Inspeções por amostragem realizadas por técnicos do Tribunal de Contas do Município (TCM) em 30 viadutos, pontes e passarelas da Barra identificaram problemas na manutenção, como infiltrações e corrosão, em 23 deles, ou 77% do total. Em seis, há risco de desprendimento de pedaços dos revestimentos de concreto e do guarda-corpo. Segundo o relatório, uma possível explicação para as falhas é que a prefeitura não cumpre o que preconiza resolução da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre manutenção dessas obras.
![Passarelas e pontes com falta de manutênção na Barra. Passarelas na Ayrton Senna — Foto: Domingos Peixoto / Agência Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/VJakwnsv3kznrhRfwz01R32Q2MM=/0x0:1296x864/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/o/u/xn2r3WQMqa3dYekA29PQ/107288975-ri-rio-de-janeiro-rj-13-06-2024-passarelas-e-pontes-com-falta-de-manutencao-na-barra..jpg)
A resolução orienta que estruturas como viadutos, passarelas e túneis, chamadas obras de arte especiais, devem passar por uma vistoria rigorosa a cada cinco anos. Mas, segundo informações repassadas pela Secretaria municipal de Infraestrutura, de 188 obras de arte existentes em toda a região conhecida como AP-4 (Barra, Recreio e Jacarepaguá),72 (38%) não foram inspecionadas há pelo menos dez anos.
Entre as que estão em pior estado se encontram cinco passarelas da Avenida Ayrton Senna que dão acesso ao BRT Transcarioca, a hospitais e hipermercados. Elas ficam na altura da subprefeitura, do shopping Via Parque, do Aeroporto de Jacarepaguá, da Vila do Pan e do condomínio Alfa Barra. Esta última tem uso intenso por pessoas que chegam por transporte público à praia.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Sidney Menezes, observa que a falta de manutenção preventiva faz com que os gestores acabem tendo que gastar mais porque, em lugar de resolver problemas pontuais, muitas vezes precisam fazer a recuperação estrutural:
— Culturalmente, os gestores públicos, com exceções, consideram conservação a última prioridade. Isso vale não só para as passarelas, como para a manutenção de calçadas e redes de águas pluviais. No caso dos viadutos e passarelas, sabem que esse também é um risco controlado, porque dificilmente haverá colapso.
![Passarelas e pontes com falta de manutenção na Barra. Passarelas do terminal Alvorada — Foto: Domingos Peixoto / Agência Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/-ytM04cyzSdvDHDY8x2PpSL1qoM=/0x0:1296x864/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/G/w/IAfB7QTGOSiy5Fl6i95Q/107288120-ri-rio-de-janeiro-rj-13-06-2024-passarelas-e-pontes-com-falta-de-manutencao-na-barra..jpg)
Em nota, a Secretaria municipal de Infraestrutura diz que servidores da pasta vão inspecionar todas as estruturas onde o TCM identificou problemas. Da listagem das que estão em pior estado, a prefeitura informou já ter recuperado uma delas, usada para acesso ao Terminal Alvorada.
Segundo a secretaria, a prefeitura investiu R$ 40 milhões nos últimos quatro anos na recuperação de obras de arte especiais na cidade. Somente na AP-4, foram gastos R$ 20,5 milhões. Além da recuperação da passarela do terminal, foram realizadas intervenções em outros pontos que não constam do relatório do TCM, como a recuperação estrutural das pontes nova e velha da Barra e do guarda-corpo da ciclovia Tim Maia. “Esse trabalho ocorre de maneira continuada, com vistorias rotineiras feitas por técnicos na parte estrutural e intervenções pontuais por meio dos contratos de manutenção”, diz a secretaria.
Os técnicos apontaram uma série de causas para a degradação, além da falta de manutenção rotineira. Como a existência de falhas no revestimento em concreto dos viadutos e pontes, deixando expostas as estruturas metálicas, o que acelera a corrosão de ferro e aço. Há também um desgaste prematuro provocado pela ação das chamas de fogueiras feitas por moradores de rua.
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