uma ocasião. Macalé não tentou pôr o plano criminoso em ação porque estava trabalhando.

"O tempo foi passando, o tempo foi passando, o tempo foi passando, e nada e nada e algumas oportunidades que acabaram surgindo, se eu não me engano, foi no bar, no bar da Praça da Bandeira, um barzinho. Esse dia o Macalé recebeu uma ligação, só que ele estava trabalhando na segurança, ele fazia segurança de uma pessoa. Então, ele não pôde", disse.

No mesmo depoimento, Lessa disse à PF que, como pagamento para a morte da parlamentar, teria recebido dos irmãos Brazão a oferta de um loteamento clandestino, que também acabou não se concretizando.

Lessa diz que venda de terrenos pela milícia renderia 20 milhões de dólares

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Os advogados Marcio Palma e Roberto Brzezinski, que representam Domingos Brazão, negam a proximidade do parlamentar com o ex-policial militar.

“Quanto aos encontros narrados por Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, a defesa reitera não existirem elementos que sustentem a presença de Domingos Brazão em qualquer um deles, circunstância que reforça a ausência de credibilidade do relato prestado por um notório matador e traficante de armas em busca de benefícios legais.”, disseram, na nota.

Em nota, o advogado Cléber Lopes, que defende Chiquinho Brazão, informou que "jamais existiu relação de proximidade entre o deputado e Ronnie Lessa".

“Não há como afirmar, evidentemente, que ambos nunca estiveram no mesmo ambiente, sobretudo em razão da extensa carreira pública de Chiquinho no Rio de Janeiro. Aliás, é impossível fazer prova de fato negativo. Embora Ronnie Lessa afirme ter tido encontros com o Deputado e conhecê-lo de longa data, vale o registro de que o mesmo Ronnie Lessa, há pouquíssimo tempo, declarou em juízo, ao ser interrogado em razão dos fatos que vitimaram a Vereadora Marielle Franco, que nunca esteve com o Chiquinho e que não o conhece "nem de vista”, para ser fiel aos termos utilizados.”, disse, no comunicado.


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