A concessão para revitalização do parque do canal Jardim de Alah, entre os bairros do Leblon e Ipanema, na Zona Sul do Rio, foi tema de uma audiência pública realizada pela Câmara Municipal ontem. Assinada em novembro de 2023 com o consórcio Rio+Verde, vencedor da licitação, a concessão prevê um investimento de cerca de R$ 110 milhões em melhorias no espaço e de uma economia de R$ 20 milhões por ano nas operações ao longo do contrato de 35 anos.
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![Projeção em 3D do projeto de revitalização do Parque Jardim de Alah — Foto: Divulgação/Rio + Verde](https://s2-oglobo.glbimg.com/wgMgIzOo3bpwCqbe20q6T_165pY=/0x0:1420x987/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/7/D/BAq2FgRA6h6QYFS3AZQA/vista-aerea-oposta-visada-da-lagoa.jpg)
Segundo o arquiteto responsável, Miguel Pinto, o projeto do novo Jardim de Allah se enquadra no conceito de projeto esponja, uma vez que possibilita a drenagem adequada das águas: 48% não serão escoados para a rede pública, mas serão absorvidas naturalmente para o solo.
— As métricas de sustentabilidade são excelentes. A área do parque aumenta em 30%, a área verde aumenta em 94%, a permeabilidade aumenta em 32%. Estamos tirando 9 mil metros quadrados de asfalto e colocando saibro. A gente entrega mais área verde, respeito ao tombamento, quadras, creches, com investimentos 100% da iniciativa privada — afirma o arquiteto.
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O vereador Átila Nunes (PSD) preside a Comissão Especial das Parcerias Público-Privadas (PPPs), que promoveu a audiência. Ele ressaltou a importância da reforma no parque.
— Todo instrumento público deve ser aprimorado. Não podemos achar que as soluções são fáceis e que basta apenas vontade política. Problemas complexos exigem soluções complexas — afirmou.
![Jardim de Alah, entre Ipanema e Leblon, será gerido pela Rio+Verde — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/Xm3yvUtHs6GhBAw9V8wWt561Dn0=/0x0:1631x1087/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/y/L/QKgRBqTCOsYmhqgSxF4g/106226681-ri-rio-de-janeiro-rj-13-03-2024-jardim-de-alah.-foto-hermes-de-paula-agencia-o-globo.jpg)
Novas áreas esportivas e de lazer serão criadas, assim como uma creche para atender mais de 5 mil moradores da Cruzada São Sebastião, um conjunto habitacional da região. As obras, no entanto, estão paralisadas por uma liminar da 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital que impediu o início das intervenções.
O secretário municipal de Coordenação Governamental, Jorge Arraes, afirmou que todos os trâmites do projeto estão sendo compartilhados com o Judiciário e que estão sendo consideradas as legislações ambiental e patrimonial do município.
— O consórcio foi escolhido justamente pela qualidade técnica adequada às normas da cidade. Depois da primeira etapa, demos a ordem para o início das operações de manutenção e segurança da região, seguindo todo o rito previsto na legislação. Agora iniciamos a fase de licenciamento do projeto tanto ambiental quanto de urbanístico e do patrimônio histórico — afirma Arraes.
![Jardim de Alah, que fica entre Ipanema e Leblon, será modernizado — Foto: Arte de O Globo sobre documento da Rio+ Verde concessionária](https://s2-oglobo.glbimg.com/36Xamgyq_1JsI4PnS7_Chyz658E=/0x0:1000x948/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/n/x/Xgzf3hQ8y16McKEt5KBQ/jardim-alah-3-.webp)
Como morador do Leblon e advogado representante dos moradores da Cruzada, Cleber Carvalho defendeu que o projeto pode tirar o Jardim de Alah de um estado de abandono e gerar renda para quem vive no entorno.
— Tenho 53 anos, eu sou nascido e criado no Leblon e nunca usei o parque porque ele sempre foi inseguro. E essa insegurança não é culpa da gestão atual ou anterior, é culpa de toda a história de abandono do parque. E eu duvido que haja qualquer emprego de verba pública que possa restaurar esse parque a ponto de fazê-lo servir ao povo. Todos queremos usar o parque. O que a Cruzada está pleiteando é que para ela haja prioridade, inclusive pela proximidade e pelo esquecimento até o momento – disse o advogado.
O urbanista social do Pavão-Pavãozinho, João Victor Barbosa Teodoro, comparou a realidade local com a da cidade de Medellín, na Colômbia, onde esteve recentemente.
— Conheci de perto espaços e equipamentos públicos marcados pela violência e pelo abandono que foram totalmente recuperados, graças a projetos de urbanismo social. Quando debatemos direito e acesso a locais públicos, estamos falando de integração social dos moradores da Cruzada São Sebastião. Acho que vai ser um lugar público, acolhedor e inclusivo — avalia.
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