A Comissão de Saúde da Câmara oficializou um pedido, nesta segunda-feira, ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para ser realizada uma vistoria nos equipamentos essenciais para o atendimento dos enfermos do Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte, onde um paciente morreu após pane elétrica no domingo. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a vítima seria um homem que "tinha acabado passar por uma reanimação cardiorrespiratória e estava sendo transferido de andar justamente pelo agravamento do quadro".
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Ainda de acordo com a SMS, a direção do hospital registrou o acidente, às 12h35, causado pela queda e pelo descarrilamento da porta do elevador com um paciente que estava acompanhado da equipe médica. Ele ficou preso no elevador foi de 16 minutos e morreu mais de 30 minutos depois de ser retirado do elevador, já na sala de trauma.
Na nota da secretaria, é informado que a direção do hospital vai abrir sindicância para averiguar o caso. "Um novo conjunto de elevadores está em processo de licitação. Enquanto isso, uma equipe de manutenção fica à disposição na unidade 24 horas para reparos necessários. Neste momento, dois elevadores estão em funcionamento e a equipe de manutenção da está no local".
Veja o vídeo do momento do acidente:
![Paciente morre após acidente em elevador no Hospital municipal Salgado Filho Paciente morre após acidente em elevador no Hospital municipal Salgado Filho](https://s04.video.glbimg.com/x240/12721855.jpg)
Paciente morre após acidente em elevador no Hospital municipal Salgado Filho
Paulo Pinheiro, presidente da Comissão de Saúde da Câmara, informou ao GLOBO que uma solicitação de vistoria e acompanhamento do caso foi enviada ao MPRJ para colher mais detalhes sobre o ocorrido e uma intervenção. Segundo ele, "os elevadores do hospital, que já é um prédio antigo, precisam de uma reforma há anos, o problema é recorrente".
— O elevador onde a morte do dia 30 ocorreu é bem antigo. Ele é usado para transporte de cadáver ou de pacientes em maca. Ainda não se sabe ao certo o que aconteceu com a vítima e é por isso que vamos atrás do Ministério Público. Dois funcionários da comissão estiveram no Salgado Filho nesta segunda para apurar os fatos e oficializar o pedido. A primeira coisa que buscamos saber junto ao MP é detalhes dos contratos das empresas que prestam serviço de manutenção e entender como estavam sendo realizadas. O segundo será entender a causa da morte para saber se era algo prévio ou uma crise de pânico — explicou.
A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro (SindEnfRJ), Mônica Armada, contou que esteve no hospital na semana passada e ouviu muitas queixas sobre a manutenção. Também descreveu como aconteceu o acidente e o processo de tentativa de reanimação do paciente. Ainda segundo ela, mãe e familiares da vítima estavam no elevador no momento do ocorrido, no entanto, a Secretaria Municipal de Saúde nega.
— Fui informada pela enfermagem Salgado Filho que esse paciente estava internado na enfermaria de neuro e teve uma parada cardiorrespiratória. Fizeram as manobras e ele saiu da parada e imediatamente levaram ele para a emergência, que é onde fica o médico e quando entrou no elevador esse paciente teve uma nova parada cardíaca. O elevador enguiçou, e tava a equipe de enfermagem com familiares e a mãe. Imediatamente começaram as manobras de ressuscitação do paciente, e até teve um tempo para a equipe de resgate retirar eles do paciente do elevador, mas infelizmente esse paciente veio óbito, as manobras continuaram do lado de fora do elevador — detalhou ao GLOBO.
Segundo a SMS, "um novo conjunto de elevadores está em processo de licitação. Enquanto isso, uma equipe de manutenção fica à disposição na unidade 24 horas para reparos necessários. Neste momento, dois elevadores estão em funcionamento e a equipe de manutenção já está no local".
Funcionamento e serviço
De acordo com a Lei nº 2.473, de 7 de janeiro de 1999, a inspeção e manutenção de elevadores, escadas rolantes e equipamentos similares em edifícios públicos e privados devem ser realizadas pelos proprietários, responsáveis ou administradores dos edifícios onde esses equipamentos estão instalados.
No caso do Hospital municipal Salgado Filho, a empresa contratada responsável pela manutenção dos elevadores é a Elevat Elevadores, conforme informou a Rioluz. Ainda segundo o órgão, sua função é de conceder o registro, habilitação e legalização, através da Gerência de Engenharia Mecânica (GEM), para que a empresa possa ser prestadora de serviço, sendo esta a única responsável por tudo que ocorre no elevador.
Em nota, a Rioluz informou que "não é responsável pela manutenção do aparelho. A responsabilidade técnica, civil ou criminal de tudo que ocorre no elevador é da empresa conservadora, conforme Lei 2743. Para obter o registro dos aparelhos de transporte, ar condicionados e exaustores, a empresa precisa preencher diversos requisitos legais que são solicitados e conferidos pela Rioluz antes de ser habilitada a operar na cidade do Rio de Janeiro.
O GLOBO entrou em contato com a Elevat Elevadores, mas não recebeu uma resposta até o momento. O espaço permanece em aberto.
Confira a nota da SMS na íntegra:
"A direção do Hospital Municipal Salgado Filho registrou um grave acidente neste domingo (30), às 12h35, devido à queda e descarrilamento da porta do elevador com um paciente que estava acompanhado com a equipe médica.
Toda a equipe clínica do hospital e de manutenção estava no local e o tempo de permanência no elevador foi de 16 minutos.
O paciente em questão tinha doença crônica preexistente. Ele tinha acabado de passar por uma reanimação cardiorrespiratória e estava sendo transferido de andar justamente pelo agravamento do quadro.
A direção do hospital vai abrir sindicância para averiguar o caso no detalhe.
Um novo conjunto de elevadores está em processo de licitação. Enquanto isso, uma equipe de manutenção fica à disposição na unidade 24 horas para reparos necessários. Neste momento, dois elevadores estão em funcionamento e a equipe de manutenção já está no local.
A licitação já foi finalizada e a empresa vencedora tem prazo de três dias para iniciar os trabalhos".
A reportagem procurou o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ), que informou ter "tomado conhecimento do caso pela imprensa, vai apurar os fatos". Além disso, foram demandados o Sindicato dos Médicos do Rio Janeiro (SINMED/RJ) e o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), que não responderam até o momento da publicação. O espaço segue em aberto.
* Estagiário sob orientação de Luiz Ernesto Magalhães
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