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Por — Rio de Janeiro

A trama envolvendo a morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, assassinado em seu apartamento no Engenho Novo, ainda apresenta mistérios a serem desvendados pela polícia. Júlia Andrade Cathermol Pimenta, principal suspeita do assassinato, segundo as investigações não apenas arquitetou o crime como também seduziu e enganou a vítima pouco antes de tê-lo envenenado com 50 comprimidos de analgésico.  Suyany Breschak, que se apresenta como cigana e conselheira espiritual  apontada como cúmplice de Júlia no crime, contou à polícia que ela por "não suportar mais Luis Marcelo" confessou durante uma ligação ter feito dois brigadeirões: um com os comprimidos que deu à vítima e o outro, sem o remédio, comeu "para disfarçar".  A cigana está presa desde quarta-feira. 

Sayany disse ainda sua fonte de renda era composta basicamente pelos “pagamentos de Julia” por "consultas e trabalhos espirituais”, além de “rendimentos de suas redes sociais”. De acordo com Suyany, ao longo do tempo Julia teria acumulado uma dívida com ela na casa dos R$ 600 mil por trabalhos de “limpeza espiritual” e que esse valor vinha sendo pago em parcelas mensais de R$5 mil por meio de depósitos bancários há de cerca de cinco anos. Perguntada pelos policiais se sabia de onde vinha o dinheiro de Julia, ela afirmou que seria de “de programas sexuais, que realizava e da pensão que recebia do pai”.

A mulher disse ainda que suas redes sociais rendiam por volta de R$ 3mil por mês, dependendo do número de visualizações. Suyany declarou ainda ser proprietária de alguns imóveis e dois automóveis.

Apartamento revirado

O empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos, foi encontrado morto em seu próprio apartamento no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo
O empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos, foi encontrado morto em seu próprio apartamento no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

A família do empresário foi surpreendida ao ver o estado em que a ex-companheira Júlia Andrade, de 29 anos, deixou o local. Segundo a polícia, a mulher foi embora da residência em que o casal vivia um dia antes do corpo da vítima ser encontrado. A Justiça decretou a prisão dela pelo homicídio. O primo de Luiz, Bruno Ormond, contou ao GLOBO que Júlia deixou o apartamento levando joias, uma televisão, dois notebooks, celular, uma arma (legalizada) e dinheiro depositados por Luiz Marcelo em uma conta conjunta que a mulher o convenceu abrir. Além disso, a suspeita também tentou vender o carro da vítima por R$ 75 mil e, ainda de acordo com amigos e parentes, obrigou o empresário a fazer um depósito de R$2,6 mil para um suposto agiota.

— Ele era apaixonado por ela. Estava feliz com o relacionamento. Por isso fazia tudo que ela queria sem questionar — afirmou o primo.

Vizinho de Luiz disseram que Júlia, apesar de discreta, não gostava que o empresário recebesse amigos no apartamento. Desde que passou a morar com ele, há pouco mais de um mês, evitou tirar fotos ao lado da vítima ou ser vista com ele público. De acordo com os investigadores, a atitude de Júlia demonstra que ela já vinha planejando a morto do companheiro.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Ormond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela. O ventilador de teto da sala estava ligado e um segundo ventilador foi posicionado por Júlia ao lado do corpo para inibir o mau cheiro. O que segundo vizinhos não adiantou já que o odor atraiu urubus para a janela. No chão do apartamento ainda é possível ver marcas de sangue que, de acordo com o primo da vítima, a polícia acredita ser de uma hemorragia causada pela alta quantidade de morfina que Luiz Marcelo teria ingerido.

O empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos, foi encontrado morto em seu próprio apartamento no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo
O empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos, foi encontrado morto em seu próprio apartamento no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

No quarto do empresário, objetos foram jogados em cima da cama e ao guarda-roupa revirado. A família disse ao GLOBO que pretende doar os móveis a uma igreja. No entanto, ainda não sabem o que pretendem fazer com o apartamento. Os vizinhos do apartamento ao lado que preferem não se identificar disseram que de sábado para domingo ouviram" barulho de alguém gemendo de dor":

— Pensei que fosse barulho do computador. Marcelo era tranquilo como vizinho. Ele gostava de brincar com os cachorros e os meus gatos. Senti um cheiro muito forte e pensei fosse um rato morto ou lixo acumulado na lixeira. Meu marido começou a sentir o cheiro no sábado. Tomei um susto quando os bombeiros chegaram e disseram que o cheiro era de um corpo em decomposição. A gente não via movimentação da Júlia. Meu marido a viu uma única vez. Eles eram pessoas reservadas. Ela não deixava Marcelo receber visitas. Não imaginava que um crime tão cruel havia acontecido ao lado da minha casa. Eu tenho um filho de 20 anos e fiquei pensando nele. O Marcelo estava feliz. Ele achava que estava vivendo um romance. Ele estava feliz — contou o vizinho de porta.

Casa de empresário que teria morrido por comer brigadeirão envenenado

Casa de empresário que teria morrido por comer brigadeirão envenenado

Relembre caso

O corpo do empresário Luiz Marcelo Antonio Ormond foi encontrado no dia 20 de maio, em seu apartamento. Ele não era visto pelos vizinhos, que desconfiaram e chamaram socorro, desde o dia 17. O cadáver já estava em estágio avançado de decomposição, mas uma marca que indicava um possível golpe na cabeça fez os agentes investigarem como morte suspeita.

Cartaz do Disque Denúncia: Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada — Foto: Reprodução
Cartaz do Disque Denúncia: Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada — Foto: Reprodução

Segundo a Polícia Civil, ao decorrer do inquérito “os agentes apuraram que a namorada de Luiz Marcelo esteve no apartamento enquanto ele já estava morto e agiu com ajuda de sua comparsa, que trabalharia como cigana”. A suposta comparsa confessou ter ajudado a dar fim aos pertences da vítima e revelou que boa parte de seus ganhos vinham dos pagamentos de uma dívida de Júlia.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO
O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

A namorada é considerada foragida da Justiça — contra ela há um mandado de prisão em aberto por homicídio qualificado. O caso segue sendo investigado pela 25ª DP (Engenho Novo).

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