Rio
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Por — Rio de Janeiro

Dias antes de ser encontrado morto no próprio apartamento, no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos, contou a amigos e parentes que "estava feliz com seu novo relacionamento". A pessoa a quem o empresário se referia era Júlia Andrade Cathermol Pimenta, principal suspeita de assassiná-lo e que é considerada foragida pela polícia — contra ela há um mandado de prisão em aberto por homicídio.  Segundo Bruno Luiz Ormond, primo da vítima, a mulher tentou fazer uma união estável com o empresário. Além disso, dias antes de cometer o crime, ainda de acordo com testemunhas, abriu uma conta conjunta com Luiz Marcelo no banco para ter acesso ao dinheiro dele.

Filho único, Luiz admitiu sentir solidão após a perda dos pais, no início do ano. De acordo com parentes e amigos que conheciam a rotina da vítima, a ex-companheira levou do apartamento em que o casal morava uma arma (de acordo com o primo, legalizada), joias, alguns itens de valor, como um relógio, uma televisão, dois notebooks, celures e o carro. 

— Ele era um homem bondoso e sozinho. Virou a vítima perfeita. A mãe do Luiz não gostava da Júlia. Quando viva, era contra o relacionamento deles. Assim que a mãe dele partiu, no início do ano, ela (Júlia) viu uma oportunidade de se reaproximar dele — afirmou o primo em entrevista ao GLOBO. 

Luiz Marcelo não era um homem de muitas posses. De acordo com familiares, ele era proprietário de dois imóveis: uma padaria na Ilha de Paquetá e um estacionamento no Méier. Ele também recebia pensão por invalidez. O primo revelou que a vítima levou um tiro durante um assalto há dez anos em uma lotérica e perdeu o movimento de um dos braços. Além disso, com a morte dos pais, herdou, além do apartamento no Engenho Novo.

Segundo as investigações, Júlia Andrade, teria se passado por Luiz Marcelo e tentado vender o carro dele por R$ 75 mil. 

— Ela fez isso por dinheiro. Por pouco dinheiro. Ele não era um homem rico. Ela estava tentando fazer união estável com Marcelo. Júlia dizia que queria ajudá-lo a fazer investimentos com o dinheiro dele. Por isso, decidiram abrir uma conta conjunta — completou o primo. 

Farmácia vendeu remédio sem receita

A Polícia Civil do Rio investiga se Luiz Marcelo Antônio Ormond foi envenenado por um medicamento à base de morfina. Segundo o delegado Marcos André da 25ª DP (Engenho Novo), Júlia Andrade Cathermol Pimenta — principal suspeita da morte e considerada foragida pela polícia — teria comprado uma cartela do analgésico e adicionado 50 comprimidos moídos em um brigadeirão que teria sido servido à vítima. Na próxima segunda-feira, o gerente da farmácia será ouvido pelos agentes para esclarecer se o remédio foi vendido sem receita médica — o que é proibido. Isso porque o fármaco consta na lista A1, que reúne substâncias entorpecentes monitoradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Nesta sexta-feira, equipes da polícia também fizeram diligências em busca de informações que levem ao paradeiro de Júlia. Parentes do empresário estiveram no apartamento de Luiz Marcelo. No local, era possível ver marcas de sangue no chão, mau cheiro e pertences revirados.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO
O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

Corpo enrolado em lençóis

Segundo testemunhas, o corpo do empresário foi encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, enrolado em lençóis e sentado no sofá da sala, próximo da janela. O ventilador de teto estava ligado e um segundo ventilador foi posicionado Júlia ao lado do corpo para inibir o mau cheiro. O odor chegou a atrair urubus para sacada da janela do apartamento, segundo relato da suspeita a Suyany Breschak à polícia. Suyany está presa acusada de ser cúmplice

No quarto do empresário, objetos foram jogados em cima da cama. O guarda-roupa estava revirado. A família disse ao GLOBO que pretende doar os móveis a uma igreja. No entanto, ainda não sabem o que pretendem fazer com o apartamento. Vizinhos, que preferem não se identificar, disseram que de sábado para domingo ouviram" barulho de alguém gemendo de dor":

Casa de empresário que teria morrido por comer brigadeirão envenenado

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— Pensei que fosse barulho do computador. Marcelo era tranquilo como vizinho. Ele gostava de brincar com os cachorros e os meus gatos. Senti um cheiro muito forte e pensei fosse um rato morto ou lixo acumulado na lixeira. Meu marido começou a sentir o cheiro no sábado. Tomei um susto quando os bombeiros chegaram e disseram que o cheiro era de um corpo em decomposição. A gente não via movimentação da Júlia. Meu marido a viu uma única vez. Eles eram pessoas reservadas. Ela não deixava Marcelo receber visitas. Não imaginava que um crime tão cruel havia acontecido ao lado da minha casa. Eu tenho um filho de 20 anos e fiquei pensando nele. O Marcelo estava feliz. Ele achava que estava vivendo um romance. Ele estava feliz — contou a vizinha de porta do empresário.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO
O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

Relembre caso

O corpo do empresário Luiz Marcelo Antonio Ormond foi encontrado no dia 20 de maio, em seu apartamento. Ele não era visto pelos vizinhos, que desconfiaram e chamaram socorro, desde o dia 17. O cadáver já estava em estágio avançado de decomposição, mas uma marca que indicava um possível golpe na cabeça fez os agentes investigarem como morte suspeita

Cartaz do Disque Denúncia: Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada — Foto: Reprodução
Cartaz do Disque Denúncia: Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada — Foto: Reprodução

Segundo a Polícia Civil, ao decorrer do inquérito “os agentes apuraram que a namorada de Luiz Marcelo esteve no apartamento enquanto ele já estava morto e agiu com ajuda de sua comparsa, que trabalharia como cigana”. A suposta comparsa confessou ter ajudado a dar fim aos pertences da vítima e revelou que boa parte de seus ganhos vinham dos pagamentos de uma dívida de Júlia.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO
O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

A namorada é considerada foragida da Justiça — contra ela há um mandado de prisão em aberto por homicídio qualificado. O caso segue sendo investigado pela 25ª DP (Engenho Novo).

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