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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 01/07/2024 - 11:00

Desafios da ocupação urbana no Leblon: enfrentando a ressaca e o avanço do mar.

A ressaca no Leblon evidencia a disputa de território entre o avanço do mar e a ocupação humana. O aumento da força das ondas, influenciado pelas mudanças climáticas, coloca em xeque a proximidade das construções com a praia. Especialistas alertam para a necessidade de planos de ocupação e convívio com os fenômenos naturais cada vez mais intensos. Medidas como a renaturalização das praias são essenciais para mitigar os impactos.

O dia na Praia do Leblon nesta segunda-feira amanheceu sem atletas, surfistas ou visitantes. Quem ditou o ritmo já agitado ainda na madrugada foram as equipes da Comlurb, com pesados equipamentos e vassouras e pás, para tirar das pistas da Avenida Delfim Moreira, da ciclovia e do calçadão toda a areia que o mar agitado empurrou em direção aos prédios. A cena não é incomum — e pode até se tornar mais recorrente. A ressaca não é fenômeno novo, mas pode voltar mais vezes e com mais potência.

São vários os fatores que contribuem para cenários como o visto nas madrugadas de domingo e desta segunda-feira. As ondas que podem variar de 2,5 metros a 3 metros, por isso o aviso de ressaca emitido pela Marinha do Brasil, válido até a meia-noite de terça-feira. A Praia do Leblon ter sido, mais uma vez, tomada pelo mar, como foi registrado por câmeras, é um conjunto de diversos fatores. A receita inclui fenômenos naturais e tem como potencializador as ações humanas.

— Apesar da Praia do Leblon ser relativamente larga, essa largura não é suficiente para criar atrito ou resistência contra o galgamento das ondas porque estão chegando a 3 metros de altura, então tem uma parede maior e joga uma massa de água muito grande. Essa massa galga, corre pela praia, e se não tiver largura o suficiente para criar atrito, ela vai chegar (nas pistas). Além disso, nós temos a questão do relevo, é uma declividade relativamente suave. Então, faz com que ela tenha mais condições de avançar continente adentro. Esses dois componentes estão dizendo: não suporto a intensidade das ondas que estão chegando. Além disso, temos a elevação do nível do mar — explica David Zee, oceanógrafo e professor da Faculdade de Oceanografia da Uerj.

Água do mar invade as pistas da Avenida Delfim Moreira, no Leblon, e derruba cliclista

Água do mar invade as pistas da Avenida Delfim Moreira, no Leblon, e derruba cliclista

O especialista destaca que ações naturais, inclusive as que sempre aconteceram, têm ganho uma dimensão ainda maior por conta de mudanças climáticas, em que o homem também tem sua parcela de contribuição. O mundo está mais quente: com 1,45°C acima dos níveis pré-industriais, segundo um conjunto de dados reunidos e analisados pela Organização das Nações Unidas (ONU), e 2023 com o título de ano mais quente já registrado, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

— Quando entra a frente fria, temos a maré astronômica, relacionada com a atração da lua e do sol. Então é constante, a cada 12 horas tem uma alta e uma mínima. Quando temos esse evento numa época de sizígia, quando o sol e a lua estão alinhados, temos a amplitude maior dessas marés, e isso eleva o nível do mar. E o que acontece a gente dá acessibilidade à onda onde ela não atingiria antes. Ao invés de quebrar longe, começa a quebra no muro. E tem a maré meteorológica, quando entra a frente fria, tem os ventos soprando. E temos que somar também a elevação do nível do mar, em que a onda, ao invés de quebrar longe, começa a quebrar em cima do calçadão, e então joga mais areia ainda — explica David Zee, que completa, apontando uma das ações já em prática no país para mitigar o problema:

— A gente não tem volume de areia o suficiente para fazer resistência, que é feito com a quantidade de areia na praia. E o homem, o que faz? Quer estar debruçado na água e diminui a quantidade de areia disponível para o mar para contrabalancear a força do mar. Por isso que muitas praias do Brasil estão fazendo a renaturalização das praias, repondo a areia na frente da praia, porque não vai tirar os prédios, então, tem que chegar a praia para frente.

A ocupação da cidade tão próximo ao mar tem seu preço e seus desafios.

— Isso é uma disputa de território. O homem quer morar cada vez mais perto na água do mar, e, com essas mudanças climáticas, a maior energização do planeta, mais calor, provocam uma força do mar mais forte. Então, ao mesmo tempo que a força humana avança para dentro da praia, a força do mar avança também pra praia, então começa ter interferências — resume o especialista.

Para David Zee, assim como a prefeitura anunciou um novo protocolo relacionado ao calor intenso, após os últimos meses de altas temperaturas acima da média, é o momento do município também pensar e implementar planos quanto à ocupação próxima ao mar e em como criar um bom convívio com fenômenos naturais que são cada vez mais esperados e potencializados.

— O Rio de Janeiro é um retrato não só para outros municípios do estado como no Brasil inteiro, então temos que, efetivamente, tomar providências. Não só constatar. É o famoso "e daí"? A partir daí o que vamos fazer? Vamos ficar olhando só?

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